um bom irmão.

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  O escritório de papai tem o cheiro de lavanda, tudo tem o cheiro de lavanda , menos os livros que cheiram ao passado das  histórias que lhe convidam para entrar nelas , um lugar seguro onde nada de mal pode acontecer e onde tem um final feliz e você pode respirar sem que pense que todos ao seu redor estão lhe escondendo alguma coisa que faz seu amigo vender drogas e se transformar em um inimigo de traficantes.

   Arrumo o livro no meu colo me encostando na poltrona fechando os olhos e respirando lentamente , algo fácil de fazer, algo que meu corpo faz automaticamente.

    E se isso não fosse o pior preciso me precaver de não cair aos encantos de Tyler, como se ele tivesse algum magnetismo que me fizesse  querer lamber os pés dele, o que é muito estranho.

    Deveria saber tudo sobre Tyler, tudo mesmo, qual é seu biscoito favorito, seus problemas familiares, quem são seus melhores amigos e seus piores inimigos e para qual faculdade ele quer ir  se ele quer ir para alguma, mas não sei por quê no tempo que ele passou comigo era uma farsa .

   Não queria querer saber, mas o que me assustar e que quero saber tudo isso em mínimos detalhes.

   Já sobre Cooper de quem sei tudo, todos os detalhes ,vejo ele como um quebra cabeça e algumas peças se perderam e outras estão encaixadas de modo errado.

    Cooper gritou comigo e me jogou na cara que não tenho personalidade, o que é horrendo já que ele me conhece melhor que ninguém e se alguém conseguiria ver meu lado bom seria ele , mas no ponto de vista dele eu não tenho nenhum dos lados, eu sou uma tela preta sem graça.

   Papai entra no escritório com duas canecas com leite sentando a minha frente.

—Vi a luz acessa.

—Não conseguir dormi.

—Nem eu .

—Cooper... o senhor teve notícias? Ele não atende nem me retorna—levanto minhas pernas colocando meus pés sobre a poltrona e os envolvendo.

  Eu tentei ligar para ele depois que a raiva passou o que não demorou muito para acontecer, mas não dava em nada .

—Não se preocupe— ele não me olha quando fala isso ,devo me preocupar.

—Talvez se o senhor me falasse, eu poderia ajudar.

—Isso é algo dele, ele precisa falar para você não eu—ele dar um sorriso que não é um sorriso é mais uma careta que chega a ser mais assustadora que o rosto inexpressivo 

—E se ele não falar?—pergunto.

—É  porque ele ainda não esta pronto.

—Talvez ele nunca fique pronto—murmuro.

— Você precisa confiar nele—ele pega o livro que estava nas minhas mão e começa a folhear —como nos velhos tempos .

—Nos velhos tempos o senhor me contaria a verdade —ele me olha com um sorriso tristonho de quem sabe mais do que queria—só quero a verdade.

   Ele engole em seco.

—Querida, a verdade nem sempre é o melhor.

—Não o foi isso que você me ensinou .

Levanto indo em direção a porta, acho que agora consigo dormi.

—Marjorie—viro para papai— só estamos tentando fazer o melhor por vocês.

—Como adultos, certo?—ele faz que sim—talvez devessem parar, na maioria das vezes vocês erram mais do que acertam .

Falo saindo.
 

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    Ravi amanheceu  com o humor de quem deseja partir para a guerra,  e tudo que faço é como empurrar uma faca na sua ferida.

   Ele quase bateu no carro a nossa frente e logo depois gritou com o motorista, e não foram palavras dóceis.

—Você vai acabar mal hoje se não se acalmar!

—Não estou nervoso—ele bate no volante depois de estacionar  o carro errado—só  estou com ressaca e dor de cabeça e sendo obrigado a vim para o colégio.

—Como a vida do meu  irmão é triste—falo com uma voz dramática, ele me olhar sério  .

— Ironia uma hora dessas?

—Sempre é um bom momento —falo sorrindo, ele encosta o rosto no volante.

—Que vontade de arrancar esse sorriso do seu rosto —arregalo os olhos.

—Você quer me bater?

—Quero prender você no porta malas sem comida irmãzinha!

—Vai me dar água  pelo menos—ele vira o rosto me olhando —sem comida sobrevivo uma semana já  sem água...

—Meu Deus, dinossauros tiveram é sorte como eu queria uma meteoro sobre minha cabeça agora—ele fala descendo do carro, desço indo atrás dele.

—Você quer morrer agora? Como assim?—vou para a frente dele o fazendo para , ele respira fundo.

—Antes quero matar você —ele fala entre os dentes.

—fratricídio irmão é um crime horrendo .

   Ele passa o peso da perna para a outra cruzando os braços.

—Por que logo hoje você decidiu me tira do sério?

  Faço sinal para o céu .

—Já  viu que está um dia lindo?—ele faz que sim—e que nesses dias todo mundo se sente feliz?—ele faz que não, volto a andar—uma pena não acha?

    Ele passa os braços pelo meu ombro.

—Você podia simplesmente dizer que precisava de um irmão?

   Levanto o olhar para conseguir o encarar.

—E onde fica a graça nisso?—ele beija meu cabelo.

—Eu te amo?

—Eu também te amo?—ele ver o time de futebol e começa a se afastar.

—Claro que ama—o olho sem entender, se ele sabe que preciso de  um irmão e estar indo embora é um sinal que não se importa.

   Ele vira em minha direção.

—Almoça comigo?—olho para os garotos no time atrás dele  franzido o cenho—só comigo!

   Faço que sim e começo a andar, como é bom ainda poder conta com o amor da família, e com irmão que por mais estranho que seja  ama você.

Se for?Será?Nada!Onde histórias criam vida. Descubra agora