15. Último andar

226 55 13
                                    

14 de agosto, 16:02

Eu estava seguindo Téo pelo longo corredor do hotel, pegamos o elevador até o último andar, e então ele abriu uma porta que embora fosse de vidro era fosca e não dava para saber o que tinha ali dentro. Assim que ele abriu, eu não estava acreditando no que via, era um longo deck com uma piscina enorme, que aparentava não ter fim, em volta estavam cadeiras de praias, sobreiros, um freezer e um lugar separado que parecia ser um banheiro.

— Meu pai pensou esse lugar para hóspedes especiais, aparentemente, eu sou um deles. — Ele deu um sorriso convencido

— Uau, o dia até ficou mais lindo daqui — pelo que percebi no elevador, o hotel tinha 15 andares, nunca tinha ido em um lugar tão alto assim.

— Vem aqui — ele me chamou e eu fui até o parapeito de vidro que estava em volta da cobertura

— É incrível! — Eu só conseguia falar isso ao me deparar com aquela vista, o hotel fica no centro de Nova Iguaçu, tinham em nossa volta alguns prédios maiores, mas em comparação era como se as pessoas lá embaixo fossem apenas brinquedos.

— Quando eu sinto falta do Rio, eu venho para cá, tudo bem que não é o Pão de Açúcar, e sinto falta das praias, mas é só entrar nessa piscina, pegar um sol, ou ficar apenas observando a lua que eu já me sinto bem. Você teria que vim aqui em uma noite de lua cheia para ver o quão maravilhoso é. — Enquanto ele falava, seus olhos brilhavam e eu fiquei curiosa de saber realmente como seria ter essa sensação.

O sol não estava tão forte, mesmo que estivéssemos no inverno, sentei-me a beira da piscina e comecei a molhar os meus pés. Foi quando Téo se afastou de mim e entrou no lugar onde eu acreditava que era um banheiro, eu estava tão distraída que nem percebi quando ele voltou de lá.

— Espero que seja o seu tamanho, pela primeira vez consigo entender o porquê de meu pai guardar esses biquínis aqui, não se preocupe, nunca foram usados, ele deixou caso alguém tivesse uma emergência. — ele me mostrou um biquíni todo preto.

— Eu me surpreendo cada vez mais em como seu pai pensa em tudo, vai dizer que tem uma sunga aí também — foi quando ele concordou com a cabeça e sorrindo.

— Eu só tenho que agradecer, ou você prefere tomar banho de calcinha e sutiã, se quiser, fique à vontade. — ele me encarou e seus lábios formaram um sorriso torto

— Safado! Eu irei preferir o biquíni — ele tentou fazer uma cara de desapontado.

Então peguei-o de sua mão e fui em direção ao banheiro, só quando cheguei lá que vi que não era um banheiro qualquer, era um local com vários compartimentos, banheiro, vestiários e eu não precisaria de uma trena para saber que era muito maior que o meu quarto.

Quando eu voltei fiquei surpresa ao ver que o Téo já estava com uma sunga vermelha, antes que eu perguntasse ele respondeu:

— Peguei para mim também e você demorou muito lá dentro, mas valeu a pena esperar, parece que fizeram esse biquíni para você. — ele veio para perto de mim batendo palma.

— Então, você quer dar as honras — Apontei para a piscina, e ele apenas me olhou de um jeito malicioso.

Antes que eu pudesse entender o que significava aquele olhar ele me carregou e caímos na piscina juntos, a água não estava tão fria, mas com o susto meu corpo todo arrepiou.

— Seu louco, eu não estava pronta para isso! — Bati as mãos na água

— Você nasceu pronta! — Ele jogou um pouco de água em mim.

Fui em direção à borda da piscina, de longe ela dava impressão que não tinha fim, agora de perto nos dava a oportunidade de observar parte da cidade e ter uma bela vista.

— Lindo né? — Téo me abraçou por trás

— Sim, quantas meninas você já trouxe aqui, para fazer essa cena de conquistador barato? — Me virei para ele

— Nenhuma, esse é o meu lugar especial, ou melhor, agora é nosso — e logo após dizer isso ele me beijou.

Passamos o resto da tarde em clima de romance, tudo ficou mais mágico quando o sol começou a se pôr e o céu laranja emoldurava aqueles prédios, eu estava certa que não planejaria sair dos braços do Téo tão cedo.

— Onde você estava escondida durante todo esse tempo? — Ele perguntou enquanto estávamos sentados na borda lateral da piscina.

— Trancada em casa tendo uma crise existencial por não saber o que eu faria da minha vida

— É, devo agradecer aquela sua amiga por ter te levado naquele barzinho, mesmo no meio daquela multidão você se destacou de um jeito, que eu já sabia que além de linda, seria também uma garota maravilhosa. — Ele acariciou o meu rosto enquanto falava

— Sabia que nas últimas vinte quatro horas eu ouvi mais elogios de você, do que eu ouvi durante a minha vida toda? — Dei um meio sorriso —estou ficando mal-acostumada — completei.

— É porque nem todo mundo sabe valorizar alguém assim, se eu tivesse te conhecido antes, faria questão de lhe elogiar todo dia. — suas sobrancelhas arquearam-se.

Porém, assim que começou a escurecer eu lembrei da promessa que tinha feito a meu pai. Então enquanto ele me abraçava e estava perdido em pensamentos eu anunciei:

— Temos que ir. — ele não retrucou, mas vi que seu semblante mudou totalmente.

Então nós nos secamos e voltamos para o quarto ainda com a roupa de banho, no caminho nos divertíamos com os olhares curiosos dos hóspedes que acabamos encontrando.

— Você viu como aquela senhora te olhava? Era como se você fosse doce favorito dela numa vitrine. — gargalhei assim que entramos no quarto, lembrando da situação.

— Cuidado, assim que você sair, ela pode vir me sequestrar — ele entrou na brincadeira.

  —  Sabe, eu até entendo ela, não é todo dia que a gente ver um gato desse de sunga no corredor do hotel. —  encostei ele na parede e começamos a nos beijar.

  —  Acho melhor a senhorita parar, antes que eu pense em te acompanhar nesse banho —   antes que ele falasse mais algo, entrei no banheiro e tranquei a porta

Tínhamos combinado que eu iria primeiro, já que minhas roupas já estavam na minha mão, e enquanto ele tomava banho eu ficaria secando meu cabelo para então ir para casa. Assim que saí ele estava terminando de escolher as roupas, ao passar por mim ele disse:

— Deixei o secador encima da cama, se precisar de algo é pegar no guarda-roupa. — e então entrou no banheiro.

Já estava terminando de secar o cabelo, quando vi que o celular do Téo vibrava encima da cama, antes que olhasse quem era resolvi bater na porta.

  — Tem alguém te ligando — gritei para que ele pudesse me ouvir mesmo com o barulho do chuveiro.

— Atende para mim, por favor! — ele responde de volta.

Peguei o celular que ainda vibrava e vi que o número não estava salvo na agenda, atendi e do outro lado era uma voz feminina, quase não acreditei no que estava ouvindo.

— Então linda, quem era? — Ele perguntou assim que saiu do banheiro, ainda secando o cabelo na toalha.

Eu estava tentando responder não só para ele, como também para mim:

— Sua namorada!

Eu não lembro o que fiz na noite passadaOnde histórias criam vida. Descubra agora