Marquesas

47.

                        Em pânico, Andie caminhava pelas ruas escuras de Nevada em direção a algum lugar que que ela não sabia bem onde. Na verdade, sua vontade era sumir do mapa ou da face da terra. Em sua cabeça martelava sentimentos confusos com um misto de desespero, vergonha, arrependimento...

                        Não ele... o homem que lhe proporcionava tanto prazer na cama... não... definitivamente não podia ser. Mas quem poderia ajuda-la naquilo? Quem?

                        Sem perceber Andie saiu correndo sem eira nem beira.

                         Sam chutou os vidros com o bonito e lustroso sapato... que destino o seu. Seu sapato não valia dez por cento do que o que usara no ano... não... há seis meses! Tampouco seu guarda-roupa... tantas marcas incríveis... Armani, Hugo Boss, Calvin Klein... nada traria de volta ou perdoaria seus erros perante as leis do mundo. Ele não podia fazer nada...

                          O pior era que nenhum daqueles "grandes amigos" que ele tinha em Houston estendia as mãos para ajuda-lo agora. Sua mente o levou à sua rica vizinhança no Edifício. Eles que tanto o glorificavam pro causa do fato de ser um banqueiro... pelos seus bens... onde estavam agora? Onde? E Umah? Sua esposa... a mulher para quem ele dera o nome... onde ela estava naquele momento? Onde esta o na "pobreza" dela?

                         Não conseguia imaginar que ela poderia traí-lo... era a mulher que ele amava... que respeitava... porque...

                          Sua mente captou as batidas na porta enquanto as três ultimas criadas que sobraram ao seu lado, ele ainda não sabia porque, varriam os vidros que foram destruídos pelos tipos do mês anterior.

                          Assustado ele olhou para a porta.

                          - Vocês estão esperando alguém? – indagou para os quatro, Paul, Hillary e a cozinheira.

                          - Não senhor... mas eu vou ver quem é... o senhor pode ir lá para dentro. – disse Hillary.

                          - Está bem...

                          Os três criados se entreolharam e a moça foi atender. Abriu a boca espantado quando viu a ex-patroazinha, Andie, chorando desesperadamente.

                          - Senhorita... o que está acontecendo? Entre...

                          Reconhecendo o choro da filha, Sam foi ao seu encontro com o coração dolorido. Até sua única menina sofria com seu erro. Aliás, ela era a mais prejudicada, tendo em vista que de uma hora para outra prometera-se às realidades do mundo.

                           - Filha... – murmurou emocionado. No dia do tiroteio não soube o que pensar quando não a encontraram com ele no carro. Julgava-a perdida para sempre – que bom que apareceu, querida... onde você estava? Por que está chorando?

                           A garota que tanto o fazia lembra-se da única mulher que amara em toda a sua vida, jogou-se em seus braços corando, ainda.

                           - Papai... diga que não é verdade... por favor... – ela suplicava.

                           Apertando-a contra a roupa que outrora era passada e arrumada, Sam acariciou seus cabelos... cheiravam um perfume... masculino?

                           Então por que ela chorava daquele jeito se não tinha mais problemas? 

                           - Diga que meu verdadeiro pai não é Gustave Fisher!