Aaliyah ~ 23

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Algumas semanas depois 


Suspiro profundamente ao me sentar na beirada do telhado, um lugar que descobri apenas recentemente ser ótimo para apreciar a vista da cidade sem estar no meu quarto. Quer dizer, Niah que me indicou, embora eu não o tenha encontrado aqui nenhuma vez, e olha que costumo vir bastante. 

Ainda tenho medo de atravessar até qualquer lugar que possa facilmente não dar muito certo (como por exemplo beiradas de telhados), então descobri um jeito fácil de acesso a esse lugar sem precisar de magia, meio que escalando pela parede perto de uma varanda. Eu gostava do esforço que isso exigia, diferentemente do que venho aprendendo nas últimas semanas.

Como usar a minha magia, usar escudos mentais, treinamento físico, como reparar os acidentes que eu casualmente provocava por não estar acostumada possuir poderes. Tudo isso era trabalhoso de um jeito que eu me cansava só de pensar, embora fosse uma maneira boa de ocupar a mente. Era melhor do que eu me fechar no quarto o dia todo olhando pela janela, além de eu estar fazendo o que achava que deveria. 

Mas pelo menos aqui em cima, as coisas eram mais calmas. Não vinha ninguém da casa até aqui (não contando Niah, mas não sabia dizer se ele de fato vinha aqui ou era mentira), e geralmente eu sentia um vento fresco vindo sei lá de onde. Era um ótimo refúgio para onde correr após treinar que nem uma louca junto com Cassian, Azriel e meus pais.

Tudo era quieto, calmo, e…

— Ah, finalmente. Pela Mãe, vocês dois são viciados em vir até esse lugar sem graça.

Levantei o mais rápido que pude, e me virei para trás em uma posição que eu acreditava ser decente para caso tivesse que lutar. Ou talvez não, considerando que eu tinha levado um baita susto e estava a poucos centímetros da borda do telhado.

— Quem está aí…?
Eu mal terminei a pergunta e o vi, parado de braços cruzados a alguns poucos metros de onde estava sentada.

Era Manian, sorrindo e com cachos caindo no rosto, como sempre.

— Por favor, não diga que não se lembra de mim. Porque senão teríamos um problema que eu, por acaso, adoraria evitar — continuei parada meio sem reação olhando para ele, e acho que meio que queria rir da minha cara por isso. Tipo, eu riria — Você se lembra, sim?
— Claro que eu lembro. O que está fazendo aqui?

Ele colocou a mão no peito em um gesto exagerado de alívio, aumentando o sorriso e realmente parecendo rir agora. Ele também levanta a outra mão, rendendo-se. 

— Não vim aqui te machucar, tá? Vim fazer outra coisa. Aliás, você ficaria surpresa se soubesse.
— Diga.
— Olha, pode se sentar. Eu não vou te atacar. Aurora sabe que eu estou aqui, então se algo acontecer a você, eu estou morto — Manian volta os braços a uma posição mais relaxada, mas eu continuo do mesmo jeito — Na verdade, se você parar para pensar, estou até arriscando o meu pescoço por estar aqui, considerando que a sua família toda é bem suscetível a ataques externos, e eu meio que talvez pudesse me dar mal se eu tivesse no lugar errado e na hora errada. Entende o que eu quero dizer, não é?
— Fale o que veio fazer aqui — tento de novo. Eu não vou relaxar do lado desse cara. Vai saber se ele não vai me empurrar do telhado.
— Ah, de verdade? Eu não queria ter que falar em voz alta, mas vocês são todos tão chatos. Já disse que não vou te matar.
— Sabe que eu tenho mil motivos para não acreditar em você.
— Sério? Cite cinco — depois de provavelmente a minha expressão ter ficado mais feia, ele continua — Tá, vai. Eu vim pedir desculpas.

Ele não podia estar falando a verdade. Quer dizer, ele? Pedindo desculpas? Não podia dizer que isso era muito a sua cara.

— Por quê?
— Porque eu sou uma boa pessoa...?
— Se você fosse uma boa pessoa...
— ... eu não teria feito o que fiz com você. Mas, escuta, eu tenho uma explicação.

Lyght, a princesa da Luz NoturnaOnde histórias criam vida. Descubra agora