Aaliyah ~ 15

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Abro os olhos.
Tinha alguém aqui.
Eu ouvi. Sei que ouvi.
Sabia que era louca, mas não tanto.
Não tinha imaginado aquilo. Não podia ter.

A princípio, não vejo nada. Tudo está escuro, e tudo que posso ver são os ponteiros fluorescentes do relógio da mesinha improvisada ao lado da cama. Tateio a sua superfície lisa em busca do meu celular, que eu encontro fora do carregador (me arrependeria daquilo mais tarde). Coloco-o no bolso interno do casaco, só então eu me sento em minha cama.

Grande coisa. Continuo não vendo porcaria nenhuma.
Me levanto da cama, devagar, ouvindo-a ranger baixinho. Vou até a minha mesa, onde consigo encontrar minha lanterna (que não servia pra enxergar direito nem a um metro de distância, mas era melhor que nada) e então a acendo.

Nada. Olho cada canto do quarto, mas não arrisco acender o interruptor. Ando pelo cômodo, mas não ouço um mínimo barulho além de minha respiração e meus passos.

Metade de mim torcia para que aquele barulho fosse coisa da minha cabeça. A outra metade, a mais burra, talvez, torcia para que eu não fosse louca a ponto de ter imaginado aquele maldito som e acordado. Mas tem algo de errado. Sei que tem.

O que me restava era abrir a porta. Era tudo que eu menos queria fazer, mas tinha outra escolha? Ou era abrir a porta e ter a absoluta certeza de que estou completamente louca ou de que tem alguém aqui, ou era voltar para a cama e simplesmente não dormir durante um tempo. Um tempo que eu sabia que poderia durar dois minutos ou duas horas.

Antes que eu pense muito e faça a decisão errada, abaixo a maçaneta e abro a porta. Nada. Vou até a cozinha, e nada também. Suspiro, e então decido voltar para o quarto e remoer o fato de que eu estava definitivamente imaginando coisas. Como eu consegui acordar com um som que eu nem ao menos tinha ouvido?

Me deito na cama, que agora já estava fria. Já tinha fechado os olhos quando me lembro do celular, mas tenho preguiça de colocá-lo novamente onde estava. Ia ficar em casa o dia todo mesmo, podia deixá-lo no carregador depois.

Penso que iria demorar para adormecer, mas não. Sinto o sono vir, rápido; meus pensamentos se acalmarem; e os olhos fecharem lentamente. Não entendia o porquê disso acontecer, mas eu que não iria reclamar. Era muito melhor para mim dormir do que ficar acordada inutilmente, mesmo.

Quando estou quase dormindo, juro que ouço novamente um som. E depois um "me desculpe", mas foi tão baixo que eu pensei que já estava sonhando. De qualquer maneira, quando eu tentei permanecer atenta ao ouvir esses sons, não consegui. Algo me impedia.

—————

- Acorda logo, porra. - Ouvi uma voz dizer, ríspida. Abro os olhos lentamente, sentindo uma dor de cabeça terrível.
A única coisa que consigo ver é um rosto fino, pele muito clara, lábios rosados, olhos azuis claro gigantes e cabelos loiros.

Manian?

Esqueço a dor que eu sentia, arregalo os olhos e grito:
- O que diabos é isso?! - Falo, me afastando de seu rosto e olhando ao redor.
Aquele não era o meu quarto. Definitivamente não era.
- Quer calar a boca? - ele faz menção de gritar, mas apenas sussurra.
- Que lugar é esse? E não, droga, eu não vou calar a boca! - Falo, olhando feio pra ele.

Eu estava deitada em uma cama simples, mas confortável. O quarto estava vazio, sendo ocupado apenas por onde eu estava deitada, um tapete, uma poltrona e uma cortina branca que ocultava a janela. Ele estava sentado do meu lado, e agora seu rosto estampava... tensão?

- Tudo bem, se você quiser gritar, então grite. Mas sofra as consequências disso.
- Do que você está falando? Onde eu estou? E por quê? - Falei, com raiva.
Eu ao mesmo tempo sabia e não sabia onde estava. O lugar, o clima, a pessoa já indicavam onde eu estava, mas o problema era que eu não queria aceitar.
- Onde você acha que está? Não é óbvio? - Ele diz, revirando os olhos e passando a mão no cabelo cacheado. Eu via sua perna tremer e ele piscar repetidas vezes. O que está acontecendo?
- Merda. - Sussurro, pois o que ele disse confirmava minha suspeitas. Merda, merda, merda. - Mas por quê?
- Vamos lá. Você não é tão burra assim, Aaliyah. Acredite.
- É por que estou ajudando Rhys? - Só podia ser isso.
Ele suspira.
- Olha, não cabe a mim te explicar. O máximo que posso fazer é te ajudar a cair fora daqui.
- Olha, eu agradeço. De verdade. Mas por que diabos eu estou aqui? Eu preciso saber!
- Você não está entendendo que eu não vou te falar? Que eu não posso te falar?

Lyght, a princesa da Luz NoturnaOnde histórias criam vida. Descubra agora