Aaliyah ~ 13

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-Oi.- Eu consigo responder. Quem é ela pelo amor de Deus?
Todos sorriem de uma maneira meio esquisita. Sorrisos forçados.
Isso pode parecer pior do que com fora com Feyre, mas, na verdade, é sim. Tipo, eles se conheceram em um jantar. Eles também tinham outras coisas para se ocuparem, diferentemente daqui, onde está todo mundo me encarando.

Recuo um passo. Não é como se eu estivesse com medo deles. Eu estava apenas assustada (e um pouco apreensiva, talvez) com a situação. Por que mesmo eu achei que estava pronta para isso?
-Eu sou Aurora- a mulher negra linda disse, com um sorriso entusiasmado no rosto- E pelo que eu entendi, você provavelmente não me conhece, não é? Eu sou prima de Helion, sabe, da Corte Diurna?
Assinto. O quê? Helion? O que diabos está acontecendo? Por que ela está aqui? É da família também?
Ela olha ao redor, faz uma careta e se vira para mim novamente.
-Você quer dar uma volta?- ela pergunta- Eles não são muito bons com esse negócio de apresentação.

Me sinto desesperada para concordar e fugir daqui, mas também sinto que seria um pouco falta de educação sair desse jeito.
"Quer ir? Não tem problema" Fala Rhysand, na minha cabeça. Eu já estou ficando acostumada com isso. "Aliás, até seria melhor, porque eu avisaria à esses sem noção que não é assim que se recebe uma pessoa na própria casa."
Ainda estou assustada demais para rir, então apenas assinto. Novamente.

Aurora sorri e pega em minhas mãos. Estamos saindo da sala quando me viro novamente para todas aquelas pessoas, que ainda me olhavam, e mexo os lábios em um pedido de desculpas.
Estamos do lado de fora quando ela volta a falar:
-Eles são assim mesmo. Quesito apresentação terrível.- Ela ri dela mesma- Mas e aí? Você é Aaliyah, não é? Humana?
Concordo com a cabeça. O que eu falaria?
-Como é o seu mundo?- ela pergunta, curiosa. Fico impressionada com o fato de que o seu sorriso não descola do rosto. Nem mesmo oscila.
-Bem... primeiro de tudo, não tem magia. Nada. Apenas histórias ficcionais sobre como seria um mundo com ela.
Ela inclina um pouco a cabeça para o lado. Penso que vai falar alguma coisa, mas ela se cala. Continuo:
-Há cidades. Aliás, o mundo é inteiramente formado por elas. Só que são enormes comparadas às daqui, e tem eletricidade. Digamos que é a nossa principal diferença. Além da magia, digo.
-Eletricidade? O que é isso?- Ela pergunta.
Me sinto muito uma pessoa do futuro que voltou para o passado. Tipo, com uma máquina do tempo, falando com as pessoas da idade média.
-É... complicado. Não sei explicar. Mas eu acho que posso dizer que seria a coisa mais próxima de magia e poder que o ser humano alcançou. Aliás, eu acho que ela até melhoraria as coisas por aqui, na verdade.

A essa altura, seus olhos brilhavam. Eu me colocava em seu lugar; certamente imaginaria um mundo perfeito, onde é inteiramente formado por várias Velaris espalhadas por aí, em que todos são felizes e crianças brincam nas ruas.
Como eu poderia estragar essa sua visão? Como eu lhe diria que Velaris é um sonho para qualquer ser humano, que o dinheiro e poder político tomara a cabeça do homem e as pessoas matavam crianças nas ruas?

Vejo a curiosidade ainda brilhando em seus olhos, e sinto que perguntas queriam pular de sua boca, mas também via que ela estava se contendo. Eu sorria ao pensar nisso. Que fofa.
-Quantos anos você tem?- ela pergunta.
Estamos andando pela cidade. Vejo casas lindas e enormes, com jardins cheios de plantas impressionantemente vivas para o frio que fazia. Aurora nos guiava por algum caminho, e a julgar o modo em que ela fazia isso, parecia que ela morava aqui. Sabia em que rua virar, para que pessoa sorrir e o que admirar.
-15- E a pergunta surge em minha cabeça- E você? É prima de Helion?
-Sou. Ele me nomeara como sua imediata logo antes de Amarantha. Assim que assumi, já tive que começar a cuidar de tudo para ele. Ah, e eu tenho 217 anos.
-Nossa. Deve ser muito... interessante viver tanto, não é? Quando você faz coisas inúteis, não sente como se estivesse perdendo o curto tempo que terá de sua vida. Simplesmente porque você o tem de sobra.
Ela ri.
-É, não tem esse problema. Aliás, não posso nem dizer nada, afinal, nunca pensei em envelhecer. Nunca pensei em como seria se em 60 anos eu já estivesse preocupada em morrer. Deve ser terrível.
Me limito a assentir com a cabeça. Ficar reclamando de o quanto ser mortal é uma droga não é um bom modo de desenvolver uma conversa.

Lyght, a princesa da Luz NoturnaOnde histórias criam vida. Descubra agora