Capitulo 31

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Pov. Lauren

PLAY NA MUSICA (Promise – Bem Howard)

Deixar Camila partir, depois de toda dor que eu causei a ela, foi o fundo do poço para mim. As pessoas dizem que pelo menos o fundo do poço é o limite e nada mais de ruim pode acontecer, mas sempre pode. Paredes desmoronam e você é soterrado.

Camila se foi.

Só causei mal ao maior amor que tive na vida. Tem um lado meu que quer se entregar, enquanto o outro me mostra alguém que não pode simplesmente ir embora: Zac.

Meu primo volta a morar no apartamento, mas quase não fala comigo. Ele me culpa por tudo o que aconteceu e está coberto de razão. Eu tenho dois caminhos à minha frente: me deixar levar por tudo o que perdi ou tentar sair do lugar imundo e desolador em que me encontro.

Quando chego em casa, ele está lá. Sentado no sofá, jogando videogame. Parece o mesmo Zac de sempre até olhar para mim. Ele não sabe o que fazer, está preso entre a raiva e o compromisso que tem comigo como alguém que ainda me ama.

Eu me sento ao seu lado e pego o controle.

Zac me olha espantado. Nunca jogamos juntos. Ele reinicia o jogo e tenta agir normalmente, enquanto faz um gol atrás do outro.

— Você foi com ela ao aeroporto? — pergunto, entre um movimento e outro.

— Ãrrã.

— Não te pediram pra voltar pra casa deles?

— Pediram.

— Preciso que você vá.

— Tá me expulsando? — Ele pausa o jogo e me encara.

— Não. É que vou passar um tempo fora.

— Vai ficar nessa vida até morrer?

— Não. — Respiro fundo antes de contar a ele minha decisão. — Vou me internar.

Zac abre a boca e não consegue pronunciar um único som. Chocado, solta o controle sobre o sofá. Seus olhos começam a lacrimejar, e, antes que eu dê maiores explicações, ele me abraça chorando.

No dia seguinte, chego ao escritório de Fernando Cabello acompanhada de Zac, que parece criança novamente. Sua fé em mim me surpreende mais uma vez. Ele acha que é simples me salvar. Acho que faz parte do amor cego.

— Eu conversei com ele, Laur. — Zac se refere ao avô de Camila. — Ele concordou em falar com você. Vai dar certo. Só tenta não estragar tudo — ele pede sem jeito, como se agora eu fosse uma pessoa frágil e pudesse desabar a qualquer momento.

Incomodada, entro no escritório e fecho a porta atrás de mim. Se Fernando já é um homem intimidante, vê-lo atrás de sua mesa, com seu terno e sua pose de matador, potencializa ainda mais sua postura de mafioso.

— Sente-se — ele aponta a cadeira à sua frente. — A Camila partiu há menos de vinte e quatro horas. Espero que não esteja aqui para me pedir o contato dela.

— Não estou.

— Ótimo. — Ele se ajeita na cadeira.

— Parei de usar drogas quando tudo aconteceu. — Minha voz sai tremida, assim como estão minhas mãos. Estou prestes a ter uma puta crise de abstinência, e não tenho Camila para me ajudar.

— É compreensível, mas sei que já parou outras vezes.

— Duas vezes.

— E o que muda agora? Por que seria definitivo desta vez? — Seus dedos batem na mesa, parecendo ansioso.

Coração perdido (G!p)Onde histórias criam vida. Descubra agora