Aaliyah ~ 19

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Não preciso dizer que as coisas com o meu pai foram bem mais dramáticas. Com a maioria das pessoas, talvez fosse diferente, mas comigo... meu Deus.

Ele insistiu. Chorou. Mas no fim me abraçou, acho que porque sabia que era o que eu queria. Porque ele sabia que a vida que eu teria lá, como a possível (mas não muito provável) herdeira da maior Corte de Prythian, seria melhor do que a que eu teria aqui. E, sabe como é, os pais sempre querem o melhor para os filhos, e essas coisas. Mesmo que isso significasse ficar longe deles. Que fofo.

Oferecemos a eles a opção de morar lá, acho que em Velaris. Mas eles não quiseram aceitar, talvez porque achassem que essa coisa de magia fosse demais para eles (Eu particularmente concordava; não achava que eles iriam gostar de ter que morar em um lugar onde existiam criaturas mágicas e pessoas imortais com poderes. Acho que eles os achariam excêntricos, ou alguma coisa do tipo). Feyre também havia me contado que o preconceito com humanos ainda existia, ainda que não fosse nada do tipo escravidão nem muito notável lá na Noturna.

Além disso, eu também não conseguia entender direito o que Feyre achava de tudo isso. Certo, ela explicou o quanto ela não entendia muitas coisas, e como ela se sentia com relação ao que Tamlin havia feito, mas ela não havia me contado o que ela sentia com relação à tudo. Não havia sido muito específica. Não sabia o que ela pensava de meus pais, de meu mundo, de minha vida. Eu sabia que ela não tinha que me contar, mas sei lá, eu queria saber. Porque eu sentia que, por mais que parecesse que eu havia entendido tudo, no fundo eu não sabia de nada.

Não sabia se isso fazia sentido, mas geralmente pouca coisa na minha vida fazia, então tanto faz.

- Mas por que estes livros estão vazios? - Feyre pergunta, folheando a minha pilha de cadernos.

Estávamos no meu quarto, pegando tudo que eu levaria quando eu fosse para lá. E agora Feyre estava me perguntando sobre muitas coisas que tinham no meu quarto.
- Porque eles servem para serem escritos.
- Você escreve livros?
- Não. - Dou risada - É para a escola.

E então me dou conta de que eu certamente não voltarei à escola. Eu tinha amigas, mas eu não conhecia nenhuma há mais de um ano e meio, acho. Se eu sumir, como eu geralmente faço frequentemente, ninguém vai se importar.
- O que fazem lá? Nessa escola, quero dizer.
- Nada que seja muito legal, sabe? Ou algo que eu realmente queira. - Suspiro - Nós aprendemos a ler, escrever, fazer contas, aprender sobre história, biologia, química, física... Como eu disse, nada muito interessante ou agradável, tirando ler e escrever.
- Por que aprendem isso tudo?
- Porque, afinal, alguém tem que saber sobre isso. Seja para ensinar para alguém ou evitar que todo mundo, sei lá, morra e se destrua.

Ela faz uma expressão de dúvida, como se não tivesse entendido. Pois é, não fazia o menor sentido.

Mudo de assunto e continuo pegando tudo que era importante para mim. Algumas fotos, livros, cadernos, canetas, lápis... Eu não fazia ideia do que fariam com o resto das coisas (talvez eu voltasse para pegar depois...?), mas agora eu não me importava. Eu tinha uma mochila cheia jogada na minha cama, estava vestindo algumas roupas maiores que eu tinha e dava mais uma olhada no meu celular (meu Deus, eu preciso de uma tomada em Prythian. Ou um estoque de carregadores portáteis. Não sei.)

Não sabia o que tinha lá também, então eu ainda achava que iria sentir falta de alguma coisa. Quer dizer, eu duvidava muito que lá eles tivessem moletons e All-Stars (o que é terrível da parte deles, sério).

Eu ficava imaginando o que eu faria lá. Se eu treinaria alguma luta (muito provavelmente), estudaria (por favor, não), ou, sei lá, aprenderia como administrar uma Corte. Sinceramente, eu achava qualquer uma dessas opções mais agradável do que continuar na minha vidinha depressiva e sem graça. Não que aprender a administrar algum lugar com 15 anos fosse a minha meta de vida, mas talvez fosse legal.

Lyght, a princesa da Luz NoturnaOnde histórias criam vida. Descubra agora