Marquesas

14.

     - Espere-nos aí! - disse And deixando os materiais no carro, tal como os outros, Brittany, Carl e Slash, saindo do carro.
     - Claro.
     - Vamos lá, gatinha! - Carl colocou a mão na cintura de And, como que empurrando-a para que tivesse coragem.
     And levantou os olhos e fitou a imensa casa que pegava quase um quarteirão inteiro, toda bonita com letreiro em neon verde e rosa fosforescente: Bealtiful Hair.
     Vários carros parados em frente, como que provando o talento das cabeleireiras.
     Slash fitou-a e olhou para a irmã, preocupada.
     - O que houve, And? - perguntou Britany - Está a fim de desistir? Não quer ficar bonita para o Lion?
      And levou as unhas à boca, tensa.
     - Eu nunca pensei que um dia faria isso em toda a minha vida... - comentou caminhando devagar.
     - Se você não quiser... Carl levantou a mão, pensativo.
     - Não... Eu tenho que ir. Do contrário meu pai jamais vai se convencer de que é isso o que eu quero...
     E assim, entraram.
     And adorou a decoração interna do lugar, totalmente descontraído espalhava pelas paredes  luxuosas, poltronas almofadas na frente dos espelhos decorados com fotografia das belas mulheres que  passavam por ali, muitas da sociedade de Houston.
     - Brittany, minha querida... - um homem se aproximou delas, sorrindo, sem jeito, todo afeminado, que deixou And encabulada - quem é a sua...
     And virou-se e a fitou.
     - Oh meu Deus! Oh meu Deus... - exclamou ao vê-la - Camille... Camille... Esta vivinha nessa garota!
     - Não seja besta, Kelly! - exclamou Priscila aproximando-se - Você não percebeu? Esta... Deve ser a filha dela...
     Todos se entreolharam, confusos.
     - Não estamos entendendo nada... - disse Carl.
     - É muito claro, querido... Garota, você não é a filha da adorada Camille Marques?
     And sorriu. Pela primeira vez, ouvira alguém chamas sua mãe de "adorada". Bem diferente do que ela ouvia em seu meio.
     - Sim. Vocês... Conheceram minha mãe? - indagou ela percebendo que sua mãe era um verdadeiro mito.
     - Claro que sim. Nossa querida Marques sempre vinha aqui, para se arrumar! - disse Kelly.
     - Ela adorava a beleza. - completou Priscila, sonhador, cruzando as  mãos e elevando os olhos dos cílios enormes.
      - And também gosta. É por isso que está aqui... - Brittany sorriu contagiada com a euforia das mulheres.
     - Ah sim... Já havíamos nos esquecido... - Kelly enxugou uma lágrima que escorria do canto dos olhos - o que você quer que façamos por você?
     And ficou receosa.
     - Eu... Queria fazer um corte... Bem bonito, descontraído e chique...
     - Venha cá... - Kelly pegou-a pela mão e a levou até uma das poltronas.
     - Cuide bem dela, Kelly. Eu vou atender outros clientes que acabaram de chegar!
     Quando se sentou, And percebeu que era justamente aquilo que ela sempre sonhara. Era um glamour único e novo.
     - O que você quer? - perguntou Kelly colocando-lhe em volta do tórax uma alvissima toalha branca. Mostrou-lhe uma revista com diversos cortes de cabelo. Havia diversos. And ficava bcada vez mais fascinada, até medida que ia virando a página.
     - Nossa... Este é lindo. Maravilhoso... - disse And com um sorriso que foi de orelha a orelha.

* * *

     - Ela está contente não é? - perguntou Priscilla observando And de longe, sorrindo contente.
     Britany assentiu.
     - É... E o pior é que acho que com tanto dinheiro ela nunca esteve em um salão antes... - disse Carl.
     - Sorte que a madrasta dela deixou que ela viesse. Provou que não é tão ruim, assim...
     Os três se entreolharam com um sorriso matreiro.
     Priscila sentiu o sangue nas veias.
     - Por que... Por que se olharam desse jeito? Não vão né dizer que...?
     - É isso mesmo. - concordou Slash pegando um bombom do pote de cristal que enfeitava a salinha de espera, decorada com sofás coloridos - a senhorita Foster, nada sabe da presença de And daqui.
     - Nós só estamos ajudando ela e um amigo nosso, querido, a ficar juntos. - completou Carl.
     Priscila caiu sentada no sofá.
     - Pelo amor de Deus! Vocês não sabem o que estão fazendo... Não sabem bdi problema em que estão se metendo... Nem da maldade que é capaz de cometer a madrastas dela, se souber...
      Brittany franziu o cenho e cruzando as pernas, pegou um bombom também.
     - Muito bem... Você tem muito o que fazer agora!
     - Não. O movimento está ameno, doçura!
     - Então estamos dispostos a ouvir tudo o que você sabe sobre essa senhora. Precisamos nos prevenir - Britany sorriu - claro que já ficamos sabendo tudo sobre o compromisso dela...
     Priscila engoliu em seco.

*  *  *

Litoral de Houston
 

   As águas batiam nas pedras fortemente. As vans passavam pela estradinhas em direção às cabanas de madeira, bem pintadas e construídas ao redor de uma sede.
     Pastor Herbert saiu, apontando com a mão.
     - Ok. Podem levar tudo.
     Todas as vans se esvaziavam rapidamente e o terreno encheu-se das pessoas que saiam, cada um arrumando o que fazer.
     Umah desceu da van olhando para tudo, se forma crítica.
     - Sam... Estou cansada. Vou para nossa cabana.
     - Vá querida. Philipe, vá com Umah. Ajude-a com as malas...
     O motorista assentiu.
     Tão logo entraram na sala ela o agarrou.
     - Quero você! - disse encostando-se na porta afim de tranca-la enquanto enfiava a mão na braguilha do homem.