20. Tudo tranquilo

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15 de agosto, 18:16

— E então? — Meu pai apareceu na sala com uma ruga de preocupação.

— A culpada de tudo é uma ex dele que é maluca, e resolveu brincar comigo e acabei caindo. — Sentei no sofá ainda tentando entender a história.

— Você tem certeza que vai acreditar na história dele? — O Ricardo sentou ao meu lado.

— Não tão fácil assim, ele me mostrou os áudios da garota, era do mesmo número que tinha ligado para ele naquele dia. Você tinha que ver o quão baixa ela foi, senti até pena.

— Há muita gente errada nesse mundo, é por isso que te protejo tanto. — Suas sobrancelhas formaram uma única linha.

— Eu sei, mas acho que não precisa me proteger do Téo — eu encostei a cabeça em seu ombro e ficamos em silêncio durante muito tempo, foi quando eu resolvi puxar um assunto.

— Agora que resolvemos o meu problema, acho que o senhor esqueceu de me contar algo — levantei minha cabeça para que nossos olhares se encontrassem.

— O que tá acontecendo entre o senhor e a Samira? — Completei antes que eu mudasse de ideia.

— Co-como assim? — na mesma hora seus olhos arregalaram

— Pai, o senhor pode tá achando que é algo sutil, mas do jeito que as coisas estão indo não vai demorar nada pra rolar algo. — Tentei ficar o mais calma possível, para disfarçar o meu riso, a cara dele de espanto estava hilária.

— Sua amiga é muito bonita, engraçada, um pouco doidinha, mas isso só deixa ela com mais charme. Mas ela é sua amiga, tem a sua idade... — era como se ele estivesse explicando a uma criança para não brincar com fogo.

— Eu sei e no início cheguei a ficar chateada por isso, mas depois eu percebi que estava sendo idiota, se a Samira te faz feliz e você faz ela feliz também eu não posso atrapalhar, pois não estaria sendo uma boa filha, nem uma boa amiga.

— Quando você se tornou tão madura? — nós caímos na gargalhada.

Depois eu percebi que o Ricardo ficou bastante pensativo, ele com certeza estava ponderando pra ver se investir na Samira valia a pena. Acho que fui incentivada por ele, e comecei a pensar no Téo, tinha tanta coisa sobre ele que eu gostaria de saber.

Foi só depois que pensei em chamar ele para conversar mais uma vez que eu lembrei que não tinha o número dele, nem como contatá-lo, só sabia que ele estava numa pousada aqui perto, mas até então ele já poderia ter ido embora. Então eu lembrei do hotel, resolvi pesquisar o número do Google, agradeci por ser um hotel tão conhecido e de não ter me dado trabalho para achar.

Não demorou muito tempo tocando e logo atenderam, não precisei de muito esforço para reconhecer a voz:

— Olá, você ligou para o Hotel Atlantis! — A Renata falava educadamente.

— Oi Renata, é a Heloísa, eu gostaria de falar com o Téo, por favor. — Estava torcendo para que ela lembrasse de mim.

— Helô, que bom falar contigo novamente, mas infelizmente isso não vai ser possível, desde que você foi embora o Téo foi para Itaguaí atrás de você e não voltou mais. — Seu tom de voz mudou de animação para preocupação.

— Sério? Obrigada então! — Desliguei ainda sem acreditar.

Todo esse tempo o Téo estava aqui em Itaguaí, mas porque ele não teria voltado para Nova Iguaçu, já que ficava tão perto daqui? E mesmo depois de tudo eu ainda o dispensei e não tinha certeza se ele voltaria aqui como eu pedi, agora eu precisaria achar onde ele estaria para poder perguntar o motivo de ele ter ficado aqui, e principalmente eu não poderia esperar até amanhã.

Devo ter ficado muito concentrada na ligação e enquanto me arrumava, pois quando estava de saída reparei que a Samira tinha chegado e estava na sala conversando com o Ricardo.

— Galera, preciso achar o Téo, não posso esperar até amanhã, então vou rodar pela cidade, pois eu não tenho como me comunicar com ele, então não se preocupem se eu demorar, dou notícias futuramente. — anunciei quando passei por eles e fui em direção à porta.

Porém, antes de abri-la voltei repentinamente:

— Juízo! — Falei sorrindo ao ver que meu pai começara a ficar vermelho.

Esperei o Uber e quando o motorista perguntou o destino, apenas respondi:

—Não sei, só quero encontrá-lo.

Eu não lembro o que fiz na noite passadaOnde histórias criam vida. Descubra agora