Capitulo 26

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Pov. Lauren

Está aí algo que nunca pensei: que eu seria convidada para um almoço na casa da família de Camila. Ela passa o dia anterior inteiro mexendo em suas roupas, e nosso quarto acaba parecendo mais uma zona de guerra.

Sem prestar atenção, ela atira peças na cama, muitas vezes me atingindo, sem nem se dar conta.

— Você fica perfeita com qualquer roupa, Camz.

— Não, você não entende. Eu quero que seja realmente perfeito.

— E vai ser.

— Você acha? — Ela sobe na cama de joelhos e se aproxima de mim.

— Acho.

— Estou tão confusa. — Joga o vestido azul marinho sobre o lençol e encosta a cabeça no meu peito. — Sei que parece bobo, mas roupa significa tanto pra mim.

— Não parece bobo. — Acaricio sua barriga com calma. A praga tinha que estar só de calcinha e sutiã.

— É que, se eu não fizer assim, se eu não escolher com cuidado cada peça de roupa, parece que...

— Você tá perdendo o controle — completo.

— É, é isso.

— Acho que é normal. Eu sou assim também com a casa. Quer dizer... — Pego uma blusinha e balanço para ela. — Alguém descontrolou o meu mundo!

Eu a surpreendo agarrando-a e girando nossos corpos até que ela fique presa sob mim, fazendo-a rir.

— Ah! — ela dá um gritinho. — Eu arrumo tudo, juro! — promete, balançando as pernas enquanto faço cócegas em sua barriga. — Por favor, para! — as palavras saem em meio a gargalhadas, até que eu paro, deixando-a respirar.

— Depois você arruma. Posso aguentar um pouquinho de descontrole, assim como você. Qualquer roupa que usar vai te deixar linda. Quer parar de se preocupar?

— Ok — a resposta sai com um suspiro, e ela sorri após morder o lábio inferior. — Ah, garota... Problema de roupa resolvido: tira tudo agora.

....

Sofia e Camila buscam a mãe na clínica com os avós. Depois de deixar os mais velhos em casa, passam para me pegar.

Apesar de preferir estar com minha moto, quero que Camila vá de carro.

No fim, ela se decidiu por um vestido preto com detalhes brancos, mas quem disse que consigo ver muito além do vestido preto?

Entramos na casa de mãos dadas, com Zac e Sofia, um de cada lado.

De longe, ouço a risada da Nicola e nunca pensei que diria isso, mas ela me tranquiliza. Por mais louca que seja, não tenho dúvida de que é de confiança. Ela pode te xingar na maior parte do tempo ou te olhar com desdém algumas vezes, mas vai te proteger se achar que deve. Quando nos vê, ela se levanta e vem sorrindo até nós.

— Mila! — a abraça carinhosamente.

— Mestra. — Ela me chama assim às vezes, fazendo Camila revirar os olhos. Ninguém me explicou a razão ainda, só sei que tem algo a ver com uma palavra que Nicola inventou a meu respeito.

Por trás do muro, a casa é muito mais do que imagino. A família de Camila tem dinheiro e não faz questão de esconder.

Entramos na sala, estou com o coração disparado.

É uma sensação estranha.

Uma ansiedade incômoda.

Um garçom passa oferecendo bebida e normalmente, numa situação dessas, eu aceitaria. Mesmo agora a tentação é grande. Não é só passar pela abstinência — não existe ex-vício, é para sempre, a grande questão é saber lidar com o desejo.

Coração perdido (G!p)Onde histórias criam vida. Descubra agora