Capítulo 22 - De Volta ao Normal.

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''É possível morrer por amor, mas é muito melhor viver para amar. ''

~ Narrado por Zayn ~

~ 20 dias depois ~

Eu ainda me lembro da primeira vez que eu a vi. Era uma tarde de quinta-feira e o maldito Harry pediu para eu desse uma carona para ele na volta da escola, já que seu carro estava passando por um concerto na mecânica. Lembro-me de ter estacionado na rua em frente ao portão e acender um cigarro quando o tédio de esperá-lo me bateu. Dei a primeira tragada e vi os alunos começarem a sair rapidamente, alguns até atropelavam-se a si mesmos e outros pareciam estar perdidos em algum lugar do espaço. Depois de uns cinco minutos Harry ainda não tinha dado as caras e eu já estava com vontade de ir embora e deixá-lo ali sem carona para casa. No instante em que eu soltei a fumaça, minha vista foi tomada por ela. Seus cabelos voavam com o pouco vento, sua pele branca contrastava com o jeans simples e a blusa de mangas compridas pretas, seus passos não tinham tanta pressa como muitos ao seu redor, ela estava mais interessada em ler o livro que estava em suas mãos do que olhar para frente e não tropeçar. Vi perfeitamente um dos garotos passar correndo por ela e sem querer levar sua mochila para frente. Quando eu pensei que ela fosse xingá-lo por tão feito, a menina apenas levantou a cabeça e sorriu abertamente para o moleque e ele saiu andando feito um boboca. Aquela cena me chamou tanto atenção que eu esqueci que o cigarro ainda estava acesso e pouco a pouco se tornava cinzas. Bati o dedo lentamente na parte branca e o traguei mais uma vez, porém não tirei os olhos dela. Por fim, ela fechou o livro o guardou na bolsa, jogando-a sobre o ombro e aumentando o ritmo da caminhada. Fui tirado de devaneios ao avistar a figura de Harry vindo até mim. O idiota usava uma touca laranja ridícula que dava pra ser reconhecido de longe. Ele não tinha o senso do ridículo.

Depois desse dia eu fiz o mesmo favor a Harry umas duas ou três vezes, mas eu já não me importava. Pelo contrário. Eu estranhamente gostava de esperá-lo. Só que o verdadeiro motivo estava nela. Eu podia a olhar o dia inteiro e não me cansaria, eram apenas cinco minutos que eu tinha a chance de vê-la caminhando e carregando um livro contra o seu peito. Enquanto outras garotas ali se preocupavam em chamar a atenção dos caras, ela se concentrava apenas na leitura e sequer notava quem estava do seu lado. Em um desses dias, ela saiu acompanhada de um garoto. Os dois conversavam animadamente e aquilo me irritou profundamente, tanto que eu já apertava os dedos sobre o volante e nem percebi quando tinha começado. Então eu tomei conta de que não era normal sentir aquilo, principalmente por alguém que você nem conhece.

Após duas semanas nessa 'aventura' com muita relutância e desgosto eu resolvi perguntar a Harry se ele a conhecia, e acredite eu detestava fazer isso porque o filho da puta iria me zoar pelo resto da vida. Para a minha surpresa, ele respondeu calmamente que o nome dela era Emma e ela estava no segundo ano. Segundo ele, Emma era uma aluna aplicada e de poucas amizades. Eu demorei entender o porquê de todo o meu interesse naquela garota, mas percebi que já estava em um estado avançado, quando eu fechava os olhos e imaginava o sorriso que seus lábios esbanjavam. Mesmo ela nunca tendo me notado e nunca ter olhado para mim, quando ela sorria meu coração disparava. Isso soava tão gay naquela época que me dava até repulsa só de pensar, mas hoje aquele sorriso de Emma, é a minha fonte de vida.

Foi em um dia de domingo que tudo passou a mudar. Eu lembro que eu tinha bebido algumas na noite anterior e fumado um baseado. Uma das minhas amigas disse que eu precisava orar e me converter, eu simplesmente ri da cara dela e ignorei seu comentário. Mas como era minha melhor amiga, ela me fez prometer que eu iria a igreja e oraria pedindo perdão pelos meus pecados. Sim, eu fui a igreja, mas nem sequer me ajoelhei. Eu ainda lembro-me do comentário que fiz quando essa minha amiga falou que eu precisava mudar ou só precisasse de alguém que me mudasse. Eu olhei em seu rosto e sussurrei enquanto jogava o cigarro longe:

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