Aaliyah ~ 9

3.6K 385 40
                                    

Enquanto andávamos até a mansão de Tamlin, nós podíamos sentir o frescor da Primavera e sentir o cheio inebriante das flores que surgiam de todos os lugares. A grama tinha cheiro de recém-cortada, e mesmo sob a luz da lua, eu via o verde brilhante e vivo que ela tinha. Aqui era tudo tão calmo e tranquilo, a beleza evidente do jardim era hipnotizante.

Podia-se ver algumas poucas luzes saindo pela janela, mas a maioria estava apagada. Eu me perguntava se Tamlin estaria dormindo ou fazendo alguma coisa; pensava sobre sua reação ao ver três pessoas da Corte Noturna (sim, eu estava me considerando parte dela) aparecendo do nada em seu lar. Mas toda as vezes que eu olhava para Rhys e Niah, eu via apenas suas expressões impassivas idênticas, me fazendo questionar se toda essa minha preocupação era necessária.

Eu voltei a observar o jardim. Me lembrava de quando Feyre veio para cá pela primeira vez. Ela falava que as pessoas daqui provavelmente deviam ficar enjoadas com esse clima ameno durante o ano todo e com a primavera eterna. Flores o ano todo, esse cheiro que chegava a me enjoar devia ser meio ruim (ainda mais eternamente).

Chegamos à porta. Rhys olha para Niah, que assente na hora. Esse negócio de laço mental é uma droga, porque eu nunca sei o que é que eles estão planejando e conversando telepaticamente.

Rhysand escancara as portas de madeira, fazendo um barulho alto. Se o lugar todo estava dormindo, não está mais.
-Onde estão os sentinelas?- pergunto, para ninguém em particular, olhando ao redor.
-Dormindo- Niah responde, piscando um olho para mim.
Nesse momento, ouço alguém gritando da enorme escada que se estendia à nossa frente:
-O que é isso?
É uma voz grossa, vindo de um macho enorme parado do topo da escada, com os cabelos loiros e compridos caindo sobre uma camiseta branca e justa. Tamlin. O Grão-Senhor da Corte Primaveril, o dono dessas terras.
-Tamlin, bom te ver também- Diz Rhys numa voz doce, até delicada. Soava falsa até a última sílaba.
-O que quer, Rhysand?- ele pergunta. Não consigo evitar lembrar da vez que ele invadiu a mesma casa há 130 anos.
-O que eu quero, Tamlin? Muitas coisas.- Ele fala, num tom de voz com sua diversão perceptível - Mas podemos começar com você me contando a verdade.
-Do que está falando?

Só essa frase já o entregou. Sério mesmo que vai se fazer de desentendido? Ele? Quase dou risada.
-Ah, Tamlin, vamos lá. Que tal você começar falando do porquê de ter sequestrado a minha filha no meio da noite? - Ok, isso foi maravilhoso de se ouvir.
-Eu. Não. Sequestrei. A. Sua. Filha.- as palavras saem cheias de ódio. Ah, sim, porque é ele que tem que estar com ódio aqui, não é mesmo? Coitado.
-Ah, não? Não é o que tudo indica.
-A culpa não é minha se você vai atrás de pistas erradas.

Até onde ele quer chegar com mentira atrás de mentira? Ele não está percebendo que já era?
-Tamlin, acho que você não está me entendendo. Deve ter sido o susto. - Rhys solta uma risada- Não estou perguntando se você levou a minha filha. Estou afirmando e perguntando o porquê de ter feito isso. Basta responder.
Vejo que ele engole em seco, mas responde:
-Como você chegou a essa conclusão?
-Você achou mesmo que eu tinha desistido de Lyght, não é? Mas você é tão burro, que, além de ter acreditado nesse mentira descarada, baixou a guarda com Malore. E não minta, foi ele que a levou, não foi? Mandou-o roubar uma criança, depois apagou a mente dele e o despachou para longe. - E depois eu o ouvi, falando bem baixinho- Você não vale nada.

Todos estavam ofegantes, Rhysand com ódio e raiva brilhando nos olhos, a escuridão irradiando dele; Tamlin na escada olhando com medo para nós; Niah cerrava os punhos e as suas asas negras se erguiam atrás de suas costas, me fazendo pular de susto. Havia mais raiva e tensão nessa sala do que eu seria capaz de sentir na vida, e isso me fazia recuar de perto deles. Ninguém me notava, pois eu parecia mais um mero vaso de plantas figurante no local do que uma pessoa. Estava assustada com os olhares fulminantes que eles trocavam, e eu sentia que queria correr para longe.
Rhysand dizia não querer briga hoje, mas parecia que ele e seu filho haviam se esquecido dessa parte, porque suas expressões indicavam que podiam atacar Tamlin com tortura mental e física até a morte a qualquer momento.

Lyght, a princesa da Luz NoturnaOnde histórias criam vida. Descubra agora