Falling Fate

Here Without You

Marlee Tames Woodwork's Point of View

Nos dias seguintes o castelo parecia ter entrado em coma com América. Tudo estava silencioso e triste. Os funcionários não sorriam, não cumprimentavam, não pareciam ter vontade de fazer nada. E vários deles se reuniam e rezavam pela recuperação da Rainha.

O pessoal da corte, porém, estava bem pior. Aspen parecia um fantasma, seguindo todos a todos os lugares, se culpando por ter nos deixado sozinhos no dia do ataque. Celeste praticamente havia raptado Katherine e cuidava e protegia a menina com unhas e dentes. Eu não duvidaria que ela estava dormindo com a menina num dos abrigos.

Magda chorava por todos os cantos, não sabendo esconder seus sentimentos. Ela era a única que chorava, o resto de nós não parecíamos assimilar o que estava acontecendo. Não havíamos avisado May, não faria bem para a pequena Singer vir para Illéa num momento desses.

Até Carter eu sentia que estava diferente. Ele me consolava, dizendo que tudo ficaria bem, que América sairia dessas e que nossos filhos seriam criados juntos e mais um monte de palavras de consolo. Mas eu sentia que as palavras não eram para mim, eram para ele. Ele nunca havia passado muito tempo com América, mas sempre fez questão que ficasse claro o quanto ele admirava a garra da ruiva.

Eu sentia muita falta da minha amiga, mas não sabia como me comportar. Eu não queria ouvir palavras de consolo, até porque conhecendo América como conheço, sei que ela daria um jeito de sair dessa. Eu passava horas e horas andando pelo palácio com Kile, distraindo meus pensamentos, e quando ele dormia, passava horas e horas olhando para América naquela cama de hospital.

Por mais que o que havia acontecido com América abalasse todos nós, nada disso se comparava com o que havia acontecido com Maxon. Ele estava irreconhecível. Eu imaginava que o príncipe não sairia do lado da cama de América, mas, depois do primeiro dia, nunca mais o vi lá. Era claro a sua reação para todos: ele se culpava.

Mas ao contrário de Aspen, Maxon havia deixado a culpa mudar ele. Ele estava cego atrás de vingança e havia pedido ajuda tanto a Nicolletta, Henrique e Phillipe, para conseguir capturar o Comandante e os outros rebeldes. Ele ficava trancado por horas no escritório com os chefes das delegações e o Marechal.

Eu ainda tentava digerir o que estava acontecendo. O médico disse que o corpo de América cedeu ao coma devido a várias coisas: a dor na torção do pé, que havia arrebentado um tendão e ele disse que a dor que ela deveria estar sentindo era inimaginável; ao aborto espontâneo que ela havia sofrido; e a toda tensão do ataque.

Era como se a mente dela queria evitar sentir toda a dor pela qual ela estivesse passando e se auto colocasse em modo de descanso. O médico disse que ela não corria risco de morte, mas que dependeria apenas dela para acordar. Porém, quanto mais tempo ela permanecesse em coma, maior era a chance de ela não acordar ou acordar com sequelas neurológicas.

Mas, a cima de tudo, o golpe que atingiu a todos mais forte foi o fato de América estar gravida e perder o bebe que esperava. Ela não havia contado para ninguém, ela estava esperando para falar para Maxon e nem a chance disso ela teve. Só de pensar em passar por isso, meu corpo tremia.

- Posso entrar? – bati na porta do escritório de Maxon. Era hora do meio dia, todos os outros estavam almoçando então ele estava sozinho.

- Não quero nada, Marlee – ele disse, sem nem olhar para a bandeja de comida que eu estava trazendo comigo.

- Maxon, já fazem quatro dias, você precisa comer alguma coisa – eu disse, colocando a bandeja em cima dos papeis que ele estava lendo, chamando sua atenção.