Dia 7

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O último adeus (por laertecjr)

Sarah continuava sentada na sala de estar da velha casa, ainda segurava a chave da casa nas mãos enquanto seu olhar vazio viajava pelas paredes. Havia crescido ali, conhecia tudo, mas naquele instante era tudo extremamente estranho e vazio.

Não havia nenhum barulho, nenhum cheiro, apenas o vazio. Não sabia precisar quanto tempo havia ficado ali parada, mas era hora de levantar. Suspirou e finalmente tomou coragem se levantando da velha poltrona.

Caminhou até a estante de livros do lado direito da sala e pegou um envelope branco que ali estava. Abriu e retirou de dentro uma folha branca dobrada. Ao desdobrá-la pode ler um bilhete:

"Sarah,

Se você está lendo isso é porque eu não estou mais com você, sinto muito minha filha, mas nós duas sabíamos que um dia isso aconteceria.

Sei que não nos falamos muito nos últimos anos, mas quero que saiba que me orgulho demais da mulher incrível que você se tornou, infelizmente eu fui burra o bastante para nunca te dizer isso pessoalmente, mas não deixe que isso diminua o que somos uma para a outra.

Não te deixei muitas coisas, mas a casa é sua, só te peço que não se desfaça dos meus tesouros, são o meu legado para você e por que não para o mundo.

Viva bem e não seja uma tola como sua velha mãe foi.

Te amo.
Mamãe"

Lágrimas caiam do rosto de Sarah enquanto ela lia e relia o bilhete deixado por sua mãe, deixado gentilmente pelo advogado naquele local. No lugar onde estava o envelope havia também uma chave, olhou meio sem entender e a pegou. Subiu as escadas e abriu a primeira porta a direita, era o quarto de sua mãe, com sua velha cama, sua cadeira de balanço e a pequena TV. Chorou ainda mais ao lembrar o quão sozinha sua mãe vivera ali nos últimos anos em que não se falaram. Fechou a porta e continuou pelo corredor, passou pelo banheiro e olhou os outros quartos, estavam vazios. Desceu novamente e foi até o antigo escritório de seu pai, um lugar proibido da casa desde que seu pai havia morrido há mais de 20 anos. Tentou abrir a porta, mas estava trancada, inseriu a chave e girou destrancando-a, respirou fundo e entrou.

O escritório estava completamente escuro, não se via nada, apertou o interruptor na parede, mas a luz não acendeu, então pegou o celular e ligou a lanterna iluminando o local. Fazia muito tempo que não entrava ali, pegou o celular do bolso e ligou a lanterna, fazendo uma varredura no lugar. Do lado oposto havia um divã antigo uma pequena mesa redonda com alguns candelabros e na parede quadros, muitos quadros. Não se lembrava daqueles quadros, foi andando devagar iluminando o lugar até que a luz apagou, estava sem bateria.

- Merda! – Reclamou.

Pegou no bolso da calça seu isqueiro e acendeu permitindo que chegasse até os candelabros acendendo as 6 velas. Riu, pois em um balde havia uma garrafa de Champagne vazia.

- Ah Mamãe, o que você estava aprontando aqui hein?

Pegou uma das velas do castiçal e começou a olhar os quadros da parede. Eram pinturas a óleo, uma mais linda e mais detalhada que a outra. Diversas pessoas estavam retratadas ali, algumas famosas, outras não. Achou um Thomas Jefferson, um Einstein e uma Joana D'arc. Aproximou a vela das pinturas e pôde ler uma assinatura com a grafia inconfundível, Joana Macedo. Lágrimas voltaram a cair de seus olhos ao se dar conta do talento escondido de sua mãe.

Continuou olhando os quadros até chegar em um no canto da parede, nele havia um homem grande e robusto com uma barba bem-feita, a seu lado uma jovem mulher com longos cabelos pretos e lindos olhos azuis, e a frente dela uma menina sardenta de cabelos castanhos e grandes olhos verdes, sua mãe havia pintado ela e seus pais, e estava lindo.

Antologia 1 - JunhoOnde histórias criam vida. Descubra agora