Capitulo 37

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Pov. Lauren

Vero está saindo do escritório do bar quando chego para mais um dia de trabalho. Acabamos não nos vendo ontem, já que eu vim para cobri-la. Conversamos um pouco sobre a noite passada na balada, enquanto o pessoal da limpeza termina o serviço e os funcionários do bar começam a chegar. Nós nos aproximamos do palco enquanto a banda que tocará hoje passa os instrumentos.

O celular dela toca e pela conversa percebo que é a Nicola.

— Como é que vocês estão? — pergunto quando ela desliga.

— Quem sabe? — ela responde minha pergunta com outra e guarda o celular no bolso da jaqueta. — Nicola e eu já começamos e terminamos uma porrada de vezes. Vamos levando para ver no que dá. E você e a Mila, como ficaram?

— Foi foda. — Coloco a mão na testa e balanço a cabeça enquanto falo. — Quando a gente tá juntas a coisa explode, sabe? Não dá muito pra raciocinar e tentar entender, mas, quando o sexo para, a gente se desentende. Tá assim desde que ela veio aqui na outra noite.

— Olha, se sem uma bagagem pesada como vocês carregam, já é complicado pra mim e a Nicola, imagina pra vocês. — Vero aponta para um dos caras da banda e dá algumas instruções sobre o acorde que estão tocando. Ela gosta de dar chances para bandas novas, mas nunca consegue ficar sem dar palpite. Não que isso seja ruim, afinal dificilmente erra no que se refere à música. — Mas você não achou que ia ser fácil, achou? — Vero retoma a conversa comigo.

— Eu não achei porra nenhuma, na verdade.

Ela ri e faz sinal de positivo para a banda. Não falei? O som ficou muito melhor.

— Meu, vai levando de boa. No fim tudo se acerta — ela me aconselha.

— É foda. Eu até a pedi em casamento e tudo quando nos reencontramos... — Olho para a porta do escritório. — Só fui pensar depois.

— Como é? — A pergunta me pega desprevenida e não a entendo na hora.

— Como é o quê? — Franzo a testa. Vero tem dessas perguntas que só ela entende aonde quer chegar.

— Ser a pessoa que está aprendendo a pensar. — Ela bate o dedo indicador de leve na minha cabeça, tentando me provocar.

— Nossa. Como você é trouxa. — Dou um tapa na mão dela, mas acabamos rindo.

Vero tem razão. Não pensar faz parte de quem eu sou. Sou a pessoa que se joga no precipício sem querer saber se tem água ou não lá embaixo, ou se vou me estourar inteira. Ou melhor, eu era assim. Agora estou aprendendo a dosar essa merda toda. Tentando entender o quanto posso deixar minha personalidade aflorar sem que isso mate ou machuque alguém. Então, se eu fosse responder à pergunta dela, eu diria que é difícil pra caralho, mas eu estou tentando. Estou sempre tentando.

Pov. Camila

Faz uma semana que cheguei de Londres. Corri todos os dias com a documentação da faculdade. Espero retomar meu curso em breve. Estudar mantém minha mente ocupada.

Nem sinal da Lauren. Quer dizer, sei dela por atualizações da Sofia, mas ela não me procurou. Meu coração me diz para procurá-la, mas minha mente me detém. E, contrariando todos os conselhos do meu pai, dessa vez dou um tempo.

Minha mãe está de joelhos, com a mão na terra, mexendo em algumas plantas de seu jardim e a estou ajudando. Ela me orienta no que devo fazer e que muda devo lhe entregar quando meu celular toca, informando que recebi uma mensagem. Meu coração dispara na hora. Tem sido assim todos esses dias. Eu fico encarando o aparelho sobre a mesinha, morrendo de vontade de ver de quem é, mas continuo estendendo uma mudinha para minha mãe.

Coração perdido (G!p)Onde histórias criam vida. Descubra agora