33. Novo hotel

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18 de agosto, 19:43

Passei o resto do dia assistindo filme com a Samira, mas ela foi embora antes que anoitecesse, disse que se o Ricardo chegasse iria pedir para ela ficar e ela já tinha passado muitos dias aqui, então decidiu tirar uma noite só para ela.

Eu tinha passado a noite trancada no quarto, dessa vez procurando alguns vídeos para assistir, mas nada me tirava o Téo do pensamento, esse silêncio entre nós era como se já tivéssemos semanas sem nos ver, cheguei até a pensar em ligar para ele, agora que já tinha o seu número, mas preferi ser discreta e apenas mandei uma mensagem.

"Saudades"

Ele visualizou e não respondeu nada, então desliguei o celular já me arrependendo do que tinha feito.

19 de agosto, 08:58

— Bom dia, Bela Adormecida! — ele adentrou o meu quarto com um sorriso lindo no rosto, é uma bandeja de café da manhã parecida com a da viagem.

— Bom... dia? — esfreguei um pouco mais os olhos para ter certeza que eu não estava sonhando ainda.

— Alguém me mandou uma mensagem dizendo que estava com saudade, achei que ao invés de responder pelo celular poderia responder pessoalmente. — ele pôs a bandeja em meu colo.

Não sei se era o sono, mas o Téo estava agindo como se nada tivesse acontecido, ainda estava com receio de quando aquela fachada de garoto romântico iria sumir e ele iria se mostrar alguém muito irritado comigo.

— Quem abriu a porta para você? — perguntei enquanto comia uma torrada.

— Meu ex-futuro sogro, cheguei quando ele estava saindo para o trabalho, então ele me deixou organizando tudo, já não estava aguentando esperar, então decidi te acordar, espero que não ache ruim.

— Que nada, adoraria ser acordada assim todo dia. — Sorri.

— Se você tivesse um namorado talvez pudesse aproveitar disso e muito mais. — ele sentou do meu lado na cama.

— Téo... — lancei-lhe um olhar torto.

— Tá, desculpa! — ele piscou para mim.

Não falamos mais nada até eu terminar o café da manhã, enquanto ele levou as coisas para a cozinha, eu aproveitei para tomar um banho e ficar um pouco mais apresentável.

— Você está linda! — ele me olhou de cima à baixo.

— Você acabou de me ver de pijamas, qualquer coisa é mais bonito que aquilo.

— Heloísa, você é linda de qualquer jeito. — ele se aproximou e acariciou o meu rosto.

— Obrigada? — respondi um pouco sem graça.

— Bom, mas eu também vim aqui para te buscar, quero te mostrar uma coisa.

Antes que eu pudesse perguntar o que era um carro buzinou do lado de fora e o Téo me arrastou até a porta, chegando lá, vi que um táxi nos esperava. Mesmo que eu perguntasse a todo momento ele esse recusava a dizer onde estávamos indo, o caminho parecia não ser estranho para mim, mas ainda assim não tinha como adivinhar o destino.

— Pronto, chegamos!

O táxi parou em frente à uma casa enorme, aparentemente largada pelo tempo, metade dela estava com uma tinta nova e a outra metade sem pintar, na sua parte externa tinha uma cerca natural a sua volta, com um portão de madeira logo à nossa frente. Pouco que eu conhecia sobre essas casa era que no passado ela tinha sido uma imponente mansão da cidade, agora ela já era desconhecida por conta das mudanças ocorridas com o tempo.

— Heloísa, conheça o meu mais novo hotel! — os olhos do Téo brilhavam.

— Uau! — foi só que consegui dizer.

— Depois de muita procura, achei o lugar perfeito, a estrutura está em um ótimo estado e faremos apenas alguns ajustes de instalação e decoração. Vamos aumentar a piscina e melhorar um pouco a área verde, aqui as pessoas poderão não só se hospedar, mas também passar uma tarde tranquila. Foi até bom você ter me dado aquele fora, ontem eu aproveitei para adiantar as coisas aqui, a documentação já vai ser encaminhada para o meu pai, e em breve poderemos inaugurar. — ele foi me explicando enquanto me mostrava todas as acomodações.

— Téo, isso é muito bom, essa casa é tão simples, mas ao mesmo tempo tão bonita, transformá-la num hotel só mostra o quanto você tem visão para o negócios.

— Bom, mas eu ainda nem te mostrei a minha surpresa.

Ele entrou em um cômodo que aparentemente era um escritório improvisado, eu fui atrás sem entender o que estava acontecendo.

— Tivemos que fazer umas modificações para não ficar tão na cara. — foi quando ele começou a desenrolar um cartaz.

"HOTEL HELOÏSE"

— Sim, é a variação do seu nome, mais precisamente é o seu nome em francês. — vendo que eu não falava nada ele resilveu se explicar.

— Téo, isso... — perdi a fala no minuto seguinte, só conseguia olhar para aquele cartaz.

— Se você não gostou, eu posso mudar. — ele me olhou inquieto.

— Não, eu amei, só não sei se mereço tudo isso. — me virei para ele.

— Ultimamente não tem merecido mesmo, mas eu não preciso de um rótulo, eu posso não ser seu namorado, mas nós já vivemos muitas emoções. E quem sabe quando serei, mas até lá eu estarei te esperando, e quando você estiver pronta é só dizer. — ele chegou mais perto e olhou nos meus olhos.

— Não acho isso justo com você.

— Heloísa, eu já sou grandinho, sei até onde posso me arriscar. Esse hotel nunca existiria se não fosse por você, eu não seria quem sou hoje se não tivesse te conhecido. E eu jamais seria um homem tão feliz e tão apaixonado quanto eu sou hoje.

Novamente as palavras sumiram da minha boca, mas eu já não precisava falar nada, pois ele me beijou de uma forma que palavra nenhuma poderia explicar.

Eu não lembro o que fiz na noite passadaOnde histórias criam vida. Descubra agora