Capítulo 23

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Laura riu nervosamente, mas usando todas as suas habilidades de disfarçar seus sentimentos. Ela imaginou milhares de formas pelas quais ele poderia saber o que esteve fazendo mais cedo e contemplou o final de seu relacionamento se é que podia chamar assim seu envolvimento com Thomas. 

– Você já foi menos sabichão sabia? – Continuou seu discurso em tom de brincadeira. –  Eu sei sobre seu passado querida, sei sobre seu envolvimento com Carlos e sei sobre o... bebê. Eu o sei desde que te conheci em Londres. 

A mente de Laura primeiramente se encheu de alívio por ele não saber sobre sua traição, mas depois sentiu-se completamente exposta. – Como você sabe? – Sou um homem que precisa tomar muito cuidado. Assim que te conheci eu me apaixonei perdidamente, mas já se aproximaram de mim antes com intenções cruéis, por isso pedi que investigassem você. –  Então como pode querer se casar comigo? –  Por que isso seria impedimento para o nosso casamento? –  Eu tenho um passado! Assim como você descobriu outras pessoas podem descobrir e usar isso contra mim. Eu sendo sua esposa podem usar contra você também. 

Thomas não esperava essa reação e isso só fez com que seu amor por Laura acendesse ainda mais. Repetiu mentalmente para si mesmo que não poderia perder Laura para Carlos, perdê-la para o seu passado. – Por isso você não me contou? – Eu não queria que você soubesse, mas se você já sabia, por que só falou isso agora? –  Eu estava esperando que você confiasse em mim o suficiente para me contar. Mas você não contou e mesmo assim eu te pedi em casamento. –  Eu ainda não estou entendendo Thomas... –  Eu não sou cego Laura. Vi como você resistiu a ideia de voltar para Manaus e casar-se aqui. E agora que estamos aqui, eu vejo você. Eu não sei o porque o seu pai insiste em manter esse cara perto dele depois de tudo que aconteceu, mas eu esperava que você fosse odiar e no entanto eu só vejo vocês cada vez mais próximo. 

– Ele não matou o nosso bebê. 

– Você acreditava que ele o havia feito. 

–  Não acredito mais. Eu o injusticei de todas as formas e não consigo nem pensar em como o fiz miserável. Nosso filho foi arrancado de nós e ei o acusei! Eu acusei um pai de matar seu próprio filho. 

– E agora você consegue amá-lo, pois descobriu que estava errada. 

–  Mesmo que fosse verdade eu não me atreveria a amá-lo novamente. E você deveria estar correndo de mim. Sou um monstro, sou cercada por acontecimentos ruins e posso julgá-lo injustamente a qualquer momento como fiz com Carlos. 

– Laura, eu amo você, jamais te deixaria por esses motivos, mas quero você para mim exatamente como sou pra você. Quero você por inteira. Sei que é um passado sombrio e Deus sabe que o que eu mais quero é te dar um futuro perfeito, mas se você o ama me diga, me diga agora e eu arrumo minhas malas e volto para Londres. 

Laura ficou em silêncio, pois não assumiria que amava Carlos. Não podia fazê-lo, iria sacrificar Thomas e aceitava ser extremamente egoísta, sabia que não faria Thomas feliz, mas jamais magoaria Carlos novamente. Decidiu deixar seu passado para trás definitivamente. Ainda assim se vigaria de quem matou seu bebê. 

–  Bom, se, contudo... Se você quer realmente viver ao meu lado e se você consegue me amar, então acabe com isso. 

 – Minha ligação com Carlos agora é apenas para descobrir o que realmente aconteceu. Thomas... Eu fui mãe. Por poucos meses, houve um ser crescendo dentro de mim e eu queria muito aquele filho. Mataram o meu bebê. Meu ventre deveria ser o lugar mais seguro para aquela criança... 

Laura deixou o que estava dizendo ser perdido entre as lágrimas que começaram a correr e os soluços que prejudicaram sua capacidade de continuar falando. Thomas a envolveu em seus braços e deixou que ela chorasse e continuasse falando a sua maneira e como podia entre um soluço e outro. 

– Eu quero matar quem fez isso. Quero vingança, quero ao menos saber quem foi... Preciso olhar nos olhos desse desgraçado e saber se ele ao menos sente culpa. 

Laura se acalmou um pouco e Thomas a soltou. Ambos olhavam ora frente enquanto a água balança e jogava um vento frio. 


–  E depois que conseguir descobrir quem foi? Você está me pedindo pra esperar? Me pedindo pra ajudar?  O que estamos fazendo? 

  – Me ajude se quiser e puder. Estou te pedindo para estar ao meu lado. Vamos nos casar e vamos descobrir quem matou o meu bebê e depois disto podemos voltar pra Londres e viver nossas vidas. Mas antes eu preciso encerrar a vida que vivi com ele. Eu não o amo, mas amava aquele filho incondicionalmente. Sei que estou pedindo muito... 

Thomas a silenciou com um beijo rápido e continuou depois de se afastar. – Não é muito. Eu posso fazer isso. 













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