[Horas mais tarde daquele mesmo dia]
Leigh narrando:
Meus olhos ardiam, e as lágrimas agora apenas desciam deles lentamente. Os soluços baixos saíam sem avisos de minha boca, inundando aquele leito frio e vazio ainda mais na minha tristeza. Estava sem forças até pra conseguir expressar a dor dentro de mim, pois eu já tinha chorado tanto, mas tanto que meu peito já estava doendo, e não era mais uma dor emocional, era dor física também, mas eu não me importo com isso, não importo com nada. Não tenho mais sentido pra viver, eu perdi a mulher da minha vida, eu não quero mais viver.
De repente vejo Perrie abrindo devagar a cortina da entrada do meu leito, e tento esconder meu rosto dela, me virando para o lado.
Eu não falo com ela ou com ninguém desde que Jade foi embora daqui horas mais cedo. Ela já havia me perguntado o que aconteceu mas eu não quis falar, porém agora ela já deve saber pois Jesy deve ter contado pra ela. E por isso ela continua vindo aqui me ver a todo instante, não entende que eu só quero ficar sozinha, só isso. Não é pedir muito.
- Com licença Leigh... Mas eu preciso... - Perrie fala num tom de voz baixo, parecendo estar entrando em meu leito agora, porém eu não olho pra ela. - Eu preciso examinar você, e... E saber como você está.
Balanço a cabeça negando as palavras dela mais uma vez, me recusando a falar qualquer coisa. Porque eu simplesmente não conseguia, minha boca já não conseguia pronunciar nada, além de soluços de choro.
- Desculpa, e-eu sinto muito, muito mesmo, Leigh... - Perrie diz parecendo receosa e eu percebo a presença dela, agora já de pé do meu lado esquerdo da cama. - Mas... É o meu trabalho, eu não posso deixar de vir aqui e fazer isso porque... eu me importo com você também. E tudo bem se você não quiser falar comigo, eu entendo, mas não tente me impedir de continuar cuidando de você, por favor... Porque eu não vou parar de jeito nenhum, não importa o quanto você queira.
Viro meu rosto para ela lentamente e encaro seus lóbulos azuis que sempre brilhavam de encontro ao meu olhar, mas que agora estavam vazios, opacos e parecendo tão sem vida quanto deviam estar os meus naquele momento. Não entendo porque ela parece tão triste assim, ela não deve saber nem a metade da dor que eu estou sentindo.
- Por favor Leigh-Anne... - Ela sussurra olhando no fundo dos meus olhos.
Fico por alguns segundos a encarando, sem lhe dizer nada, então me arrasto um pouco pra cima na cama, e depois limpo um pouco meu rosto cheio de lágrimas e provavelmente inchado de tanto eu chorar, e em seguida suspiro pesadamente tentando encontrar forças pra falar com ela:
- Tudo... Bem... - Sussurro fraca, e em seguida dou uma tossida seca, sentindo minha garganta e meu peito doerem ao mesmo tempo.
- Deixa eu ver só uma coisa rápida aqui. - Perrie diz, parecendo preocupada e logo colocando uma mão em minha testa e depois descendo delicadamente pelo meu rosto até chegar em meu pescoço, onde ela encostou várias vezes parecendo estar sentindo a minha temperatura - Você tá com muita febre Leigh, febre bem alta...
Em seguida ela utilizou um negócio estranho que fica pendurado no pescoço dela por boa parte do tempo, eu não sei o nome, mas que ela costuma usar pra colocar em várias partes da minha barriga, e verificar meu coração e outros órgãos internos também. Ela pôs o aparelho estranho no ouvido e depois com uma mão pegou na outra ponta dele e a conduziu repousando em várias regiões acima do meu peito.
- Respira fundo e depois vai soltando o ar bem devagar. - Ela pede e eu faço isso, dando mais algumas tossidas secas em seguida, então ela retira o aparelho do ouvido e se afasta de mim falando - Eu vou te fazer algumas perguntas, e você não precisa forçar sua voz ao me responder, basta só balançar a cabeça em confirmação ou não, tudo bem?
