41. Estou a sua espera

50 17 0
                                    

24 de agosto, 19:53

O André insistiu para me pegar em casa, mas consegui convencer ele de me esperar na pizzaria que marcamos, não queria que o Ricardo o conhecesse agora, o André era apenas um amigo, não tem lógica eu apresentar ao meu pai, e depois do Téo acho que ele está um pouco traumatizado com os homens que aparecem na minha vida. Então, vesti uma calça jeans simples, com uma blusa de alça preta, pois estava muito calor, e coloquei um tênis branco para ser mais casual.

Enquanto esperava o uber, meu celular vibrou:

"Estou a sua espera"

Sorri.

A pizzaria não era tão distante, então a viagem foi rápida, assim que o carro estacionou vi que ele estava em pé logo na frente do estabelecimento. Sorri ao perceber sua roupa, enquanto eu tinha escolhido uma blusa preta discreta, ele vestia uma camisa branca estampada com uma fórmula de física, uma calça preta e um all-star azul escuro que me fez lembrar da música do Nando Reis.

— Olá nerd — disse-lhe apontando a camisa.

— Equivalência massa-energia. — ele respondeu orgulhoso.

— De física eu só sei a fórmula da velocidade média e do sorvete. — sorri.

— Fórmula do sorvete — ele revisou os olhos.

— Enfim, vamos comer ou você vai me fazer uma revisão pré-vestibular? — perguntei enquanto já entrava na pizzaria,

Assim que achamos uma mesa e sentamos ele questionou:

— Por que escolheu logo uma pizzaria?

— Porque aqui tem uma das melhores pizzas da cidade e estava intrigada sobre a história de paulistanos e o ketchup na pizza. — ironizei enquanto olhava o cardápio.

— Sou uma vergonha para os meus conterrâneos, pois eu adoro ketchup. — ele sorriu enquanto também olhava o cardápio.

Minutos depois o garçom apareceu perguntando se já tínhamos decidido

— Uma pizza grande, metade mussarela, metade frango com catupiry. Enquanto a pizza não vem, você pode nos trazer uma cerveja?

Assim que ele terminou o garçom assentiu e foi buscar a cerveja.

— Confesso que irei voltar a beber hoje depois de muito tempo. — disse-lhe enquanto éramos servido.

— O que houve? —ele franziu a testa intrigado.

— Um episódio nada legal envolvendo tequila. — sorri de leve ao lembrar.

— E eu pensando que você era santa. — ele levantou as sobrancelhas enquanto trazia o copo para um brinde.

— Digamos que foi um momento de revolta — sorri ao lembrar.

— Não tem nada que te revolte no momento? — ele deu um sorriso de canto.

E durante um tempo ficamos brincando um com um outro, conversamos desde futebol, ele era corintiano, também falamos sobre a situação atual do país, sobre os sonhos, ele tem o desejo de trabalhar fora do país.

Passei um tempo observando como ele era tão animado quando falava sobre o seu futuro, ele ainda era muito novo, mas já tinha conquistado tanta coisa, e quando falava sobre especializações, cursos, empregos, parecia que ele planejava cada detalhe daquilo. Porém o que mais me chamava atenção nele é que ele era independente, tudo em sua vida tinha dependido apenas dele e agora já não seria diferente, ele era do tipo que se queria algo, faria de tudo até conseguir.

Fomos interrompidos quando finalmente a pizza chegou.

— Eu não sei como não vim aqui antes. —ele falava ao provar a primeira fatia.

— Eu não menti quando disse que era a melhor pizzaria da cidade.

— Você já é linda, e ainda me traz para um encontro num lugar onde tem uma pizza gostosa dessa? Não tem como minha noite melhorar — ele me encarou sorrindo, enquanto eu apenas continuei a comer, calada.

Depois que terminamos a pizza ele questionou:

— Heloísa? O que houve? Você ficou quieta de repente.

— Não, apenas impressão sua.

— Estranho.

Saímos da pizzaria e ele me olhava como se eu fosse a fórmula de física mais difícil que ele já viu, e continuou até quando entramos no seu carro.

— Sério, o que eu falei de errado? — ele me encarou antes de ligar o carro.

— Nada, só não tinha me dado conta que estávamos em um encontro.

— Ah, então foi isso, perdão. — ele suspirou decepcionado.

— Não precisa se desculpar.

— Mas, sério, obrigado por essa noite, você é uma garota linda, tão inteligente e simpática, tão diferente das outras... — ele foi se aproximando.

Antes que ele terminasse de falar, por um impulso, pus minhas mãos em volta do seu pescoço e puxei-o para um beijo.

— Você não tinha namorado? — ele se afastou e me olhou assustado.

— Bem, se tinha ele acabou sumindo.

Eu não lembro o que fiz na noite passadaOnde histórias criam vida. Descubra agora