Rhysand ~ 20

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Algo em mim só queria socar esse idiota até a morte. Algo em mim queria destruir sua mente pouco a pouco, até que a sua sanidade não existisse mais. Algo em mim só queria trancá-lo na Prisão e deixá-lo lá até o seu fim.

Mas eu não achava que poderia fazer alguma coisa dessas.

Certo, eu tinha descontado um pouco do que eu sentia em seu belo rosto. Tinha quebrado alguns ossos, talvez, mas nada que ele não consiga se recuperar. E era isso que me dava mais raiva. Saber que ele vai ficar bem. Que a dor que ele está sentindo não vai durar mais do que alguns dias. Diferentemente da minha, que durou muito mais do que quinze anos. Muito mais do que cinquenta e cento e trinta.

Durou desde o dia que a minha família morreu.

Eu não estava dizendo que ele não sofreu esse tempo todo. Eu sabia como era sentir o medo de perder a própria Corte.

Mas eu não fiz o que ele fez.

Eu não agi com Feyre do jeito que ele agiu. Não fui um monstro possessivo e sem empatia como ele foi. Não fui egoísta.

Mas pensei que ele talvez, algum dia, ele se redimisse. Eu era seu amigo. Algum dia eu havia acreditado nele, e lá no fundo doía ter que deixar de acreditar em uma pessoa que já acreditei, como ele.

E então ele, novamente, nos faz esquecer de sua existência para vir no futuro com um golpe maior e mais inconsequente. Roubar a minha filha. A filha da mulher que um dia ele já amou cega e doentiamente. Roubar a filha de uma pessoa que um dia tinha sido seu amigo e da pessoa que deu a própria vida para salvá-lo e ao seu povo. Eu não conseguia entender.

Eu sentia ódio. Sentia vontade de jogá-lo para a morte como um dia fizeram com Feyre.

Mas esse era o maior problema. O que me deixava mais confuso, e perdido e louco.

Eu não era ela. Não o jogaria para um monstro só porque estava com raiva. Não era cruel, como muitos sempre acharam que eu era. Só de pensar em fazer algo que talvez uma pessoa como ela faria... Eu era melhor do que isso. Por todas as pessoas que me amavam, por todas as pessoas que realmente me conheciam, eu não faria isso.

Não acho que me julgariam se eu apenas fizesse o óbvio. Arrebentar o seu rosto e seu corpo, até que não restasse nada. Todos iriam entender. Mas eu era egoísta o suficiente para não o fazer, e preferia manter a minha consciência limpa de não chegar a seu nível do que fazer o que eu queria no momento.

Eu estava com Tamlin em uma das ilhas do norte do nosso litoral, em uma das várias ilhas illyrianas, onde Az costumava trazer algumas pessoas que não podiam saber muito sobre onde estávamos. Um dos poucos lugares que tínhamos com esse objetivo.

Eu olhava para um macho desacordado jogado no chão em um canto. Não sei por quanto tempo vai permanecer inconsciente, mas não acho que seja por muito. Eu estava tão louco com a notícia que a única coisa que consegui foi falar com minha parceira pelo laço mental. Nem me lembrava ao menos se falei com Az ou Cassian, mas ninguém aparecera ainda por aqui.

Encosto a parte de trás da cabeça na parede em que estava mais perto. Já estava aqui, parado pensando, por bastante tempo. Queria falar com Feyre, mas temia que ela me perguntasse o que estava fazendo, e eu não queria responder essa pergunta. Eu nem ao menos tinha uma resposta.

Ouço um barulho em algum lugar aqui perto, e desencosto da parede. Olho para os lados, em busca de sua origem, e Cass aparece sob a única porta do lugar.
— Por que eu sabia que você estaria aqui? — Ele pergunta, com um toque de humor na voz.
Cassian. — Falo, sério. Ele levanta uma sobrancelha e fica sério também. Ao olhar para o Tamlin jogado no chão, sua expressão agora é tomada pela raiva.
— Rhysand, isso não é o que estou pensando, é? — Era evidente que estava se segurando.
Assinto.
— Como soube que estava aqui? — Pergunto.
— Mor. E, sinceramente, acha que era tão difícil adivinhar isso? — Suas mãos se fecham.
— E como ela soube?
— Mas que merda, Rhys, eu não sei! — Ele perde o controle e chuta a barriga do Grão-Senhor. Dou um pequeno sorriso que não consigo guardar para mim. — Mas é sério isso?
— Sim, Cass, é sério. Era óbvio. Eu só precisava de uma prova que, no caso, estava bem na nossa frente.
— Claro que estava... — Ele diz, como se mal pudesse acreditar.

Lyght, a princesa da Luz NoturnaOnde histórias criam vida. Descubra agora