Eu não lembro o que fiz na noite passada

36. Despedida

20 de agosto, 14:42

— Como? — ele me olhou um pouco confuso.

— Eu... Eu vou como você! A não ser que você não queira. – me aproximei com as mãos suando.

— Heloísa, eu não posso te pedir para que largue a sua vida aqui, e fique comigo em hospitais e todo o drama que me espera no Rio. – ele passava a mão pelo meu rosto.

— Mas eu quero está ao seu lado neste momento...

Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa, ele me beijou, e eu sabia que aquele era um beijo de despedida. E quando eu abri os olhos, ele me olhava como se procurasse algo em meu rosto, foi quando ele me disse algo que me fez paralisar.

— Heloísa, eu volto, porque eu te amo.

Seu olhar estava tão fixo em mim, que eu não tive reação alguma, apenas fiquei em pé olhando enquanto ele se afastava. Minha mente estava uma loucura, finalmente eu tinha encontrado um cara incrível na minha vida, e ele me amava, mas ao mesmo tempo, ele agora estava voando para longe de mim, e por mais que ele tenha me prometido voltar, meu peito já estava apertado por ter que esperar.

— Isa? — A Samira entrou no meu quarto com um olhar preocupado.

Assim que o Téo saiu eu liguei para ela contando tudo, porém, quanto mais eu falava, mais chorava. Então eu apenas pedir para que ela viesse ficar comigo e como boa amiga que ela é, não pensou duas vezes.

— E você não respondeu nada? — ela perguntou enquanto passava a mão pelo meu cabelo.

Eu apenas continuei a chorar.

— Você pode mandar uma mensagem, ou então... — Ela parou de falar ao ver que eu olhava para ela, inconformada.

— Tá, péssima ideia, vou ficar quieta.

E foi assim que seguimos, tanto que acabamos adormecendo, acordamos apenas quando o Ricardo chegou, como eu não estava querendo explicar tudo de novo para ele, fiquei no meu quarto enquanto a Samira foi vê—lo. E ela acabou contando tudo para ele, pois minutos depois ele já estava no meu quarto com uma barra de chocolate na mão.

— É o seu preferido...

— Não precisa me olhar com essa cara, eu to bem. — falei enquanto abria a embalagem.

— Está, por fora você pode até tentar mostrar isso, mas por dentro. Por dentro, você está chateada, triste, com saudades, da mesma forma que você ficou... – ele abaixou a cabeça.

— Quando ela foi embora.

E foi a vez do Ricardo ficar sem palavras, não sei se o fato dele lembrar da minha mãe fez com que várias lembranças viessem à tona, mas mesmo que ele quisesse me ajudar, ele também não lidava tão bem assim com partidas. A Samira ficou um tempo na porta observando toda a cena e só depois que eu acenei, ela entrou carregando uma panela de brigadeiro.

— Uma barra de chocolate é pouco. – ela disse nos entregando as colheres.

E ficamos os três comendo brigadeiro na minha cama, eu estava feliz por meu pai agora ter alguém para fazer ele sorrir, e quanto mais eu observava os dois, mais saudades dele eu sentia.