Capitulo 24

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Pov. Lauren

PLAY NA MUSICA (The Crow - Hurts)

Amo Camila com calma, ternura e paixão até que seu corpo se esgota e ela se aconchega em mim, adormecendo pouco depois. Fiz o possível para que ela não percebesse o estado em que me encontro.

Beijo seus cabelos e a acomodo devagar sobre o travesseiro, cobrindo-a em seguida. Depois me deito de lado e me encolho. Cada célula do meu corpo começa a se partir.

Passo a mão em meu rosto quente. Gotas de suor surgem e o frio me faz vestir um moletom. A temperatura sobe conforme a dor aumenta. Quero ser forte por Camila, mas a lembrança do que vem a seguir começa a me atormentar. Eu me sento na cama, meu estômago está embrulhado. É hora de pagar o preço por negar a meu corpo aquilo que ele aprendeu a amar. Nem toda a felicidade que sinto com Camila é capaz de aplacar a vingança da antiga felicidade fabricada.

Aperto o colchão abaixo de mim, querendo me concentrar em qualquer coisa, menos no mal-estar que me consome e me faz tremer absurdamente.

Então me levanto e caminho devagar, tentando chegar ao banheiro a tempo. Uma dor insuportável me rasga inteira e perco o equilíbrio. Tento me segurar na primeira coisa que vejo e tropeço no sofá, caindo de joelhos no chão. Mordo minha mão para conter o urro que explode em meus lábios e só paro quando sinto o gosto metálico. Eu me cortei. Limpo o sangue no moletom cinza, deixando uma mancha onde toco.

Eu me apoio no chão. A mão arde, o estômago dói, a cabeça estoura e a mente começa a se perder. Tento chegar ao banheiro engatinhando, mas não dá tempo.

Uma ânsia violenta traz o vômito, que atinge minhas roupas e o chão.

Sem alternativa, choro de vergonha porque sei que chegou a hora, e Camila vai ver exatamente o que eu me tornei.

Pov. Camila

Ouço ruídos que parecem tão distantes, como uma mão querendo me agarrar dentro de um pesadelo que me sufoca. Em um impulso, eu me sento na cama, sem ar. Um calafrio me chacoalha. Estou sozinha, o colchão está gelado. Onde está Lauren?

Dou um pulo e saio da cama ao ouvir um acesso de tosse. Da porta do quarto, vejo Lauren caída à meia-luz, iluminado pelo fraco brilho do corredor. Acendo a lâmpada da sala. Meu coração para e acelera de uma vez, me dando a sensação de que pode sair pela boca a qualquer momento.

Corro para Lauren e me ajoelho a seu lado.

— Sai... — sua voz escapa por um fio enquanto uma das mãos tenta me afastar sem coordenação nenhuma.

— Meu Deus... — murmuro quando vejo sangue na mão estendida. — O que aconteceu? — pergunto, sentindo o cheiro do que ela quer esconder.

— Por favor, só sai daqui — ela implora, sem esconder as lágrimas.

Um espasmo de dor a faz tremer e passo a mão em seus cabelos.

Minhas reações estão lentas. Tento me lembrar do que li e como devo agir, mas tudo o que faço é sentir que estou me afogando.

— Não vou sair. — Corro para o banheiro e volto com uma toalha umedecida. Então eu a limpo, tentando fazer com que ela se sinta melhor.

Seu corpo desaba de vez no chão e Lauren se contrai, sem conseguir reprimir outra onda de vômito.

— Me deixa sozinha, Camz. Tô te implorando. — Ela não tem forças nem para falar alto.

— Não vou sair.

Coração perdido (G!p)Onde histórias criam vida. Descubra agora