16. Voltei

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14 de agosto, 18:13

— Helô, eu posso explicar... – O Téo jogou a toalha na cama e veio em minha direção, mas eu me afastei

— Olha, eu acho que não sou tão burra assim, você encontrou uma menina na balada e achou que seria bom se divertir um pouco, enquanto a sua namorada está em outro lugar – joguei o celular em sua direção, mas não foi forte o suficiente pois ele pegou sem nenhuma dificuldade.

— Você acha que foi apenas isso para mim? Uma diversão? – Ele chegou mais perto para que eu pudesse olhar em seus olhos

— Eu não sei de nada, na verdade eu nem sei quem você é – passei por ele e saí do quarto sem nem olhar para trás.

Cheguei até o elevador e pareceu uma eternidade até que ele chegasse, foi tempo suficiente para que o Téo, dessa vez já com camisa e a chave do carro aparecesse:

— Heloísa, me deixa te levar até sua casa, eu explico tudo no caminho. Por favor, não vá embora pensando que eu sou um babaca que não te valorizei.

— Téo, pegue o mínimo de dignidade que te resta e some da minha frente, o que eu menos preciso é de mais algum minuto com você.

Foi quando o elevador chegou e ele ficou me encarando enquanto as portas se fechavam, mas aparentemente me obedeceu, pois ele não me seguiu. Quando cheguei a recepção não era a Renata que estava lá e sim um homem, que aparentava ter uns trinta anos, imaginei que a Renata estivesse dormindo depois da noite de ontem. Ao sair do hotel, pensei em pegar um táxi, mas como estava sem dinheiro, meu pai enfartaria se tivesse que pagar uma corrida de Nova Iguaçu a Itaguaí, então optei por chamar um Uber, pelo menos o prejuízo iria para o meu cartão.

O motorista teve uma crise de riso quando eu falei o meu destino, mas ao ver que eu não estava bem, passou o percurso todo em silêncio. A trilha sonora do Ed Sheeran não estava ajudando em nada, até então tinha ficado com tanta raiva que não sobrara lugar para outro sentimento, mas durante o caminho para casa minhas lágrimas começaram a descer enquanto eu lembrava do papel de trouxa que tinha feito nas últimas 24 horas. Quando cheguei em casa, limpei as lágrimas, mas isso não estava adiantando de nada, ao abrir a porta eu ouvi as vozes das duas pessoas que eu mais precisava naquele momento, meu pai e minha melhor amiga.

— ISA! – A Samira gritou assim que me viu e saltou do sofá para me dar um abraço

Enquanto o Ricardo analisava e se decidia se brigava comigo ou me abraçava também, eu fui em sua direção, não sei se foi a preocupação, ou a minha cara terrível que fez com que ele também me abraçasse, sem falar uma palavra sequer.

— Antes que vocês perguntem, eu vou explicar tudo – falei já sentando no sofá

E não poupei nenhuma informação, mesmo que aquela história fizesse com que o meu pai ficasse extremamente desapontado comigo, eu nunca tinha mentido para ele, e agora precisava muito do seu colo, então resolvi contar tudo, para que ele me ajudasse.

— Menina! Quem diria, o que tem de lindo, tem de idiota — A Sam franziu as sobrancelhas, indignada

— Na verdade, a idiota dessa história sou eu – Respondi batendo na minha cabeça

— Nada disso! Eu ainda não sei como devo reagir a essa sua noite rebelde, mas esse cara aí é um moleque, o tipo de rapaz que eu quero manter distância de você! – Os punhos cerrados do Ricardo indicavam o quanto ele estava irritado, não sei se era comigo ou com o Téo

— Isa, ainda bem que você voltou, estávamos tão preocupados – A Sam pegou minha mão e eu realmente vi que ela estava aliviada.

— Tem muito tempo que você está aqui? – Questionei

— Na verdade, eu vim para cá assim que acordei, quando o Rick contou que você não tinha voltado eu te mandei algumas mensagens e resolvi ficar aqui para te esperar — Ela deu de ombros, como se aquilo fosse o mais certo a se fazer.

RICK? Como assim ela estava chamando meu pai de Rick?

— Pai, você pode pegar um copo de água para mim? – Pedi, e logo em seguida ele foi para cozinha.

— Samira, eu te conheço, me diz que durante esse tempo que você ficou sozinha com o meu pai, você não tentou nada – sussurrei para que ele não ouvisse nada

— Isa, você sabe que o seu pai é um homem muito atraente, e eu não escondo que sou afim dele – ela sussurrou também, mas levava seu olhar para cozinha enquanto falava – mas ele só conseguia pensar se você estava bem, então nem pude tirar uma casquinha – completou.

— Ainda bem — suspirei aliviada.

— Mas isso não quer dizer que eu tenha desistido, aliás acho que hoje ele pode conhecer uma versão mais madura de mim – ela abriu um sorriso suspeito.

Mas logo meu pai voltou com a água e eu não perguntei mais nada, apenas fiquei olhando desconfiada para os dois, nem eu conheço uma versão madura da Samira, tenha até medo do que ela conversou com o Ricardo.

Logo depois, a Sam disse que já estava ficando tarde e era melhor ir para casa, me despedi dela e fui tomar um banho, tudo que eu queria era dormir e esquecer do dia de hoje. Quando eu estava indo pegar algo para comer na geladeira, ouvi alguém bater na porta, estava indo atender, mas o Ricardo já estava lá, e só de ouvir aquela voz eu congelei.

— Boa noite, desculpe incomodar, eu sou o Téo.

Eu não lembro o que fiz na noite passadaOnde histórias criam vida. Descubra agora