Parte 2: Quem sou eu?

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Aaliyah ~ 17

Eu não conseguia falar. Mesmo que conseguisse, não queria. O que eu diria? "Oi"? "Obrigada"? "Mãe?"
Aquilo tudo... nada fazia sentido.

Milhares de perguntas surgiam em minha mente a cada segundo, e eram tantas que eu mal podia arranjar coragem para fazê-las. A maioria delas eram algo como "Por quê?" ou "Como?".

O que eu faria agora? Voltaria para casa? Ficaria aqui? E os meus pais? Eles sabiam?

Depois de um tempo me analisando, minha respiração ainda ofegante, Feyre me abraça. Forte. Com certa emoção. E eu não sabia reagir a isso, como sempre. Não sabia se eu a abraçava de volta, se eu chorava, se perguntava tudo o que eu queria, se apenas sorria.

- Está... está tudo bem com você? - Ela pergunta para mim, segurando meu rosto com as mãos - Ele te machucou?
- Não, eu... está tudo bem. - Respondo.

Ela suspira, aliviada, e consigo ver o seu sorriso deslumbrante. Não posso julgá-la, afinal, ela estava olhando para a filha que procurou por tanto tempo. A filha que tanto amava, mesmo tendo ela sob seus braços durante menos de um dia.

- Céus, o que aconteceu aqui? - Ela olha para o lado, vendo a janela aberta e a cadeira que estava ao lado da cama que dormi jogada no chão.
- Eu não sei. Juro.
- Não se lembra?
- Não! Não, eu me lembro, mas é que... eu... não sei o que aconteceu direito. Não entendi.
- Ah, me desculpe. Não vou encher a sua cabeça com esse tipo de coisa novamente. Não é justo.
Dou um sorriso fraco a ela, mas não a respondo.

Feyre sorri, e então olha para trás. Aurora tentava falar com Manian, que por sua vez, só respondia com algum murmuro ou nem se dava ao trabalho de fazê-lo. Ele estava cabisbaixo, e não ousava olhar diretamente para ela.

Isso me fazia lembrar do que Tamlin havia falado dele com a imediata da Diurna. O que eles tinham a ver? Eram amigos? Mas de onde eles se conheciam?

Continuo olhando para eles, tentando entender alguma coisa da conversa, porém quando sinto a mão de Feyre em meu queixo, volto a minha atenção a ela.
- Você é linda. - Ela diz, fracamente - Não sabe o quanto eu sonhei com esse momento. Quando eu olharia para você e veria... me veria; veria o meu parceiro.

Eu apenas sorria para ela, porque não fazia ideia do que dizer. Porque comigo simplesmente não havia sido assim. Eu nunca pensei sequer na possibilidade de minha mãe não ser minha mãe; de que o meu pai verdadeiro me procurava por todos os cantos do mundo dele; de que a minha família inteira tentava me encontrar; de que eu era filha dos Grão-Senhores mais poderosos de Prythian.

Eu nunca considerei ter verdadeiramente essa vida como uma real possibilidade, porque até algum tempo atrás, aquilo era falso. Era pura fantasia. Mas agora, o que eu achava que era loucura se torna a realidade, bem na minha cara. E eu não sei o que fazer. Não acho que alguém saberia, mas mesmo assim, sinto que sou uma idiota por não saber. Eu achava que deveria aceitar isso sem pestanejar. Que eu deveria estar pulando de alegria porque eu era uma Grã-Feérica! Mas não era isso que sentia. E o problema era que a minha indiferença (e um certo receio, talvez) a essa situação me matava.

- Me desculpe... - falo baixinho, quase em um soluço.
Ela olha para mim, agora com as sobrancelhas unidas.
- Pelo quê? - Pergunta.
- Eu sinto que deveria estar feliz, não deveria? Você é a minha mãe. Me procurou loucamente por esse mundo durante quinze anos, mas eu não consigo, simplesmente não consigo...

Lyght, a princesa da Luz NoturnaOnde histórias criam vida. Descubra agora