Parte 1: Quem é ela?

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Aaliyah ~1

Eu amo o céu noturno. Sempre amei olhar para ele da janela de nossa casa.
Eu era completamente encantada por aquela escuridão linda, em tons azuis escuros e preto. O brilho claro das infinitas estrelas na paisagem era quase sempre ofuscado pelas luzes da cidade, o que sempre me deixava frustrada, mas minha mãe sempre gostava de ir para o campo, onde eu podia observá-las direito.

Nunca soube o porquê de eu gostar tanto de ver o céu, nem porque eu acabo sempre me confortando ao olhar para ele. Era algo que... vinha de dentro de mim. Na verdade, era algo meio inexplicável.
Gosto de desenhar, me sinto feliz colorindo e traçando linhas, mas não fico tão contente quando vejo o resultado final. É tipo uma coisa que eu gosto muito de fazer, mas não sou exatamente boa nisso. Não preciso nem dizer que já tentei representar a beleza da noite no papel, mas acabou saindo algo meio básico, com relação ao que eu sentia.

Gosto muito de ler também. Meus gêneros favoritos são Fantasia e Romance, e amo quando eles se juntam. Meu sonho era ter uma estante cheia de livros, com várias prateleiras e bem organizado, mas ultimamente ando lendo apenas livros digitais porque são mais baratos. Os que eu realmente gosto consigo comprar o físico, mas é mais difícil. (Sim, eu tento desenhar os meus personagens favoritos, mas advinha como fica?).
Meus pais sempre foram chatos com relação a regras, estudos, essas coisas. Às vezes, eu gostaria apenas de viver em um mundo fantástico, onde há coisas muito mais interessantes pra fazer do que lição de casa, como por exemplo, lutar em guerras ou aprender a controlar os meus poderes. Mas, infelizmente, isso é meio que impossível.

Estou deitada na grama, olhando o céu noturno. A brisa fria do inverno, que sopra levemente em minha volta, faz um pequeno zumbido nos meus ouvidos. A lua cheia brilha, com as milhares de estrelas que, no campo, eu consigo ver melhor. A casa atrás de mim está toda apagada, mas mesmo assim concentra um calor quase insuportável em seu interior. Não sei porque, mas gosto de frio. Prefiro muito mais ficar com o rosto corado de vento e friagem do que de calor.
Devo estar há uma hora aqui, sozinha, esquecida. Meus pais não sabem que saí. Provavelmente vão brigar comigo por estar aqui nessa escuridão, correndo "perigo". Talvez eu esteja, mas não me importo. Mesmo assim, decido que já vou voltar. Mas daqui a pouco.

Ainda estou deitada, sentido a luz pálida da lua sobre mim, quando ouço um barulho baixo. Parece vindo do pequeno bosque que tem aqui perto. Era um baque, como se alguém tivesse caído no chão. Arregalo os olhos e me sento. Será que alguém...?
Me levanto depressa, ainda encarando a estrada do bosque. Não há animais grandes aqui (pelo menos que eu saiba, não) que poderiam ter feito um barulho desses, e duvido que seja algum galho. A distância entre eu e a casa parece maior do que com relação às árvores. Penso que seria mais esperto da minha parte começar a correr do que continuar parada, assustada, mas não consigo. Meus pais deviam estar certos. Será que estou correndo perigo?
Quando finalmente minhas pernas conseguem se mexer, e eu estou correndo em direção à casa, as sombras ao meu redor começam a se juntar, todas, e não sei porque, paro. Ok, aquilo era meio assustador. Mas não mais do que elas se juntarem e formarem algo sólido. Algo não, uma pessoa. Uma pessoa alta, forte e... bonita? Sério?

Um homem. Cabelos negros bagunçados quase cobriam os olhos violeta lindos, que brilhavam mesmo à luz fraca da noite. A escuridão parecia se juntar mais a ele. Literalmente. Mas quase caí de choque ao ver suas orelhas.
Meu coração começou a bater milhares de vezes mais acelerado quando juntei as peças. Cabelos negros, olhos violetas, orelhas pontudas, pele bronzeada, rosto perfeito.
A imagem que aparecia algumas vezes na galeria do meu celular, algumas em minha mente, quando lia os livros.
Aquilo à minha frente não era um homem. Era o Grão-Senhor mais poderoso da história de Prythian, um grão-feérico meio illyriano. Era Rhysand.

Mas como, por Deus (ou pelo Caldeirão?), aquilo era possível? Ele não existe. Ele é um mero personagem fictício de uma coleção de livros de fantasia. Ele simplesmente não pode estar aqui.

Quando penso que estou ficando completamente louca a ponto de alucinar no meio da noite, com personagens de livros, ele diz, com um sorriso fraco no rosto:

— Assustei você?

Lyght, a princesa da Luz NoturnaOnde histórias criam vida. Descubra agora