28. Ciumenta

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17 de agosto, 12:23

— Eu não acredito que você me enganou assim na cara dura — O Téo voltou tentando fazer cara de bravo, mas não conseguia disfarçar o sorriso.

— Meu pai mandou um abraço e pediu para termos juízo — sentia meu rosto enrubescer.

— O que mais eu tenho é juízo — ele me encarou ainda sorrindo.

— Então, o que vamos fazer agora? — questionei enquanto andávamos pela praia

— Eu estava pensando em passarmos no hotel, trocarmos de roupa e passar a tarde aqui, tomando um banho de mar, pegando um sol. —

— É uma boa ideia, pois nem parece que eu vim para a praia — fiquei olhando para ver se tinha alguma marquinha.

— Quando eu morava no Rio, tinha umas meninas que pareciam morar na praia, tinham marquinhas até no inver...

— Olha, um especialista nas marquinhas das mulheres cariocas — interrompi ele é acelerei meu passo.

— Isso foi uma ironia? — ele adiantou também, para poder me acompanhar.

— Claro que não, meu bem.

— Heloísa, você ficou com ciúmes? — o Téo parou no meio do caminho de tanto rir, mas quando eu continuei andando ele viu que não estava achando graça.

— Eu não falei aquilo pra te provocar, foi uma fala infeliz que você interpretou errado...

— Agora você está dizendo que eu sou burra? — parei e me virei para ele.

— Nossa! Tinha algum camarão azedo, só pode. Você pode deixar eu me explicar e completar uma frase pelo menos? — ele chegou para perto de mim.

— A comida estava ótima — respondi séria.

— Então por qual motivo você está tão irritada assim? Eu realmente não entendi, eu só falei aquilo pois no Rio era comum ver as mulheres com a marquinha da parte de cima do biquíni, se isso te ofendeu em algo, me desculpe. — ele segurou o meu rosto.

— Ah, que vergonha! — eu me afastei e tapei o rosto com as mãos — eu não sei o que deu em mim... — falei ainda com o rosto escondido.

— Eu sei, ciúmes! De mim!

O sorriso do Téo estava tão grande que era até irritante, então eu adiantei na frente até o Téo enquanto ele cantava atrás de mim que eu era ciumenta, só tive um pouco de paz quando chegamos no hotel e fui tomar banho, pois o chuveiro abafava o barulho que vinha do quarto. Depois, enquanto o Téo tomava banho, arrumei a bolsa com tudo que poderia precisar naquela tarde, como protetor solar, creme, carregador e até fones de ouvidos. Quando ele saiu, já tinha esquecido a maldita música, mas ainda sorria.

— Você assim de biquíni me traz boas lembranças. — o Téo saiu do banheiro enxugando o cabelo.

— Pena que aqui não tem aquela piscina maravilhosa — continuei arrumando as coisas.

— Eu não preciso de piscina, só preciso de você — ele chegou mais perto e me beijou.

O seu cabelo ainda estava molhado, a toalha que ele estava na mão agora eu já não sabia onde tinha ido parar, os beijos foram ficando mais intensos quando meu celular começou a tocar.

— Depois você retorna — ele me puxou de volta para os seus braços.

— Pode ser importante, pode ser meu pai — me afastei para poder pegar.

— É só a Samira, ela vai entender — ele tomou o celular da minha mão.

— De acordo com os últimos momentos, pode ser meu pai também — tomei o celular da mão dele e atendi.

"Sam? Aconteceu alguma coisa?"

"Isa, estou atrapalhando algo?"

"Não, pode falar"

Eu tentava afastar o Téo que beijava o meu ombro.

"Seu pai que tá aqui na paranoia de que você não estava bem quando falou com ele, e que se eu ligasse você poderia desabafar"

Eu estava certa, os dois estavam cada vez mais próximos.

"Não, pode ter certeza de que está tudo ótimo aqui, ou melhor, está perfe... ai"

O Téo mordeu o meu pescoço e eu olhei para ele com uma cara feia.

"Eu ligo depois, algo me diz que estou atrapalhando a lua de mel"

"Samira, não é..."

Ela desligou.

— Você não poderia esperar um pouco, espero que ela não fale nada com o Ricardo — eu o encarei.

— Ah Heloísa, até parece que seu pai também não está se divertindo. — ele deu um sorriso de canto.

— Não tem mais clima, vamos para a praia antes que eu imagine certas coisas.

— Droga! — o Téo deu um tapa na cabeça.

17 de agosto, 13:57

Descemos e fomos caminhando até um ponto da praia onde a maré estava mais calma, pegamos uma mesa e o Téo pediu duas águas de coco.

— Quer tomar um banho? — ele perguntou enquanto tirava a bermuda.

— Não, vou tomar um pouco de sol, preciso ficar do jeito que um certo carioca gosta. — reclinei a cadeira.

— Cuidado, nesse horário alguns dermatologistas não recomendam — ele disse entre sorrisos enquanto ia em direção ao mar.

Depois de um tempo eu comecei a me incomodar com o calor, e o Téo parecia tão feliz com a água que fui acompanhá-lo, o cara da barraca disse que eu poderia ir sem medo das coisas, pois ali era um local seguro. Ficamos no mar durante um bom tempo, até que já estávamos com fome novamente, eu vim na frente pois o Téo não queria sair da água de jeito nenhum.

— Oh lá em casa — um cara de óculos escuros falou assim que eu passei.

Eu fiquei em dúvida se respondia alguma coisa ou ignorava, quando decidi responder vi que não só eu tinha ouvido, pois o Téo tinha acabado de dar um soco no cara.

Eu não lembro o que fiz na noite passadaOnde histórias criam vida. Descubra agora