O medo é uma mentira (por laertecjr)
Carlos desceu correndo a escada ao lado do viaduto e virou a esquerda na passagem subterrânea que por incrível que pareça era bem iluminada. Em outros momentos notaria isso, ou mesmo a frase escrita na parede que AINDA não estava pixada.
Encostou as costas na parede e apoiou as mãos nos joelhos enquanto tentava recuperar o fôlego. Tentava respirar com calma e o mais silenciosamente possível, afinal, não podia chamar atenção. Ouvia apenas o barulho dos carros passando no viaduto acima.
Continuou lá parado por alguns minutos, e quando a respiração voltou ao normal resolveu sair de lá.
Andou bem devagar para dentro da passagem fazendo mentalmente o caminho que deveria seguir, passaria pelo parque, cruzaria a avenida e de lá, correria até a polícia.
Chegou do outro lado do túnel com as costas encostadas na parede e se aproximou da esquina, então saiu correndo.
Não deu nem cinco passos e sentiu uma pancada em seu pescoço caindo no chão sem ar. Apoiou os braços no chão e começou a se arrastar de costas quando ouviu uma voz feminina:
- Sabe, as lendas dizem que nós somos ótimos rastreadores, mas nunca explicam por que...
Andando calmamente em direção a Carlos que ainda se arrastava, uma mulher de mais ou menos 1,60m com longos cabelos pretos soltos, usando uma jaqueta de couro, calça jeans e uma bota preta de couro. Um visual que chamaria atenção em qualquer bar ou balada.
- Na verdade eu não entendo nada de rastrear, mas eu sinto seu cheiro, quer dizer, não o seu cheiro, isso seria meio nojento, sinto o cheiro do seu medo...todo ser vivo tem um cheiro quando sente medo, mas nenhum é tão bom quanto o do ser humano.
Carlos se virou, levantou rapidamente e saiu correndo em disparada, mas logo foi puxado pela gola da jaqueta e jogado contra a parede. Bateu forte com as costas e a cabeça ficando um pouco tonto. A mulher colocou o antebraço no pescoço de Calor e chegou bem perto do seu ouvido.
- Não seja mal educado, estamos tendo uma conversa tão gostosa. Não era isso que você queria? Me levar pra algum lugar e me foder?
- Desculpa...Aline - a voz quase não saia - Eu...não...queria...
Aline deu uma risada alta que ecoou pela passagem tornando tudo ainda mais assustador.
- Olha só, lembrou até meu nome...não sou mais a vagabunda que você ia estuprar? Eu ouvi você falando pros seus amigos babacas. Eles serão os próximos!
- Por favor...me...deixa...ir.
- Não! Você já era.
Dizendo isso Aline cravou seus dentes no pescoço de Carlos sugando parte do seu sangue, como sempre fazia quando se alimentava, mas não sugou tudo. Assim que se satisfez, soltou Carlos que foi ao chão colocando a mão no pescoço enquanto o sangue escorria entre seus dedos.
Aline ficou ali em pé observando enquanto ele estrebuchava no chão, então, colocou a mão por dentro de sua bota e puxou uma faca daquelas automáticas, apertou o botão e a lâmina de 15 centímetros se projetou para fora. Se abaixou e puxou a mão dele do pescoço fazendo o sangue jorrar ainda mais. Então, enfiou a lâmina no corte e puxou para o lado, abrindo um corte de fora a fora no pescoço do cara que morria em suas mãos.
Limpou a faca na jaqueta dele e saiu andando para dentro do túnel, olhou para a parede e leu "Fear is a lie", deu risada da ironia e sumiu na noite.
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Antologia 1 - Junho
CasualeEsse não é um projeto de divulgação de livros, é um projeto de exercícios de criatividade que reúne os melhores textos de cada desafio de escrita. Cada dia apresenta uma imagem ou frase sobre o qual os autores devem produzir no mínimo 100 palavras...