Capítulo 9 - Negócios

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Jade narrando:

- Boa tarde, senhor Pinnock. - Falei mantendo minha voz o mais firme e segura possível, mesmo estando completamente tensa e nervosa por dentro agora.

Ele entrou fechando a porta atrás de si, e virou na minha direção, em seguida. Calado e com sua expressão bem séria como de costume, ele parecia estar me analisando e esperando que eu falasse logo o que eu queria falar, então limpei um pouco a garganta e tomei fôlego pra fazer as palavras finalmente saírem de minha boca:

- Eu...

- Corrompeu a minha filha, destruiu a minha família e agora quer acabar com a minha empresa também. - Ele continuou a minha frase assim que eu mal comecei a falar. Engoli em seco, ainda impactada com aquelas coisas que ele havia acabado de me dizer e ele apenas agiu naturalmente, caminhando até o canto sala e começando a se servir com café, enquanto voltava a falar comigo: - Sabe, senhora Thirwall, coincidentemente eu também já fui contador em uma empresa há muitos e muitos anos atrás. - Ele fez uma pausa e deu uma bebida rápida em seu café, depois caminhou lentamente até mim, continuando a falar: - Sei que a senhora entende bem sobre o mercado de valores, ações em alta e em queda, enfim, a senhora compreende que um mínimo de erro, um pequeno detalhe, por mais insignificante que seja, pode levar uma empresa igual a minha a falência da noite pro dia, não é?

Ele parou bem na minha frente ao terminar de falar. Senti minhas pernas estremecerem diante daquela aproximação dele mas me mantive no mesmo lugar, não recuei. Agora eu precisava ser forte, enfrentar aquele homem, não só por mim, mas pela minha mulher também, que tanto já sofreu nas mãos dele.

- Eu vim aqui, senhor Pinnock, - Retomei a minha frase do início, ao qual ele havia grosseiramente interrompido, e falei olhando nos olhos dele agora - pedir desculpas ao senhor e a sua esposa também, que é a vice-presidente dessa empresa, mas preferi pedir pra falar diretamente com o senhor porque acredito que os últimos acontecimentos tenham afetado muito mais ao senhor, que é o grande criador e responsável oficial da 'Pinnock Enterprises'.

Ele começou a rir de repente e eu não entendi nada. Ele deu mais uma última bebida no copinho de café na mão dele, e depois deixou o copo em cima da mesa de reuniões ao nosso lado.

- Hum... - Ele murmura em tom de risada ainda - Desculpas? É isso o que você veio fazer aqui? Me pedir desculpas, só isso?

Ele perguntava em tom de deboche e eu ainda sem entender, apenas confirmei tudo com a cabeça. Eu não tinha a intenção de vir aqui pra fazer nada além daquilo mesmo, dar os meus mais sinceros pedidos de desculpa por tudo que eu falei sobre eles aos jornalistas, eu estava realmente arrependida e se eu soubesse que iria causar tantos problemas pra empresa dele, jamais teria me atrevido a sequer abrir a boca.

- Suas desculpas não irão recuperar os milhões de euros que eu já perdi por sua causa, garota inconsequente! - ele cuspiu as palavras bem na minha cara e eu tive que chegar um pouco para trás, assustada com sua agressividade repentina.

- Eu não posso fazer nada alem disso senhor Pinnock, eu sinto muito. - Falei com a voz um pouco trêmula de medo, e ele riu mais uma vez, sendo que dessa vez de um jeito perverso enquanto olhava no fundo dos meus olhos.

- Ah, mas você pode sim. - Ele falou num tom de voz assustadoramente calmo agora - Você pode, senhora Thirwall... Pensa bem. Você tirou de mim um dos meus bens mais preciosos, e não é dessa empresa que eu estou falando, até porque eu vou conseguir dar a volta por cima logo logo e a sua imprudência de ter falado aquelas coisas na mídia será rapidamente esquecida. Mas quanto à minha filha? E quanto à minha caçula que eu amo tanto e que eu sempre fiz de tudo pra dar o melhor pra ela, e no final ela me traiu, me deu o desgosto de se alistar naquela droga de marinha e depois me fez passar a vergonha de vê-la casada com uma mulher... Uma mulher! Logo eu que sempre sonhei em ter netinhos lindos e ver o meu patrimônio passando de geração a geração, de repente vejo minha filha fazendo uma pouca vergonha dessas...

- Eu amo a sua filha! - Interrompo o discurso dele quase gritando em desespero depois de ser fuzilada com todas as suas palavras, às quais já estavam deixando os meus olhos queimando, começando a marejar de lágrimas - Eu amo a Leigh-Anne mais que tudo, e a gente pensa em ter filhos sim no futuro, e vários! A gente vai ser uma familia... Uma família de verdade! Que se ama, se respeita e que cuida uns dos outros, diferente da sua família, senhor Pinnock! Diferente do que o senhor pensa ser uma família!

Parei de falar e limpei as lágrimas que já vinham descendo copiosamente de meus olhos enquanto eu falava com ele. Ele não falou mais nada depois de me ouvir, apenas ficou ali parado e me olhando. Eu já estava prestes a lhe pedir licença e ir embora logo daquele lugar quando ele voltou a falar, num tom de voz baixo que eu mal consegui escutar na verdade:

- Peça o divórcio.

Olhei pra ele sem acreditar no que havia acabado de ouvir.

- O quê? - perguntei no mesmo instante.

- Peça o divórcio do seu casamento com a minha filha, e deixe ela em paz, não a procure nunca mais. Essa será a única maneira de você me fazer aceitar seu pedido de desculpas. Caso contrário, você terá um inimigo pro resto dos seus dias, e eu não vou deixar barato todo o dinheiro que você me fez perder se você ignorar o meu pedido. Prepare um bom advogado pois eu irei processar você por todos os tipos de crimes possíveis, senhora Thirwall. E o principal deles será o de calúnia e difamação por todas as baboseiras que falou sobre a minha familia na imprensa. Garanto que só isso lhe renderá uns bons anos na cadeia, até eu conseguir incriminá-la ainda mais e fazer você ficar enjaulada naquele lugar pro resto da sua vida.

Eu não podia acreditar, eu não queria acreditar que ele realmente tinha acabado de dizer tudo aquilo. Ele estava me ameaçando. E ameaçando da maneira mais vil e cruel possível.

- Não precisa me responder nada agora, senhora Thirwall. - Ele voltou a falar, respirando fundo e dando uma rápida olhada no relógio em seu pulso - A senhora terá um prazo de cinco dias pra acatar ao meu pedido, tempo mais que suficiente pra preparar minha filha pra receber essa triste notícia. Bom, agora se me der licença, eu tenho outra reunião marcada daqui a pouco. Foi um prazer negociar com a senhora.

Ele estendeu a mão pra me cumprimentar e deu um sorriso nojento pra mim. Olhei no fundo dos olhos dele e tive que me segurar pra não cometer uma insanidade naquele momento, as lágrimas que queriam sair dos meus olhos agora eram de raiva, e não mais de tristeza.

- Bem, até nunca mais então. - Ele abaixa a mão depois de vários segundos esperando eu lhe cumprimentar, e depois me dá as costas, indo na direção da porta de saída da sala.

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