Lyght, a princesa da Luz Noturna

Aaliyah ~ 4

Olhei torto para ele.
-Há quanto tempo?- perguntei. Era só o que me faltava, um macho illyriano me encarando enquanto dormia. Mas pelo menos isso fazia com que eu estivesse, de certa forma, segura.
-Então... isso foi há um tempo... considerável.- Levantei a sombrancelha- Mas calma! Isso foi há um tempo, mas foi somente uma vez. Assim que consegui voltar para casa, não te visitei mais. Eu nunca consegui encontrar o lugar certo. Até hoje.
-Sério? Podia ter me falado antes. Essa era uma pergunta que ficava martelando na minha cabeça esse tempo todo! Era só isso que eu queria saber, para começo de conversa: "Como você me encontrou?"!
-Mas se eu dissesse que eu fui atravessado para o seu quarto no meio da noite sem contar a história toda, você não iria entender absolutamente nada!

Isso é verdade.
E, droga, não consigo pensar em nada para responder isso. Saco. Escolho revirar os olhos.

-Ok, me explica isso direito. Tamlin te atravessou para cá, você me viu dormindo, caiu fora e voltou?
-Mais ou menos. Assim que te vi, tentei associar você à história toda. Quer dizer, você não pode ser a minha filha, então pensei que talvez você pudesse me ajudar.
-Tá, mas como?- pergunto. Ele acha que eu posso fazer o quê? Eu não tenho magia, e muito menos posso sair perguntando por aí se alguém viu a filha dele de 15 anos.
-Não sei.- ele admite- Mas assim que consegui voltar à Velaris, não consegui voltar para cá também, e tampouco poderia ir atrás de Tamlin. Depois de muitas tentativas frustradas, cheguei àquele quarto novamente. Mas você não estava lá. Havia sumido. Também. Não disse que tudo que gosto tem a tendência de ser tirado de mim?
-E você por acaso gosta de mim?
-Vamos dizer que... simpatizei com você.- Ele diz, com um sorriso. O humor desse cara oscila demais.
Dou risada.
-Seu mentiroso. Só diz que gosta de mim porque posso te ajudar.
-Sabe que não é verdade. Por que uma humana emprestaria um livro (com o qual parece ter desenvolvido sentimentos, pela Mãe), a um bastardo illyriano que nem eu, se essa humana não fosse uma boa pessoa, digna de atenção e certa confiança?
Quero não acreditar no que diz, mas sua expressão era tão... sincera que me deixava sem palavras. Eu certamente não era essa pessoa que ele descrevera, mas, sei lá. Será que eu sou uma pessoa ruim ao querer ouvir isso uma única vez na vida?

Como parece que ele não entendeu direito o quanto isso era surreal e estranho e louco para mim, resolvo explicar:
-Em meu mundo, feéricos não são exatamente retratados da mesma maneira do que os humanos de Prythian o fazem. Principalmente quando se é um Grão-senhor como você, sabe? É meio difícil não gostar do seu personagem. Alguém extremamente altruísta, bom, decente e bonito. Mas é que... você não existe.
Ele fez um sorriso triste ao ouvir isso, mas sorriu sinceramente depois.
-Como sabe que lutei tanto pelos humanos na época da muralha?- Eu entendi o que ele quis dizer. Sabia que era pelo livro, mas queria descobrir quem contara isso à Feyre.
-Jurian. Ele gosta de você, sabe disso.
Ele franziu a testa, mas não disse nada.

E assim ficamos os dois, ainda sentados da mesma maneira, iluminados pela luz da Lua e suas amadas estrelas, por um longo tempo, até que ele decide quebrar o silêncio e falar:
-Você... não mora aqui, mora?
-Não. É época de férias, e a minha mãe sempre aluga essa casa no meio do nada.
-Pra quê?
-Para ela, fugir da realidade. Para mim, olhar direito o céu e ficar pensando e pensando que nem uma idiota.
Ele passa um bom tempo analisando os detalhes do lugar antes de me responder:
-Não é idiota por isso. Eu... entendo vocês.- Ele diz, e então o silêncio retorna.

Ok, isso é coisa demais para eu assimilar em poucos minutos. Estava lá eu, deitada tranquilamente na grama, até que do nada surge um Rhysand se materializando das sombras, conta que se passaram 130 anos (mais ou menos) desde que encontrou Feyre, teve 2 filhos com ela e um desapareceu. Então, sei lá como, ele me encontrou. Beleza. Entendi tudo. Lógico.