3.

5 0 0
                                    

     - Quem era naquele jipe que te trouxe para casa, filha? - perguntou Sam, assim que And entrou em casa.
     - Um rapaz que conheci no clibe. Instrutor de natação. - And respondeu, com um sorriso enigmático para o pai.
     - Natação? Mas você sabe que eu não quero te ver falando de natação, Andie! - ralhou o pai, exaltando-se do nada.
     And sentiu-se irritada, de repente. Às vezes acontecia aquilo. Não fazia nada! Não...
     - Eu sei, papai! - disse ela, quase ríspida - Bom... agora se me dá licença vou para meu quarto. Estou com sono e quero dormir para estudar para aa aulas que retornarão.
     Logo que entrou em seu quarto, And trancou a porta e deitou-se da imensa cama. E ao invés de correr boara os livros de algum atual assunto, parou olhando para o céu ao ver a imagem daquele rapaz. Seus cabelos... Seus olhos...
     Podia lembrar-se dele... seu tom de voz... o meio sorriso nos lábios...
     "Por que você não gosta de nadar?"
     Seus belos olhos cinzentos, o sorriso e a jovialidade... a fez sentir... despertou uma vontade de viver sua vida como queria.
     Era como se soubesse que tinha toda  a vida e o mundo pela frente  mas algo a prendia. E... tinha dezessete anos, tinha direito. Então, novamente, como que tomada de um ímpeto, pegou o telefone do quarto e discou.
     E sentiu-se assustada, desligando ao primeiro toque.
     Não sabia porque as vezes tinha aqueles arroubos. Sentou-se na cama e começou a desfazer a longa trança. Pegou uma escova e do espelho observou-se. Era uma garota simples, sem maiores atrativos, daquele jeito. E aquela camisa... E a saia...
     - Poxa vida, mãe! Por que não me levou com você? - lamentou-se. Talvez em outra vida ela poderia ter um pouco mais de liberdade de escolha - Não... papai ficaria muito triste! Ainda mais porque minha madrasta não iria querer dar mais filhos a ele. Ele só tem a mim... - então ela deixou cair na cama, de novo, vencida por sua consciência.

* * *

     - Mas isso é o cúmulo, Sam! - exclamou Umah estendendo os braços para cima - Ela pega uma carona com um estranho e você fica nessa calmaria?
     Sam colocou seus óculos e analisou uns documentos que tinha em mãos. Assinou alguns, recusou outros... E então retirou os óculos de novo.
     - Umah! Querida... And não está fazendo nada de errado. Ela só pediu uma carona...
     - E você não percebe? Ela é igual à mãe dela! Aquela Marquis dos internos!
     Sam irritou-se e levantou-se da poltrona.
     - Mas o que quer que eu faca? - gritou, agora esmurrando a mesa.
     - Não pode permitir que ela faça isso de novo! Sei lá... tem que lhe dar um carro! Dinheiro! Tudo o que é ela precisa para não pegar mais caronas com estranhos!
     - Carro e dinheiro lhe darão mais liberdade! E não repita que ela é parecida com aquela mulher! - ele vociferou.
     - Se sua filhinha deixar meu irmão, eu largo você, entendeu, Samuel Foster? - ela rebateu e o fitou - eu largo você, me entendeu? - então saiu, pisando duro.
     - Droga! - chingou Sam. Depois tocou a campainha, chamando a criada - Hilary!!! - chamou e em minutos a governanta da casa apareceu.
     - Senhor?
     Sam levantou-se, rodando uma caneta dourada nos dedos, estantes às suas costas. Entak ergueu-se da poltrona e deu a volta na mesa, encostando-se ali.
     - Bem... eu estou pensando em dar um carro para And! O que acha?
     Hillary raspou a garganta, nervosamente. Sabia que apesar de ter uma nova esposa, há dez anos, desse que havia completado dois anos da morte da primeira primeira mulher, o patrão sempre recorria a ela quando queria conselhos importantes.
     - Bom, eu acho que... um carro daria mesmo, mais liberdade para a menina. E ela precisa de um, contida jovem da sua idade. Do contrário...
     - Continuará pedindo carona!
     - Isso mesmo. Se me permite, senhor, eu... sugeriria que um... cartão de crédito seria melhor. Poderia deslocar-se de táxi, se precisasse...
     - Hum... - Sam abriu um amplo sorriso - posso dar a ela o cartão e se quiser vem com o ônibus escolar! Obrigado, Hillary! - ele agradeceu e com acento ela se retirou.
    

MarquesasOnde histórias criam vida. Descubra agora