[No dia seguinte, às 15:40 da tarde]
Leigh narrando:
Eu acho que nunca estive vivendo momentos tão felizes em toda minha vida, como eu vinha vivendo nos últimos dias.
Serei a nova capitã de fragata da marinha britânica, e minha melhor amiga será sargenta. Nós duas tínhamos começado nossa trajetória de marinheiras juntas, há mais de cinco anos atrás, e agora estamos aqui, agora teremos a enorme e grandiosa honra de receber a nomeação das nossas novas patentes numa comemoração com as mais altas autoridades da marinha, daqui a apenas duas semanas, dia 22 de maio.
Não só eu e ela, mas os cabos Leroy e Trevor também. Nós quatro tivemos a oportunidade de nos reunir pela primeira após o ataque do navio, no dia seguinte ao da visita do almirante Daniels, e eu pude ver a felicidade presente nos olhos de cada um deles. Pude lhes dizer o quanto foi um orgulho pra mim estar ao lado de verdadeiros heróis como eles, naquele ataque dos rebeldes, e que eu jamais teria conseguido derrotá-los sem a ajuda, coragem, e dedicação de cada um deles. Por isso agora, ver o reconhecimento que eles estão tendo, é algo tão gratificante pra mim quanto qualquer fama, admiração, e reconhecimento nacional que eu recebi esse tempo inteiro.
E também nesses últimos dias, o melhor de tudo, era e está sendo ela... Perrie.
De como eu estou cada vez mais cativada pela presença e pela companhia dela comigo, compartilhando todos esses momentos felizes e me fazendo perceber que, eu não poderia querer alguém melhor pra estar do meu lado.
E aqueles eram, sem dúvidas, sentimentos muito novos pra mim, que sempre demorei bastante pra ter intimidade com estranhos, pois sempre fui muito tímida, mas com a Perrie está sendo diferente. É tudo muito intenso, e muito, muito rápido porque... Sinto que ela desperta coisas em mim que eu só me lembrava ter sentido antes, quando conheci uma certa mulher numa boate a três anos atrás, e que prefiro não citar seu nome agora.
O que eu tava sentindo pela minha enfermeira, era tão forte, que eu sonhava com ela quase todos os dias desde que nos conhecemos, eu não paro de pensar nela o dia inteiro ultimamente, fico toda boba sorrindo pra ela, às vezes, sem nenhum motivo, e nossa sintonia e cumplicidade é tão grande, que nós duas sempre temos conversas que nos faz perder a noção do tempo, fazendo até ela se esquecer do horário de ir embora, ao fim do seu expediente.
E durante todas essas nossas adoráveis e intermináveis conversas sobre os mais variados assuntos, me surpreendi ao saber, por exemplo, de sua formação acadêmica exercida desde a infância no colégio militar, por ser a filha de um coronel do exército. Também sobre ela ter uma mãe que foi médica cirurgiã na aeronáutica mas que hoje em dia está aposentada, e sobre seus dois irmãos, um mais velho e outra mais nova, que seguiram os passos do pai e se alistaram no exército logo que atingiram a maioridade, mas ela foi a única que preferiu seguir os passos da mãe, e cursar medicina, com especialização em enfermagem, porém não para trabalhar na aeronáutica, e sim, perto de seu pai e seus irmãos, servindo pelo exército britânico.
Foram muitas e muitas coisas que eu descobri sobre a vida pessoal da Perrie, e ela sobre a minha também, porém o que mais me assustou, foi saber que ela só havia tido um namorado em toda sua vida e isso foi lá no começo da adolescência dela, e só durou três meses apenas, até esse seu namorado descobrir de quem ela era filha. Segundo Perrie, todos os garotos que ela conhecia morriam de medo do "tenebroso Coronel Edwards", e que, por ela odiar essa espécie de preconceito que eles tinham contra seu pai, logo decidiu não namorar mais ninguém, e ficar sozinha mesmo, focando somente no seus estudos e futuramente no seu trabalho como enfermeira também.
Outra coisa que descobri, era que ela não era hetero, como eu imaginava, e sim, pansexual. E na verdade, precisei que ela me explicasse melhor esse termo, pois nunca tinha ouvido falar nesse tipo de sexualidade.