13. Durma bem

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14 de agosto,  00:42

— Aquele quarto ao lado do meu está livre? — Perguntei antes que pensasse em fazer algo
— Sim, fizeram o check-out ontem — Renata me respondeu como se não tivesse entendendo.
— Pega a chave dele e vamos comigo.
Enquanto ela estava indo pegar a chave do quarto eu tirei a Heloísa do carro e a carreguei, realmente sua respiração estava enfraquecendo, e seu corpo frio, apesar do suor que molhava sua roupa. Assim que a Renata encontrou a chave do quarto ela me acompanhou até o elevador, infelizmente eu teria que esperá-lo não tinha como subir sete andares com a Heloísa em meus braços.
Cada andar que passava era como se fosse uma eternidade, quando finalmente chegamos ao sétimo, adentrei o corredor logo depois do elevador ter aberto as portas, assim que coloquei a Helô na cama, me virei para a Renata:
— Fique mais um pouco com ela, irei buscar o médico e já volto.
Quando cheguei no quinto andar o Dr. Pedro já me esperava, na postura do seu quarto, dessa vez completamente vestido e com uma maleta em cada mão.
— Espero que aqui tenha tudo que eu precise, nunca fiz um atendimento fora do hospital. — ele disse enquanto nos dirigíamos ao elevador.
— Para tudo tem uma primeira vez, eu realmente espero que o senhor dê o seu melhor — e logo depois seguimos em silêncio até chegarmos ao quarto.
A Renata estava sentada na cama com os olhos cheios de lágrimas, ela olhava fixamente a Heloísa, e estava tão preocupada como se a conhecesse. O Dr. Pedro logo sentou-se na cama e tirou o aparelho de pressão arterial e o de medir glicose de dentro da maleta maior.
— Irei aferir a pressão dela e verificar como está a glicose, normalmente em caso de excesso de álcool, o fígado perde a capacidade de metabolizar a quantidade ingerida. — e assim o fez, colocou o manguito em volta do braço dela, ajustou o estetoscópio e ficou concentrado durante todo o processo. Logo após pegou o aparelho que mede a glicemia e espetou o dedo da Helô, depois verificou o resultado com uma cara séria.
— E então? — cheguei mais perto para observar que tinha dado, mas foi em vão, pois não entendia nada.
— Os batimentos cardíacos dela estão lentos, a pressão e o açúcar baixos, nesse caso deve-se injetar uma dose de soro e glicose na veia para que haja uma aceleração na eliminação de álcool e ajudar o fígado na metabolização do mesmo, além de repor as doses de vitamina B. Para sua sorte eu tenho tudo isso comigo, mas não recomendo que corra esse risco novamente, o mais indicado seria procurar um posto médico rapidamente. — ele explicava tudo calmamente enquanto separava o que precisava, seringas e agulhas estavam devidamente organizadas e o seu olhar não desviava da Heloísa um segundo sequer. Era estranho ver o seu corpo imóvel em meio às agulhadas, era como se ele estivesse medicando um boneco, eu pensei que depois de o médico ter injetado tanta coisa ela iria acordar milagrosamente, mas não foi o que aconteceu.
Após ter feito todo o processo, ele pegou novamente os aparelhos de aferir pressão e medir a glicose, dessa vez o seu rosto já não estava tão tenso.
— O organismo dela está voltando a ficar estável, mas recomendo que fiquem observando, depois de tudo que passou ela não irá acordar agora, mas pelo menos não está mais inconsciente, está apenas dormindo, caso algo de errado aconteça, podem me ligar. — ele retirou do bolso um cartão que tinha o seu contato.
— O que de errado pode acontecer? — perguntei enquanto o acompanhava até a porta
— Ela pode ter fortes dores de cabeça ao acordar, além de náuseas, mas isso é apenas resquícios do estresse que passou. Apenas observe, se ver que a respiração dela está instável novamente não pense duas vezes ao me ligar. — então ele apertou a minha mão e saiu
— Renata, obrigada por hoje, pode deixar que farei meu pai te dar umas férias extras, mas antes que você vá deitar, quero que faça mais um favor para mim
— E o que seria? — ela me olhou desconfiada
— Amanhã cedo, assim que você acordar, compre umas roupas novas para a Heloísa, tenho certeza que ela irá querer tomar um banho quando acordar. — foi quando tirei uma boa quantia da carteira e lhe entreguei
— Mas Téo, esse dinheiro dá para reformar um guarda-roupa — ela disse assim que o recebeu
— Compre apenas uma blusa, uns shorts e roupas íntimas o que sobrar de troco pode ficar para você
— Eu não posso aceitar — Ela me devolveu metade das cédulas que estavam na sua mão
— É o mínimo que posso fazer por você depois de hoje, agora vá descansar, ficarei de olho nela até ter a certeza que ela passa bem — acompanhei Renata até a porta
E depois sentei-me na cama ao lado da Heloísa, mesmo que ainda estivesse com os olhos fechados, dessa vez ela estava diferente, seu corpo estava mais quente e seu rosto mais sereno, agora ela estava apenas dormindo. Comecei a acariciar o seu cabelo e ela que estava deitada de costas se virou para mim, parei por uns segundos pensando que tinha a acordado, mas ela apenas suspirou e voltou ao seu sono profundo. Enquanto isso eu me recusava a dormir com medo de que algo de errado acontecesse com ela, e assim observei à noite passar, os olhos pesavam e às vezes o corpo pedia para tirar um cochilo, mas eu lavava o rosto e ficava mexendo no celular para distrair, quando o sol enfim apareceu eu resolvi ir para o meu quarto, tomei um banho e quando voltei para cama encontrei uma camisa diferente em cima da mesma.
Foi quando percebi que a Renata também tinha comprado uma roupa para mim, antes de deitar, resolvi ir novamente ao quarto ao lado, como forma de precaução tinha deixado a porta destrancada. E ela continuava dormindo tranquilamente, do jeito que eu tinha deixado, então voltei para o meu quarto e enfim peguei no sono.

Eu não lembro o que fiz na noite passadaOnde histórias criam vida. Descubra agora