A informação veio como se fosse uma bordoada. Brittany absorveu tudo aos poucos com dificuldade.
- Como é que é? - ela engoliu em seco - você é... Não pode ser!
And assentiu.
- Desde meus treze anos. Conheci Cole numa festa de recepção que papai fez para os novos sócios do banco. - sua voz saiu cheia de amargura - ele não queria, no começo, mas quando eu me comprometi a esperar cinco anos para ficar de maior...
- E você gosta dele? - Brittany estava perplexa. Claro que ela amava! Lion é que se ficaria transtornado se soubesse.
And foi pega de surpresa. Tinha medo de falar sobre, porque agora sabia.
Não...
Então balançou a cabeça em negativa.
- Acho que amei o Cole como uma menina. Não sabia nada da vida. Agora que entendo, vejo que precipitado. Depois que conheci Lion vi oque era amor de verdade. Não é... Aquele sentimento bobo que eu sentia quando estava com Cole. Ele nunca me tratou como uma futura esposa! Sempre como se eu fosse uma... Uma criança. Nunca me beijou como Lion... Nunca... Me tratou tratou como... Lion me trata! - então ela abaixou a cabeça, triste - e eu nunca fui adolescente para assumir meus sonhos!
Britany ouvua-a abrir seu coração. Talvez as que ela considerava, nunca tivessem sido suas amigas de verdade, mas somente a companhia mais presente.
- Sabe... Talvez se minha mãe estivesse viva, eu não precisasse viver assim. - disse And - Mas ela morreu... Louca! - disse recordando-se dos gritos desesperados da mãe...
"... devolvam minha filha! Devolvam!!!"
And também lembrava dos homens que a levavam. E que chorara muito naquele dia, tirada daquele lugar pelo pai.
Brittany a fitou perdida em suas lembranças. Lembrava se do que haviam dito sobre ela... De seu sorriso e beleza: uma dama... Verdadeira Marquesa!
- Vi o quadro dela no Bealtiful Hair. Era realmente muito bonita. Vivaz... Muito...
- Louca! - completou And com pesar - muito bonita mas louca.
Era a primeira vez que falava da mãe com alguém, e das coisas como haviam sido.
- Minha mãe morreu louca!
Brittany ouvira no cabeleireiro mas não quis acreditar.
- Ela era feliz com seu pai?
- Não sei. Eu era muito pequena... Mas me lembro que eles brigavam muito.
- ...por que sua mãe era infeliz com o casamento? - Britany tinha a cabeça invadida por milhares de ideias - será que... Não sei... Ela amou outra pessoa e também sou obrigada a se casar?
And achou aquilo impossível!
- Não! Que isso... Minha mãe adorava o meu pai! Tenho certeza... Tenho fotos e mais fotos que provam isso.
- Tudo bem. Então sua mãe era feliz porque amava seu pai. Você quer ser infeliz casando com um homem que não ama? Ou não ama Lion?
And se confundiu toda. Era verdade. Amava Lion, não Cole. Tinha certeza de que com ele poderia ser muito feliz.
- Amo. - respondeu.
- Então lute por isso... Se o seu pai quiser mesmo o seu bem, vai aceitar!
And estava totalmente confusa. Começava a sentir coisas e desejos que nunca sentira antes. Como por exemplo o desejo de fazer mais, viver mais, sentir mais do que estava prometido.
- Eu... Preciso pensar! - disse levantando-se.
De repente ouviram barulhos de chave e a porta se abriu. Era Umah acompanhada de Sam e Hillary.
- Tudo bem. Eu já estou indo embora. Mas se quiser encontre-me amanhã de manhã na cantina do colégio.
And a acompanhou até a porta e percebeu o olhar se reprovação dos pais e de Hillary, principalmente pelo tamanho da roupa da garota.
- Foi um prazer conhece-la, Britany. - disse Umah mesmo assim.
- O prazer foi meu. - Disse a jovem com o mesmo tom irônico. Sabia tanto sobre ela!
Quando Brittany se foi, Umah fez uma careta.
- Andie! Mas que garota estranha! E que tamanho de roupa era aquele? O que é que ela está querendo provocar na cabeça dos homens de Deus, por aí?
- And, acho essa garota inapropriada para você. - disse Sam enquanto Hillary e o motorista levavam as compras para seus locais.
A jovem sentiu uma súbita onda de revolta mas não fez nada. Quem eram elas para decidir quem era a melhor pessoa para andar com ela? Aconselhavam-na a andar com Lenny, Alette e Joyce, sem saber o tipo de ordinárias que eram.
- Tudo bem. - disse por fim - Eu vou tomar cuidado. - e foi para seu quarto.
Aos poucos começava a perceber em que ditadura vivia.
Mais tarde, à hora do jantar ouviu todos discutirem sobre seu vestido de noiva.
- Já está comprado. É lindo. Falta só você usar. Meu irmão ligou, ontem, de Washington dizendo que a casa de vocês já está vista. As alianças... Os padrinhos serão os pais de Lenny!
And comia desolada. Sua vida inteira decidida pela madrasta. Tudo pronto e ela desconhecia os detalhes.
Cole telefonara sem falar com ela! Todos estavam elétricos com algo que não iria decidir a vida deles, tratando-a como a uma boneca manipulável.
Isso não era justo!
- Papai... Posso me divertir com minhas amigas, um pouco, antes de me casar?
E o pai estava tão elétrico que sequer percebeu a afirmativa.
- Claro querida. Tem toda minha aprovação...
Eles não ouviam. Quando chegou em casa logo que vestiu sua camisola percebeu que merecia uma mudança em sua feição. Deitou-se e começou a formular o que faria no dia seguinte. Antes de casar, viveria um pouco.
Assim adormeceu.
* * *No dia seguinte, quando chegou na sala, Umah e Sam conversavam calorosamente.
- Querida... Bom dia. - disse Sam oferecendo o rosto para que ela beijasse.
- Bom dia, papai. - disse And. Depois cumprimentou Umah.
- Bom dia, And! - disse a madrasta enquanto segurava sua porcelana com o café na mão - Estávamos aqui discutindo se você deveria ou não ir para o colégio hoje.
And parou a ação que ia fazer, a faca cheia de geleia. Fitou-os.
- Mas... Por que deveria?
- Bem... O pastor Herbert nos telefonou para uma visita aos necessitados do litoral. - completou Sam.
- E eu vou aproveitar para fechar um negócio com meu sócio... E passar um fim de semana abençoado. - completou Sam.
And engoliu em seco. Aquele dia ela queria ficar em casa. Começar sua despedida de solteira.
- Oh papai! Que pena! Hoje estou e dia de avaliações. - disse disfarçando o nervosismo.
Umah a fitou um tanto ressentida.
- E não tem possibilidade de você faltar? - indagou.
- Não. Não... Mesmo!
Sam abanou a mão no ar.
- Tudo bem. Você pode ir amanhã, então, não é? Poderemos voltar no domingo.
And começava a se desesperar.
- Queria ficar estudando aqui. - disse.
Umah a fitou novamente.
"Não... Ela não tem coragem de se mover sozinha!", pensou bebericando o café.
- Tudo bem, então. - disse - Você pode ficar! - virou-se para Sam - poderemos telefonar todas as horas que soubermos que estiver em casa para ver como está se passando sozinha, está bem?
And assentiu disfarçando o contentamento.
- Agora com licença, vou chamar um táxi...
- Isso, querida! E não se atrase, ou não conseguirá fazer as provas.
- Está bem.
Logo mais And despediu-se de todos e desceu para o táxi.
- Bom dia, senhorita Marquis. - era Catherine Marx - Como vai?
- Tudo bem.
E o carro pos-se em movimento.
- Sabe, acho que nessa semana e daqui para frente precisarei muito se um motorista. Pagar táxi, toda hora para mim, não é problema, mas é muito penoso. Então estive pensando... Você tem bastante clientes, todos os dias?
- Não. Há alguns anos o movimento caiu muito. Na verdade, da morte da sua mãe para cá. - confessou a mulher pegando a avenida que saia na frente do colégio.
- Aceita uma oferta de trezentos dólares para me levar e trazer do colégio todos os dias e onde eu precisar ir?
And observou-a sorrir pelo espelho retrovisor.
- Mas é lógico que aceito, menina! E enquanto você está no colégio tento outros clientes...
- E então? Aceita? - And estava super entusiasmada.
- Mas é claro! Pode começar a marcar!
- Ótimo. Eu vou precisar de você está manhã, então... - insinuou And.
Catherine parou em frente à escola.
- Obrigada.

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Marquesas
De TodoAndie Marquis Foster. O nome grande para uma jovem de dezoito anos que vestia-se para o seu prematuro casamento, enquanto olhava para a foto da falecida mãe. Terna, selvagem... Eram tantas as descrições atribuídas que ela desejava saber o motivo do...