2. Quem é você?

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14 de agosto, 14:25


"Pai, estou bem, explico tudo assim que chegar. Não precisa se preocupar comigo. Bjs"

"Não teve noite nenhuma. Preciso da sua ajuda"

Haviam-se passado dez minutos desde o momento que voltei para o quarto, estava indecisa se iria atrás do misterioso cara, ou se esperava meu remédio que até agora não tinha chegado, sem contar que além da cabeça, agora meu estômago também doía de fome. Mandei algumas mensagens para deixar meu pai mais tranquilo, pois imaginei que se eu ligasse ele exigiria que contasse tudo o que aconteceu, e como não sabia, mandei mensagem também para a Sam assim quem sabe ela também me ajudaria a lembrar o que aconteceu.

Então resolvi ir à suíte ao lado, caso fosse morrer de fome precisava antes de tudo conhecer aquele que tinha me trazido até aqui, após duas batidas tímidas na porta cheguei a imaginar que ele poderia não estar no quarto, mas quando estava prestes a me virar a porta enfim abriu.

— A donzela finalmente acordou — ele disse entre o sorriso debochado.

Aparente Téo parecia ser mais velho que eu, além de ser mais alto, logo reparei que seu cabelo era curto, mas estava bagunçado de forma que os fios caiam por sua testa. A sobrancelha arqueada deixava seus olhos castanhos mais brilhantes, e pela sua roupa era fácil perceber que também tinha acabado de acordar. Ele vestia uma calça moletom preta e uma blusa regata cinza, o que deu para perceber que ele faz o tipo de cara que não perde um dia de academia.

— Quem você pensa que é porque me sequestrou até aqui? — apesar de pensar bem, as palavras saíram mais altas do que imaginei

— Bom dia pra você também, e eu não sequestrei ninguém, você veio porque quis.

— Mentiroso! Quando eu explicar tudo o que aconteceu para a polícia, você vai ver

— Você é maluca? — ele me interrompeu

— Eu imaginei que a noite ontem não ia acabar bem, mas não saberia que ia resultar nisso — Completou

— Ótimo, tem como me explicar o que aconteceu ontem? — Gritei mais uma vez e as pessoas do quarto ao lado estavam começando a sair para ver a confusão no corredor.

— Sim, mas entre aqui logo antes que sejamos reclamados — Téo me puxou para dentro do quarto e fechou a porta sem olhar de mais alguém ainda tomava parte da conversa.

— Vou pedir para que tragam nosso almoço e logo depois eu posso contar tudo que você quiser.

Logo após ele foi em direção ao telefone e indicou para que eu sentasse na poltrona ao lado da cama. Observei enquanto ele pedia para subirem com o almoço, logo após ele pegou algo em uma caixa e se virou para mim, para entregar:

— Toma, sei que depois da noite de ontem você está precisando — Analisei e vi que era uma cartela de aspirina.

— Por Deus, como você adivinhou? Estou a ponto de explodir. — Não pensei duas vezes e coloquei dois comprimidos para dentro

— Acredite, sei o estrago que minha amiga tequila pode fazer. — Ele respondeu sorrindo.

— Tequila? Eu mal bebo uma cervejinha. — Lamentei enquanto esperava ansiosamente o almoço

— É, parece que ontem foi dia de novidades para você.

Quando iria perguntar novamente sobre o dia de ontem, bateram na porta e o Téo foi correndo abrir, um homem que aparentava ter uns trinta anos dispôs dois pratos em cima da bancada do quarto, após se despedir do garçom, ele sentou-se ao meu lado e me entregou o prato de comida:

— Espero que goste de strogonoff

O silêncio se instaurou até terminamos de "almoçar", percebi que ele estava tão com fome quanto eu. Quando terminei, coloquei o prato de volta no lugar onde estava e esperei que Téo terminasse também.

— Ainda está com fome? Posso pedir mais — ele fez como se fosse em direção ao telefone

— Não! — Interrompi num súbito — Por favor só me conte tudo que eu fiz ontem

— Bom, a história é longa, que tal você tomar um banho primeiro? Tá com a mesma roupa de ontem.

Só então que eu percebi o que ele falou, não fazia a mínima ideia do que tinha feito na noite anterior, nem como tinha chegado aqui e nem ao menos pensei em tomar um banho e trocar de roupa. Só tinha um problema:

— Mas essa é a única roupa que eu tenho

— Acho que você não reparou, mas deixei uma roupa nova no seu quarto, talvez não seja seu estilo, pedi para a recepcionista comprar. — Ele deu de ombros, mas não deixava o sorriso de canto sair do rosto.

— Obrigada, volto já — me despedi ainda surpresa do que ele tinha falado.

Quando cheguei ao quarto, demorei um tempo até encontrar um saco em cima do criado-mudo. Tinha uma T-shirt preta bastante parecida com a que eu estava vestindo, uns shorts jeans rasgado, e até roupa íntima de duas cores diferentes, parece que a recepcionista ficou em dúvida entre vermelha ou preta.

Tomei um banho não tão rápido, pois imaginei que Téo também iria fazer o mesmo, ao chegar no quarto dele, bati duas vezes na porta e ele atendeu, com uma bermuda jeans, ainda sem camisa e com o cabelo molhado penteado para trás.

— Desculpa, achei que você já estivesse pronto— mas antes que eu me virasse, ele entrou ligeiramente no quarto.

— Eu que peço desculpas — respondeu ele enquanto vestia uma regata com a estampa engraçada do Mickey.

— Disney!? — Debochei apontando para a camisa

— Nem todo mundo deu a sorte de encontrar o estoque dos Ramones — ele apontou para a minha.

— Bom, brincadeiras à parte, você tá me devendo uma história — me sentei à cama, antes mesmo dele falar algo.

— Sim, quer que eu peça pipoca? — Ele sorriu — Mas antes de eu contar algo, quero saber o que fez a senhorita aparecer naquele barzinho

—Então sente-se que a história é grande. — Apontei para o lugar livre ao meulado.    

Eu não lembro o que fiz na noite passadaOnde histórias criam vida. Descubra agora