1. O que aconteceu?

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14 de agosto, 13:43


A cada toque do meu celular minha cabeça ameaçava explodir, era como se o carnaval de Salvador tivesse se mudado para o meu quarto, então resolvi desligar antes que eu ficasse louca, após mais dez minutos tocando, me dei por vencida e finalmente atendi:

"Alô"

"HELÔ MINHA FILHA, ONDE VOCÊ ESTÁ?" A voz do meu pai era uma mistura de preocupação e raiva

"O que? Como assim? Eu tô no quarto"

"Você tá de brincadeira? Se você pensa que só porque agora tá com dezoito anos pode fazer o que quiser, a senhorita está muito enganada..."

Foi quando olhei a minha volta e percebi que aquele não era o meu quarto, larguei o celular na cama com meu pai ainda reclamando e fui até a janela.

Só então me dei conta que aquele não era o meu quarto, nem a minha casa, muito menos a minha cidade. Agora eu entendi o porquê de todo aquele discurso do meu pai, saí e o deixei avisado que iria no barzinho da esquina para comemorar meu aniversário, aparentemente já passava do meio-dia e eu teria ido um pouco mais longe do que o planejado. Coitado do sr. Ricardo, como eu costumo chamá-lo quando estou irritada, ele é um pai muito compreensível, porém me trata como se eu fosse quebrar a qualquer minuto, já até imagino como ele deve está enlouquecendo em casa e com muita vontade de me matar.

Quando peguei novamente o celular, vi que meu pai já tinha desligado, pensei se deveria ligar novamente, mas antes fui olhar se nas minhas mensagens, tinha alguma explicação de como eu teria vindo parar aqui.

"Filha, já está muito tarde, que horas vocês pretendem voltar?"

"Quer que eu vá te buscar?"

"Caso tenha ido para casa de alguma amiga, me avise para que eu possa ficar tranquilo"

"Helô, tá tudo bem? Atende o celular"

"Heloísa, você por acaso quer matar seu pai do coração?"

Ao que tudo indica essas mensagens sem respostas foram o motivo para as 15 ligações que ignorei essa manhã. Entre as mensagens não lidas estão as que foram enviadas pela Samira, o que me fez ficar bem confusa, pois ela tinha saído comigo ontem à noite.

"Isa sua louca, como você me larga aqui com o embuste do seu ex?"

"Passa aqui em casa pra me contar os detalhes da noite"

"Eita que a noite foi ótima, depois que você tiver um tempo livre liga pro seu pai, ele já teve aqui em casa e tá bastante preocupado"

Como assim? Porque minha noite teria sido ótima? E porque eu teria largado minha melhor amiga, já que tinha saído com ela? E o que o Sérgio estaria fazendo junto conosco, se ele teria terminado comigo na manhã do meu aniversário?

Foi quando vi que tinha mensagem dele também:

"Lô, desculpa por ontem, quando te vi saindo com aquele cara percebi que você é a mulher da minha vida, por favor, volta pra mim."

Que cara? Agora tudo estava mais confuso ainda, eu precisava de respostas já que por algum motivo, eu teria largado minha melhor amiga e meu ex para ir com um cara até onde eu estou. Já imaginava que estaria num quarto de hotel, mas não em um tão bom, saí pelo longo corredor onde estava o meu quarto e peguei um elevador até o térreo, onde algumas placas me levaram para a recepção, na qual estava uma senhora bem animada.

— Boa tarde senhorita, levamos seu café da manhã, mas a senhorita estava dormindo, ainda irá querer o café ou prefere ir logo para o nosso almoço?

— Boa, antes de tudo eu gostaria de saber onde estou

— A senhorita está hospedada no Hotel Atlantis, um dos melhores de Nova Iguaçu

Nova Iguaçu? Agora sim meu pai iria me matar, Nova Iguaçu fica há 45 minutos da cidade onde eu moro, Itaguaí, como eu iria explicar que a mudança de roteiro teria me levado para outra cidade, sendo que nem eu mesma saberia como vim parar aqui, precisava dar um jeito nisso, mas a minha cabeça voltou a dar uma pontada, foi quando resolvi pedir ajuda:

— A senhora tem um analgésico por aí?

— Infelizmente não, mas posso ligar para o pessoal da enfermaria e pedir para levarem no seu quarto, junto com sua refeição.

Por incrível que pareça, estava gostando daquele hotel, mas eu não lembrei de olhar qual era o meu quarto, só lembro que ficava no sétimo andar.

— Obrigada, mas vou esperar aqui, não lembro qual quarto estou, é uma longa história que nem eu sei.

— A senhorita está na suíte 708, uma das melhores, por sinal. O sr. Téo fez questão que garantíssemos a melhor estadia.

O sr. Téo? Bom, esse deveria ser o cara que me trouxe até aqui, ele poderia me ajudar a lembrar o que aconteceu na noite passada, mas será que ele é confiável?

— Então, irei esperar no meu quarto. Mas uma coisa, a senhora poderia me dizer, onde encontro esse sr. Téo?

A recepcionista me olhou como se eu tivesse feito a pergunta mais óbvia do mundo, mas mesmo assim não abriu mão do sorriso ao me responder:

— Na suíte ao lado da senhorita, a 709.    

A recepcionista me olhou como se eu tivesse feito a pergunta mais óbvia do mundo, mas mesmo assim não abriu mão do sorriso ao me responder:

— Na suíte ao lado da senhorita, a 709.

Eu não lembro o que fiz na noite passadaOnde histórias criam vida. Descubra agora