5. Sempre que precisar

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13 de agosto, 9:43

— Ele só pode ser muito babaca — murmurou Sam enquanto alisava o meu cabelo.

— A gente vai se divertir muito hoje à note, ele não vai acabar com o seu aniversário! — Ela tentava me animar enquanto tentava em vão limpar as lágrimas do meu rosto, eu não sabia há quanto tempo eu estava chorando, nem quanto tempo ela estava ali, só sabia que eu não conseguia evitar que as lágrimas escorressem.

O fato é que somos amigas desde sempre, ela totalmente o meu oposto, loira e de olhos claros fazia qualquer cara se apaixonar logo de cara, mas nunca cheguei a vê-la com um namorado, pois segundo a mesma "namoros são supervalorizados", o que importa para ela realmente é colecionar boas aventuras. Isso a Samira sabe fazer muito bem, ela não tem medo do que pode dar errado, simplesmente, se joga e segue o baile esteja ele bom ou não.

— Eu não quero saber de aniversário, meu dia acabou.

— Nada disso, mais tarde iremos naquele barzinho da esquina e quem sabe o destino não te presenteia com o cara gato, pra que você possa esquecer o idiota do Sérgio!? — Ela parecia se divertir na própria imaginação.

— Ah, com toda certeza vai acontecer. Não estamos em um filme romântico, e se tivéssemos eu jamais seria a mocinha, no máximo seria a coadjuvante chata. — Finalmente resolvi levantar da cama.

— Ex embuste, melhor amiga incrível, com certeza você seria a protagonista.

— Sua modéstia me emociona — e antes que eu percebesse, a Sam conseguiu tirar um sorriso de mim.

— Aí, isso que eu quero ver — ela apontou para o meu rosto toda animada.

— E agora que você está melhor, vem cá, deixa eu te dar meus parabéns.

Esse abraço agora era diferente, o primeiro era como se ela quisesse me proteger do mundo, esse era de cumplicidade, agora estava na hora de enfrentarmos o mundo.

— Finalmente terei uma parceira para beber, esses seus dezoito anos demoraram séculos. — Completou assim que se afastou.

A Samira era um ano mais velha que eu, mas bebia escondido desde os dezesseis, mesmo quando os garçons se recusavam ela sempre dava em cima de algum para conseguir um copinho sem que fosse preciso mostrar a identidade.

— Não! Nem venha com seus planos malucos, não é por que estou com dezoito que ficarei que nem você, no máximo um copo para comemorar.

— Então que seja um copo de dois litros.

— Ainda não sei o porquê de permitir que você saia com minha filha — meu pai adentrou o quarto, com uma cara que eu não sabia se ele estava brincando ou falando sério.

— Deve ser porque eu torno a vida dela mais emocionante, Rick — Meu pai se virou como se ela o tivesse xingado.

Apesar da enorme diferença de idade ela tratava meu pai como se fosse um amigo, pois segundo ela, chamar de tio tirava todas as chances que ela teria com ele, sempre achei nojento, mas de um tempo para cá passei a ignorar isso.

— É melhor eu deixar vocês sozinhas — ele saiu um pouco sem graça.

— Ah, eu com um pai desse... — Samira começou a se abanar.

— Não, não, de jeito nenhum que eu vou passar por isso hoje. Meu dia já tá maravilhoso, por favor, saia antes que eu comece a vomitar.

— É isso que a gente ganha ao tentar consolar uma amiga — mesmo que ela quisesse não conseguiu sair sem rir.

— Até de noite! — Gritei na esperança que ela pudesse me ouvir, mas não obtive resposta.

Assim era o nosso jeito, apesar de não ficar de muita melação eu sabia que poderia contar com a Sam sempre que precisasse e era recíproco. E apesar das baixas, pelo menos agora eu passaria o meu aniversário com pessoas que me fazem bem, depois do início desse dia, tudo que eu estava planejando é que no final da noite eu pudesse voltar para cama tranquilamente.

Eu não lembro o que fiz na noite passadaOnde histórias criam vida. Descubra agora