Capítulo 17 - Culpa

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[no dia seguinte]

Jade narrando:

Acordo sentindo um peso enorme na cabeça, coloco a mão sobre ela e me arrasto na cama até conseguir me sentar sobre ela lentamente. Olho pro lado e vejo uma xícara de café em cima da mesinha de cabeceira que ficava encostada ao lado da cama, e também vi alguns compridos ao lado da xícara.

Então peguei a xícara e os comprimidos, vendo que eles eram pra dor de cabeça, tomei logo dois de uma vez, e em seguida dei um gole enorme no café, que estava ainda bem quentinho e sem açúcar. Com certeza foi minha mãe quem fez. Ela que costumava me acordar assim na época que eu saía de noite e voltava bêbada e arrastada pra casa, a mais de cinco ou seis anos atrás, no final da minha adolescência.

Que besteira eu fiz ontem? O que deu em mim?

Quase não lembro de nada... Só de beber muito, de dançar sozinha e no final ficar chorando dentro de um táxi.

- Mãe? - chamei minha mãe, com a voz fraca e meio rouca,então tossi um pouco e chamei mais alto dessa vez - Manheeee?

- Oi filha! - ela chegou rapidamente na entrada da porta do quarto, que já estava entreaberta e a abriu vindo até mim às pressas e com a expressão preocupada - Já tomou o remedinho que eu deixei ali pra você e bebeu o café?

- Já mãe. - falo, dando um sorriso fraco pra ela enquanto ela se senta na cama perto de mim - Obrigado por cuidar de mim, relembrando a época em que eu era uma adolescente inconsequente que só sabia dar trabalho pra senhora chegando bêbada de madrugada em casa.

- Fazia bastante tempo mesmo que você não me aprontava uma dessas filha. - ela diz acariciando meu rosto com uma mão e sorrindo, olho pra baixo sem graça e dou mais um gole na minha xícara de café, pra depois falar:

- Hum... Me diz como é que eu vim parar aqui, mãe. Você foi me buscar no bar, foi?

- Não, foi a enfermeira da Leigh... - ela responde e eu quase engasgo com o café dentro da boca a olhando assustada - Ela trouxe você até aqui, e depois ela ligou pra mim com seu celular, me pedindo pra vir até sua casa ficar com você pois você precisava ser cuidada por alguém e ela não poderia pois tinha que voltar logo pro navio da marinha.

- Eu... Eu não acredito... - falo completamente chocada.

- Ela é muito gentil, filha. Sorte a sua ter encontrado ela nesse tal bar aí que você foi.

- Meu Deus mãe, será que... Que eu falei alguma coisa muito comprometedora sobre a minha separação com a Leigh pra ela? - pergunto a olhando super angustiada agora.

- Você quer dizer sobre aquele canalha do pai dela que ameaçou colocar você na cadeia? - confirmo com a cabeça, ainda mais tensa - Ela não parecia ter escutado nada muito importante vindo de você, filha. Pelo menos foi isso que ela demonstrou quando me recebeu ontem aqui no seu apartamento e se despediu às pressas, dizendo precisar ir logo embora.

- Eu preciso falar com ela. - digo agitada, me arrastando pra fora da cama, e levantando - cadê o meu celular mãe?

- Calma filha, descansa um pouco pra não...

- Não mãe, você não entende! - exclamo um pouco alterada para ela, e ela se cala me olhando assustada - A enfermeira da Leigh não pode saber o que eu e o senhor Pinnock combinamos! Senão ela vai contar pra Leigh, e a Leigh vai procurar o pai dela e brigar com ele por minha causa, e ele vai querer me prender, ou até fazer coisas piores comigo mãe! Ele é perigoso, eu tenho medo do que ele é capaz de fazer, eu tenho muito medo...

- Calma filha, calma. Eu tô aqui, não vou deixar ninguém machucar você... - minha mãe levanta e vem rapidamente até mim me abraçando com força, abraço ela também e fico já emocionada, sentindo meus olhos queimarem em lágrimas, e minha mãe me aperta ainda mais em seus braços - A gente vai resolver tudo isso juntas, fica calma.

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