Capítulo 25

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Carlos estava se concentrando em resolver o caso para vingar seu bebê morto, decidiu que simplesmente não poderia resolver o que quer que tivesse acontecido com Laura. Não a procuraria mais, se ela quisesse estar em seus braços, então que com suas próprias pernas corresse para eles. 

Michael Abranges havia comprado Misoprostol para que Laura tomasse, não conseguiam imaginar como ele havia entrado na casa naquele dia e colocado o medicamento na bebida dela, mas sabiam que o tinha feito. 

Estavam todos reunidos na sala de estar da casa de Ricardo. Agora que todos sabiam o que estava acontecendo e sobre as investigações, então Laura passou a trazer as reuniões para sua casa, seria ainda mais desagradável manter suas viagens a casa de Carlos acompanhada de Thomas.

Pacheco pela primeira vez entrou na casa sem sua habitual cortesia e seu leve bater na porta, surpreendeu a todos. O ser humano, no entanto, é feito de emoções e sensações. Mesmo sem que ele tivesse dito algo, sua expressão foi entendida por todos. Algo sério havia acontecido. 

- O incêndio que passou nos jornais esses dias, foi na clínica onde a senhorita Laura realizou o exame de gravidez. A partir de hoje estamos lidando com queima de arquivo. 

Ninguém conseguiu entender ao certo  a extensão do que Pacheco disse. Carlos foi o primeiro a conseguir manifestar-se. - Diga-nos o que exatamente aconteceu e que medidas devemos tomar a partir de agora. 

- Já sabíamos que o caso era perigoso, tememos pela segurança da senhorita Laura, mas agora devemos temer por todos. Fiz algumas investigações sem reportá-las a vocês, preciso desconfiar de todos e o mais importante é resolver o caso, na minha profissão a ética é sempre relativa. O fato é que descobri um enfermeiro naquela clínica, alguém de quem não consegui dado algum. Um fantasma, sem passado, sem presente, sem ligações, nada. Ele começou a trabalhar lá exatamente na semana em que a senhorita Laura foi ao laboratório fazer o exame de gravidez.

Laura falou pela primeira vez desde a chegada de Pacheco. - Esse enfermeiro é quem procuramos? Por que ele mataria o meu bebê?

- Ele não é exatamente quem procuramos, mas já é mais que um começo. Não acaba aqui, ouçam, Michael Abranges foi á clínica no dia em que houve o incêndio. As investigações dos bombeiros concluiu que o incêndio foi acidental, mas a verdade é que não há como ter certeza. De acordo com as notícias quatro pessoas mortas não foram identificadas. Michael Abranges não esta na lista das vítimas socorridas. Não consegui localizá-lo desde aquele dia. 

- Isso confirma que ele não trabalhava sozinho e que essa segunda pessoa está limpando seu rastro. 

- Ouça senhorita, eu já trabalhei em muitos casos, mas esse sem dúvida foi o mais intrigante até agora. Casos de investigação são sempre perigosos, depois de tantos anos aqui estamos nós investigando, e estamos descobrindo coisas, pela primeira vez estamos perto, estamos incomodando. Mas precisamos ter cuidado redobrado agora que sabemos do que esse alguém é capaz. 

Thomas se sobrepôs a conversa trazendo Laura para seus braços e a abraçando forte como se ele estivesse assustada buscando consolo. Mas ela não estava com medo, não importava outra coisa em sua vida se não descobrir quem matou seu bebê e destruiu suas chances de ser feliz ao lado do homem que amava. 

Carlos apenas disse que realmente era uma situação grave e informou que estava saindo, Ricardo que já havia percebido o quanto havia ficado afetado pela proximidade crescente de Thomas e Laura, foi atrás dele. 

- Filho, escute, você sabia que ela estava noiva, soube desde o princípio, porque ainda está assim? 

- Eu sabia, mas o que posso fazer quando não consigo controlar o que sinto? 

- Eu mais do que ninguém faria muito gosto de vê-los juntos, mas a culpa  que Laura carrega pela acusação que lhe fez. Nem mesmo se você a perdoasse ela não se perdoaria. E essa culpa não pode permitir um relacionamento saudável. 

- Não existe o "se eu a perdoasse", eu já a perdoei. Me desculpe Ricardo, mas eu queria odiar a sua filha, queria muito. Dói só de imaginar como poderia ter sido o rostinho do nosso bebê, mas ai eu penso em como deve ter sido difícil pra ela também e tenho vontade de consolá-la. Eu queria odiá-la. 

- Fico feliz que não a odeie, ela o odiou porque precisava odiar alguém e você era a pessoa que mais a fazia lembrar desse bebê. Você não precisa ir a empresa esses dias. Se quiser trabalhe em casa, ou apenas não trabalhe. Como o detetive Pacheco disse é perigoso e a empresa faz parte da sua rotina, é um lugar previsível para te encontrar, melhor não termos rotinas esses dias. 

- É uma boa ideia. Vou pedir pra me enviarem as demandas e eu vou resolvendo em casa o que for possível. Dê o mesmo conselho a sua filha e seu genro. 

A palavra "genro" foi lançada cheia de amargura, mas Ricardo apenas deixou passar, não podia ser diferente. 

- Escute querida, não precisa ficar preocupada com nada, teremos seguranças ao nosso redor todos os dias a partir de agora, já liguei para o meu assessor providenciar os melhores. 

- Eu não sei se gosto da ideia de ter seguranças ao meu redor todos os dias. 

- Ouça seu noivo senhorita, não estamos lidando com iniciantes. 

***

Do lado de fora da casa Ricardo e Carlos continuavam aquela conversa que tentaram evitar o máximo que conseguiram. 

- Eu vou contar tudo para Laura esta noite. 

- Nem imaginou como ela irá reagir desta vez. 

- A imagem da mãe dela foi imaculada durante toda a sua vida, ela vai ficar arrasada... e vai precisar de você. 

- Se ela precisar de mim, sabe onde me procurar. Precisa avisar o detetive Pacheco, avisar que vai contar a ela. Ele pode mostrar como descobrimos. Laura irá atrás da Avó. 

- Eu já avisei Clarisse que contarei sobre o aborto da mãe esta noite. 

- Você precisava ver como o senhor José ficou. Parece um maluco. A perda da criança para ele foi devastador. 

- Foi uma decisão que Helena tomou antes de eu existir na vida dela. Não posso ter nenhuma conclusão a respeito. Me casei com outra mulher. Helena pagou com sua própria vida pela escolha que fez. Não sou ingenuo para acreditar que ela não tenha tido complicações no parto devido ao aborto que realizou quando adolescente. 

- Você teria se casado com ela se ela viesse com um filho de outro?

- Eu não sei, nunca tive que fazer essa escolha, ela não permitiu que eu pensasse a respeito, apenas decidiu abortar. Não posso considerar todas as possibilidades de algo que não aconteceu. 

- Entendo. Ricardo... 

Carlos queria pedir para que ele impedisse Laura de se casar, queria dizer que ele era o homem certo para a filha dele, mas a verdade é que ela é quem deveria ser convencida e Carlos decidira não correr atrás dela. 

- Eu estou indo, deixe-me saber da reação dela. 

Ricardo apenas balançou a cabeça para baixo e para cima em concordância e estendeu sua mão para o aperto firme de Carlos. Observou enquanto aquele homem caminhava até seu carro estacionado no acostamento na frente de sua casa. Lembrou de como o odiara por namorar sua filha e admirou-se pelo tanto que vira aquele jovem amadurecer. Era viúvo agora, tinha um filho lindo em seu coração e amava a sua tão preciosa filha. Mas Laura estava perdida. 

Entrou em casa quando Carlos deu a partida em seu recém comprado Honda Civic. 




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Bjus da Tia Nath

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