Maxon Schreave's Point of View
Eu não sentia dor e isso me dava medo. Eu devia estar sentindo dor, não devia? Eu só sentia frio. E medo, muito medo. Medo de nunca mais ver América, de nunca mais abraçar Katherine. Eu tinha vontade de levantar do lugar aonde estava deitado e sair sem parar, até chegar aos braços de América, porém, eu não tinha força nem para abrir os olhos.
Escutei várias maquinas ao meu redor, provavelmente controlando os meus sinais vitais. Isso era uma coisa boa, pelo menos eu não estava morto. Não ainda.
Tentei novamente abrir os olhos, mexer minha mão, ou alguma outra parte do corpo, mas não consegui. Decidi esperar, juntar forças. Eu tinha que se forte se eu queria ver a minha família de novo.
Já que era inútil me mexer, me concentrei nos outros sentidos. O cheiro da ala hospitalar era forte nas minhas narinas. Eu andava passando muito tempo aqui. Minha boca estava seca e eu sentias fios gelados pelo meu corpo. Eu não estava gostando em nada da sensação que isso passava.
Tinha vontade de soltar um suspiro longo e pesado, um suspiro de cansaço, mas eu não conseguia, graças aos fios que passavam pela minha boca, provavelmente responsáveis pela minha alimentação e respiração, ou qualquer outra coisa.
A última coisa que eu percebi, foi uma voz vindo de perto de mim. Eu conhecia essa voz, mas não conseguia identificar. Minha mente parecia estar dividida entre o lugar aonde estou, na ala hospitalar, sentindo todas essas coisas, e o lugar aonde eu deveria estar, ou para aonde estou indo.
A voz chamou minha atenção novamente, me fazendo prestar mais atenção nela. Era como um sussurro distantes, longe demais para que eu reconhecesse o que dizia. Havia mais de uma voz, isso eu poderia dizer. Era um amontoado delas.
Junto com as vozes, eu sentia coisas. Pessoas tocando a minha mão, lagrimas caindo perto do meu rosto, batidas de leve no meu ombro. Eu não precisava ver para saber o que estava acontecendo. Meus amigos estavam ali.
Marlee era a dona das lágrimas, sem dúvidas. Ela também teria apertado minha mão, na esperança que eu apertasse de volta. Aspen seria o responsável pelas batidas no meu ombro, mandando eu ficar bem logo. Tive vontade de sorrir, tive vontade de dizer para eles que eu estava ali, que tudo ia ficar bem, mesmo que eu mesmo não soubesse.
Depois de um tempo, senti o que eu suspeitei que fosse os médicos, já que pequenos aparelhos eram botados no meu corpo e ninguém falava nada.
Acho que em algum momento, eu dormir. Mesmo que eu não soubesse que isso fosse possível quando já se está dormindo. Quando dei por mim, o barulho das máquinas era ainda maior, como se houvesse ainda mais máquinas. As vozes ficavam cada vez mais raras e os toques se limitavam aos médicos.
Em algum momento, aceitei que eu estava morrendo.
Eu conseguia sentir meu coração se cansar, forçado a bombear sangue para um corpo machucado. Meus pulmões estavam fracos também, o ar que passava por eles não era mais suficiente. Não sentia dor e devo imaginar que isso vinha dos inúmeros remédios para dor que os médicos haviam me dado.
Conforme meu corpo ia ficando cada vez mais cansado e fraco, mais a lembrança de América surgia na minha mente. Não sei porque, mas eu parecia estar de volta ao primeiro dia que eu a conheci, o dia em que a chamei de querida pela primeira vez, o dia em que ela me chutou e correu desesperada.
Pra mim, naquele dia, ela parecia uma completa maluca. Hoje eu tenho certeza disso, mas também tenho certeza de que é por isso que eu amo. Ela era um raio de sol para os meus dias nublados, ela trazia felicidade para a minha vida, ela me fez me sentir amado e acima de tudo, me fez me sentir parte de algo. De uma família.
YOU ARE READING
Falling Fate
FanfictionMaxon, num ato impensável, escolheu Kriss para ser sua Rainha, deixando América desamparada. Celeste se vê então no dever de fazer América voltar a ser a pessoa que ela sempre foi. Juntas, as duas decidem viajar o mundo. Porém, depois de um ano, Amé...