32. Poupe-me os detalhes

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18 de agosto, 12:19

— Eu não acredito nisso! Isa, sua vida parece aquelas histórias de filmes — a Samira ria após eu ter contado sobre o Sérgio.

— Depois ele ainda teve a coragem de me pedir conselho — eu comia um pouco de pipoca, que por sinal era o meu almoço.

— E o que você disse? — Sam devorava a pipoca ansiosa.

— Pra ele ser feliz, que se o cara fazia bem a ele nada mais importava. — Dei de ombros.

— Você é um poço de maturidade — ela batia palmas enquanto eu fingia uma reverência.

Assim que eu terminei minha conversa com o Sérgio, após ele me pedir conselhos amorosos, eu não pude evitar e liguei para a Samira. Mesmo depois das verdades que ela jogou na minha cara, eu precisava dividir isso com alguém, como ela estava curiosa para saber qual a notícia bombástica, veio sem nem pensar duas vezes. E eu não me arrependia, agora era como se nada tivesse acontecido, no final de tudo ela era a minha melhor amiga e isso que importava.

— Não que eu esteja querendo pesar o clima, mas tem notícias do Téo? — ela me encarou com as sobrancelhas arqueadas.

— Não, ele sumiu e eu não sei se devo procurá-lo. — Me joguei na cama e fiquei olhando para o teto.

— Isa... Como assim não sabe? — ela deitou do meu lado.

— Simplesmente não sei, como tratar alguém que te pediu em namoro e você recusou? — tapei o rosto com as mãos.

— Você se arrependeu de não ter aceitado?

— Não, eu realmente não quero assumir um relacionamento agora, mas sinto saudades dele.

Ficamos deitada por um bom tempo, eu estava perdida nas minhas lembranças com o Téo e a Samira ficou ao meu lado quieta, talvez esperando que eu puxasse assunto novamente. Mas eu já não tinha mais nada para falar.

— Aff! Vamos melhorar essa cara! — ela saltou da cama e me puxou.

— Tá, chega de falar de mim. Vamos falar de você! — sentei na cama e bati para que ela sentasse ao meu lado.

— Não tem nada para falarmos sobre mim — ela continuou em pé.

— É o seguinte, irei ignorar todo o estrago psicológico que isso pode me trazer, mas eu quero saber sobre você e o Ricardo.

Chamar de pai agora, tornaria a situação pior do que já era.

— Tem certeza disso? O que você quer saber? — ela sentou ao meu lado um pouco assustada.

— Poupe-me alguns detalhes sórdidos, mas diferente de mim, parece que alguém está em um relacionamento. Que por sinal é o primeiro, já que você sempre fez a linha desapegada.

— Bom, eu nunca fui do tipo que gosta de melação. Me desculpe as coisas que eu irei falar, eu me responsabilizo pelas sessões de terapia. Mas Isa, que homem! Enquanto você estava fora, ele ficou mais a vontade, saímos para jantar, conversamos de futebol até séries, ele me levou até em casa e disse que gostaria de repetir a dose. Eu que até então estava um pouco na dúvida se era ou não a hora, puxei ele para um beijo e ele não recuou, e que beijo...

— Calma! Preciso de dois segundos para respirar um pouco, antes que eu vomite o meu almoço de toda a semana. — Interrompi e respirei fundo — Pode continuar. — Completei.

— Logo depois que ele chegou em casa, ele me ligou e começou com a história que ele tinha gostado de sair comigo, mas que ao mesmo tempo ele se sentia estranho por estar saindo com a amiga da filha e que ele me conhecia a muito tempo, que era difícil começar a me ver como mulher e todo um drama que eu já não estava aguentando mais. — ela revirou os olhos.

— E o que você fez?

— Eu falei que o jantar no outro dia poderia ser aqui, então coloquei um vestido vermelho, caprichei na maquiagem e peguei o salto mais alto que tenho. Devo ter envelhecido uns cinco anos só com essa produção, quando cheguei aqui, o Ricardo tinha feito todo o jantar e ainda tinha uma garrafa de vinho nos esperando. Isa, você me conhece, eu não ia ficar brincando de romance adolescente, então três taças de vinho depois do jantar, nós fomos para o sofá e eu decidir que agora iria até o fim.

Eu já estava me preparando para o que viria em seguida.

Porém, antes que eu pudesse pensar em algo, foi ele que me puxou e me beijou de uma forma melhor do que a noite anterior. Beijo vai, beijo vem ele inventou que já estava ficando tarde e que era melhor eu ir para casa. Mas eu não poderia deixar isso barato, fingi que não escutei e as coisas começaram a esquentar, então, como sou uma boa amiga, arrastei ele pro quarto para que você não tivesse péssimas lembranças naquele sofá. E posso dizer uma coisa? O seu pai deve ter dado umas escapadas durante esses anos, pois ele ainda tá muito em forma, se é que você me entende... — ela passava a mão sobre o pescoço e eu tinha a sensação que estava relembrando a noite.

— Acho que irei precisar da terapia — tapei o rosto com as mãos e ela simplesmente deu um tapa no meu braço e começou a rir.

— E foi assim que o Ricardo passou a me ver como algo além do que sua melhor amiga. — ela completou e eu apenas balançava a cabeça, rindo.

— Acho que eu vou precisar de um tempo para digerir tudo isso, que tal um filme? —perguntei já pegando o controle da TV.

— Então eu acho que vou fazer mais pipoca! — antes que eu percebesse ela já estava a caminho da cozinha.

Eu não lembro o que fiz na noite passadaOnde histórias criam vida. Descubra agora