30. Namorados?

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17 de agosto, 16:27

— Téo... E-eu não sei nem o que dizer — senti meus ombros tencionarem.

— Um sim já seria suficiente — Ele arregalou os olhos.

— É que está tudo tão bem da forma que tá...

— Heloísa, eu não sei se gosto do que você tá querendo dizer — ele passou a mão pelo cabelo deixando ele mais bagunçado.

— Não é justo dizer não, mas...

— Mas? — ele me interrompeu.

— Mas eu não quero dizer sim — suspirei.

— Então o que está fazendo aqui? — ele perguntou rispidamente.

— Eu estou me divertindo, passando um tempo ao seu lado, eu gosto dessa nossa forma casual, tem pouco tempo que eu saí de um relacionamento e... — parei assim que percebi que ele estava gargalhando.

— Não diga que precisa de mais tempo para se recuperar do seu último namoro, pois em menos de vinte quatro horas você já estava muito bem recuperada nos meus braços — ele me encarou e sorriu de forma irônica quando terminou de falar.

— Uau, não esperava que você fosse desse tipo de cara — comecei a arrumar as minhas coisas.

— Que tipo de cara você quer que eu seja, eu passei uma noite em claro do seu lado, te conhecendo e te ouvindo, saí da cidade, mudei minha rotina, planejei uma viagem em menos de vinte quatro horas, te levei café na cama compartilhei os meus segredos, vou construir um hotel por você. Não estou te alegando nada, mas se você não quer esse tipo de cara ao seu lado, eu já não posso fazer mais nada. — seu olhar era firme, mas não de um jeito arrogante.

— Preciso ir embora!

Terminei de colocar minhas coisas na bolsa e me levantei, no mesmo momento o Téo pegou a carteira e jogou algumas cédulas na mesa e saiu logo atrás de mim.

— Como quiser, mas antes eu só preciso saber o que você quer realmente — ele adiantava o passo para me acompanhar.

— Eu quero que as coisas sejam exatamente assim, sem rótulos ou coisa do tipo, eu só quero ficar do seu lado. — diminuí o passo.

— Tudo bem, sem rótulos, sem namoro, se é isso que você quer... — ele apenas deu de ombros e seguimos em silêncio.

O Hotel nunca esteve tão longe, parecia que não íamos chegar nunca, eu estava evitando encará-lo, não sei se o que tinha ficado decidido significava que estávamos bem, ou não. O único momento que ele falou comigo novamente foi quando chegamos ao hotel e ele disse que era pra eu arrumar minhas coisas que ele iria ajeitar o checkout. Quando ele entrou no quarto, o silêncio continuou pairando sobre nós, estávamos cada um arrumando a sua mala sem nem ao menos uma troca de olhares.

17 de agosto, 17:46

Saí do hotel com o coração um pouco apertado, imaginei que aquela seria melhor viagem da minha vida, mas eu a teria estragado. Não demorou muito para que aparecesse um barco e em poucos minutos já estávamos na cidade de Itacuruçá, o Téo só abriu a boca para pedir um táxi e continuava me ignorando, quando já estávamos chegando em Itaguaí ele disse não muito alto, mas deu para ouvir perfeitamente:

— Ainda não desisti de você...

Eu preferi fingir que não escutei, aparentemente já o teria magoado muito para um dia, quando o táxi parou na porta da minha casa, ele desceu e tirou apenas as minhas malas, como tinha levado a chave fui abrindo a porta e ele me seguiu. Quando cheguei na sala encontrei o Ricardo sem camisa beijando a Samira no sofá, que pelo menos estava com todas as peças de roupa, tentei passar despercebida, mas no baque da situação não pude evitar quando a chave caiu da minha mão.

— Helô! É... E ai... voltaram cedo, né? — o Ricardo estava começando a ficar vermelho enquanto a Samira escondeu o rosto entre as pernas.

— Desculpe incomodar, podem continuar se divertindo. — me abaixei para pegar a chave planejando enfiá-la nos meus olhos.

— Que nada, venham assistir um filme conosco, contem sobre a viagem... — o Ricardo procurava sem sucesso a sua camisa.

— Bem que eu gostaria, mas apenas namorados fazem isso e infelizmente eu não faço parte desse posto, o taxista está me esperando. — o Téo largou as minhas coisas no chão, e saiu antes que eu dissesse alguma coisa, o Ricardo e a Samira ficaram me encarando sem entender.

— Preciso beber água — fui para cozinha e somente quando cheguei lá percebi que a Samira me seguia.

— Parece que a viagem não foi tão boa assim.

— Foi ótima, você não sabe como ele é perfeito! Estava tudo indo bem, até ele me pedir em namoro — resumi enquanto procurava um copo, e acabei ficando de costas para ela.

— Eu não acredito! — quando me virei para poder ir até a geladeira, a Samira me surpreendeu com um copo de água gelada, que ela gentilmente jogou em mim.

— Você enlouqueceu? — gritei com o susto e toda ensopada.

— Não, você enlouqueceu, isso aqui é pra ver se você acorda! Se você quer se fazer de difícil, deixa eu te dizer uma coisa, isso além de ser muito irritante já não é mais pra acontecer, pois você podia ter feito esse joguinho lá em Nova Iguaçu, ou antes de partir para uma ilha paradisíaca. Não é todo dia que aparece um Téo perdido por aí, mas o mundo tá cheio de garotas esperando que uma idiota como você dê o mole de deixar ele livre, leve e solto. — ela gesticulava com as mãos como se tivesse conversando com uma criança.

— Eu não dispensei ele, apenas disse que não queria nada sério por agora — passei a mão no rosto na tentativa de secá-lo.

— Heloísa, isso já passou do tempo de ser sério. Isso é algo que não tem como voltar atrás, o cara mudou a vida dele inteira por você, quando ele perceber que isso não valeu de nada, você não vai ter como voltar atrás. Pois enquanto ele tá aí correndo atrás de tu, está tudo uma maravilha, mas se ele se cansar, não vai ter mais jeito para que ele volto. Então engole esse seu orgulho e pega aquele homem pra você, pois Itaguaí pode não ser muito grande, mas o que não falta aqui é mulher solteira que queira um homem que a trate como uma princesa. — Suas sobrancelhas estavam arqueadas e seu olhar sério.

— Mas...

— Ah, e nem pense em correr atrás dele agora, só vai fazer você parecer mais maluca do que ele pensa, você não pediu para serem casuais, agora aguenta aí essa tua amizade colorida até você ter uma dignidade suficiente para reverter essa situação. — ela me interrompeu e me entregou uma toalha que estava dobrada na mesa.

— Eu vou para o meu quarto, preciso tomar um banho, ainda to com água do mar no corpo e no cabelo. Mas depois eu quero saber tudo, ou quase tudo sobre você e o Ricardo. — eu disse após finalmente conseguir beber minha água.

— Não tenho muito a contar, mas é que ao contrário de você eu valorizo a pessoa que está do meu lado, o seu pai é um cara incrível que com certeza deve fazer muito sucesso por aí. Então eu não vou deixar que a diferença das nossas idades interfira em algo, ou que me traga alguma insegurança, pois eu estou feliz Isa, e a felicidade a gente não pode adiar, pois um dia ela acaba.

Eu não lembro o que fiz na noite passadaOnde histórias criam vida. Descubra agora