12. Emergência!

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14 de agosto, 00:05

Levantei o seu corpo com o maior cuidado possível, e observei cada detalhe até ter a certeza de que não tinha nenhum machucado. Carreguei-a até o carro e coloquei e deitei o banco do carona o quanto pude, ajeitei os cintos de segurança e fui para o banco do motorista ainda sem saber para onde iria.
Ela estava sem documentos, não poderia levar uma garota desconhecida desacordada por causa de bebida para o hospital sem que fosse suspeito. Ela acabou não me dizendo onde morava, e eu nem teria coragem de levá-la nesse estado para casa. A cada momento que passava eu começava a ficar preocupado pelo fato dela ainda estar desacordada, eu precisava  pensar rápido, foi quando acelerei o carro em direção ao único destino em minha mente.
Devo ter infringido umas cinco leis de trânsito durante todo o percurso, principalmente porque Nova Iguaçu ficava a uns quarenta e cinco minutos de Itaguaí, e eu consegui chegar em menos de meia hora, estacionei o carro assim que cheguei no hotel, mas desci do carro para ver como estava a situação antes que eu chegasse carregando uma garota qualquer, totalmente inconsciente.
— Renata! Renata! — gritei o nome da recepcionista quando cheguei no portão.
Renata tinha sido contratada um pouco antes de eu me mudar para cá, após todo esse tempo ela me acobertou muitas das minhas encrencas. Ela sempre me ajudava, e nunca pediu nada em troca, esse ano pedi para que meu pai conseguisse uma bolsa de estudos na faculdade de ADM para ela.
— Téo, o que aconteceu? — ela logo veio com os olhos arregalados
— Sei que você não pode fazer isso, mas ontem eu vi que um médico fez check-in aqui no Atlântis, e eu preciso muito dele agora.
— Ele voltou de um congresso, porém acredito que já esteja dormindo, e seu pai me mataria se eu perturbasse algum hóspede, principalmente um médico.
— Você não precisa fazer nada, só me diga o quarto em que ele está hospedado.
— Você enlouqueceu, isso é um absurdo, não posso...
Antes que ela completasse eu abri a porta do carro para que ela visse o motivo do meu desespero.
— Ela está? Ela está morta? — A Renata perguntou com as mãos na boca
— Não, aparentemente está em coma alcoólico, eu preciso de um médico antes que piore, te explico os detalhes depois. Mas você tem que me dizer onde o médico se encontra, por favor.
— Tudo bem, mas depois de hoje, eu não lhe ajudo mais — Ela passou as mãos sobre o rosto — Vá até o quarto 514 — completou.
Nem esperei o elevador, fui pela escada de emergência, só quando finalmente cheguei no quinto andar me arrependi de tal feito. Parei em frente à porta e antes que conseguisse imaginar uma história, bati. Não foi preciso esperar muito tempo, até que um homem de aparentemente trinta anos, ele era do meu tamanho e um pouco mais magro, seu cabelo estava praticamente raspado, tentei imaginar ele com o jaleco para saber se estava no quarto certo.
— Pois não — Pela sua falta de roupa, imaginei que ele estava dormindo, nunca pensei em ver um médico de samba-canção.
— Desculpe incomodar, mas o senhor que o médico que veio ao congresso?
— Sim, sou o Dr. Pedro Moraes, esse congresso faz parte da minha especialização em cirurgia cardiotorácica. — ele estendeu a mão para me cumprimentar.
— Eu estou com uma emergência, tem uma amiga minha que acabou bebendo um pouco demais e faz mais de meia hora que ela está inconsciente, a história é longa e confusa, e eu não posso levar ela ao hospital, então a única saída foi trazê-la até aqui. E eu realmente que o senhor tenha uma maleta de emergência, pois cada minuto que passa eu fico mais preocupado — terminei para recuperar o fôlego, não tinha reparado que não parei um segundo sequer para respirar e eu só podia torcer para que ele tenha entendido a minha aflição.
— Onde ela está? — foi só o que ele quis saber
— No banco do meu carro, em frente ao hotel.
— Para sua sorte eu tenho uma maleta de emergência, vou verificar se tem tudo que eu preciso. Encontre um quarto para ela, o quanto antes e passe aqui logo depois. É por favor, faça isso o mais rápido que puder.
Aquelas últimas palavras foram o suficiente, voltei novamente a escada de emergência e quando cheguei no portão de entrada a Renata estava chorando.
— Téo, a respiração dela está ficando mais fraca.

Eu não lembro o que fiz na noite passadaOnde histórias criam vida. Descubra agora