Você já quis alguma vez voltar no tempo para refazer algo? Ou ainda viver algo novamente? E se a vida lhe desse uma segunda chance...
Day acabara de ler a mensagem em seu celular. Sexta-feira era uma chance de mostrar seu trabalho novamente e em rede nacional. Um especial! Aquilo a animou, enquanto caminhava em direção às barraquinhas de cachorro quente do centro de São Paulo. Já era perto do horário de almoço e seu estômago pedia por comida e Day não exitou em lanchar para depois voltar pra casa. O dia estava nublado e a garoa caía fina. Seus dias tinham sido cheios de novos projetos e composições. Encontro com os amigos e covers para o you tube. Hoje, Day estava com o dia livre. Voltaria para casa e provavelmente assistiria uma série nova que há meses estava prometendo assistir. Ficaria esperando pela informação da emissora sobre qual canção deveria ensaiar para o programa. Muito provavelmente isso chegaria no final da noite, era sempre assim. Seus passos eram lentos enquanto seus pensamentos voavam com a possibilidade de reencontrar Carol. Ela sabia que Carol estaria lá para gravar o programa e aquilo a deixava confusa. Não sabia como reajiria quando visse Carol. Não sabia se era melhor apenas ignorá-la, já que era confusa demais aquela situação e Day não queria forçar nada, muito menos um amor impossível. A garoa apertou e os passos de Day também, as vezes doía a falta de Carol. Ela adorava o som de sua voz e quando riam juntas por qualquer bobagem. E quando garoava, assim como aquele dia, elas faziam brigadeiro de colher e tocavam violão e doía ainda a falta de Carol. Era fato que elas não seriam mais assim e que aquilo fazia Day querer muito chegar em sua casa e se distrair com qualquer coisa que tirasse Carol de seus pensamentos.
O elevador emperrado outra vez, pensou Day, tomando o rumo das escadas. Aumentou o som dos fones de ouvido, e na agulha uma música antiga que Day adorava. Ela sorriu quando ouviu os acordes. Como ela conseguia sorrir depois de ter ouvido trinta vezes a mesma música? Pois, é ela sorria.
Subiu o primeiro lance de escadas antes de perceber que havia alguém sentada nelas. Diminuiu os passos estranhando a situação, pensou o que alguém estaria fazendo sentado nas escadas? A cada degrau ela foi avistando quem decidira parar ali, uma calça preta dobrada e um tênis branco. Uma camiseta cinza e os cabelos vermelhos que fizeram seu coração parar. Day não acreditava que Carol estava sentada ali, nas escadas de seu prédio. Ao lado uma mala gigante e seus olhos estavam com um olhar estranho. Parecia ainda que eles carregavam medo, mas era como se agora o medo fosse outro.
Day disparou ríspido, lembrando que Carol mal havia se despedido da última vez:"O que você está fazendo aqui?" - Day
"Eu odeio aquele hotel, Day. Pedi para o Uber me deixar aqui" - Carol
"Pois trate de chamar o Uber de volta e vá para o hotel, não acho que seria legal você ficar por aqui". - Day
"Mas eu sempre fiquei por aqui, Day". - Carol
"Não mais, Carol. Nós precisamos nos afastar. Você tem noção que da última vez que nos vimos, você me deixou esperando um abraço seu parada no meio do aeroporto?" - Day
"Eu não podia te abraçar." - Carol
"Ok, isso não importa mais, agora só preciso que vá embora, como te deixaram entrar aqui?" - Day
Dito isso Day voltou a subir as escadas, deixando Carol sentada nos degraus. Carol se levantou e começou a seguir Day, que andava depressa.
"Seu João me deixou subir, como sempre, mas me parece que o porteiro tem mais consideração por mim do que você". - Carol
Day sentiu aquelas palavras como facas, ela parou e olhou para trás, encarando Carol. Seu rosto havia corado de raiva, que ousadia, pensou Day.
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P L A Y - Parte 1
FanfictionVocê pode fechar os olhos para as coisas que não quer ver, mas não pode fechar o coração para as coisas que não quer sentir.