Aaliyah ~ 5

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-Bom dia!- meu pai me acorda, abrindo as cortinas do meu quarto e olhando através das janelas- Hora de levantar. Deixei você dormir até tarde hoje.
Grunhi alguma coisa sem sentido. Por que eu nunca tinha percebido que a claridade era tão irritante?
-Vai, levanta. Já são dez e meia.
-Como assim, "Já?"? Tá doido?
-É, ué.- E vai embora.

Esfrego os olhos. O quarto já foi todo invadido pela luz insuportável do sol. Meus livros na mesa ao lado da minha cama brilham, e as roupas cheias de terra da noite passada estão penduradas no encosto da cadeira.
Espera. Noite passada, terra, livros...
Olho para o meu pulso, onde três estrelas negras brilham.

Cubro a boca com as mãos. O primeiro livro de Corte de Espinhos e Rosas não está aqui. Eu tenho uma tatuagem no pulso. Eu conheci o meu personagem favorito de um dos meus livros favoritos. E tudo isso há, o quê, dez horas? Meu Deus do céu, eu só posso ter ficado louca. Não tem outra alternativa.

Afundo na cama novamente.
Isso não pode estar acontecendo.
O pior é que eu não posso falar para nenhuma pessoa, porque ela provavelmente vai me mandar pro hospício alegando que eu era esquizofrênica, já que eu não conseguia diferenciar a realidade do imaginário. Para falar a verdade, eu realmente acho que estou ficando louca...

Ok, já deu.
Não posso ficar o dia inteiro remoendo a minha loucura e insanidade mental.

Vou para o banheiro. Minha cara está péssima. Os óculos tortos sobre as olheiras, o cabelo castanho um pouco enrolado na altura dos ombros e a boca seca. Murmuro um xingamento qualquer, verifico se ninguém me ouviu e vou tomar um banho (no qual eu tento desesperadamente apagar as estrelas do pulso, mas elas não saem nem se eu jogar ácido, provavelmente).

Dou uma olhada no guarda-roupa. Tudo bagunçado, assim como o resto do quarto. Acho que terei problemas em arrumar as minhas coisas quando voltarmos para casa, mas tudo bem. Vou para a cozinha, pego um pouco de café e saio. Nenhum dos meus pais estão a vista, então devem ter saído pra comprar alguma coisa. Provavelmente pão (com o qual eu consigo viver muito bem sem, mas fazer o quê?). Coloco alguma música para tocar e pego os outros dois livros que sobraram de ACOTAR, e dou uma olhada. Eu faço isso às vezes, dando uma relida em todos os detalhes, principalmente com os quais eu posso formar mais teorias. Mas agora eu tenho um objetivo: Encontrar a filha de Rhysand (por mais que isso seja meio estranho/impossível).

Eu, sinceramente, não faço ideia de o que eu posso fazer para encontrá-la. Cara, 7 bilhões de pessoas no mundo. Quantas delas são garotas de 15 anos? Não sei nem por onde começar. Na realidade, nem sei onde eu me encaixo nessa história toda. O que eu posso ter a ver com Rhys, Feyre, Niah, Lyght e Tamlin? E por que Tamlin se envolveu nisso? Roubou a garota por vingança? Fico pensando nisso.

E assim se passa o dia inteiro. Como alguma coisa, dou uma volta pelo lugar e fico lá sentada na frente da casa, onde vi Rhys pela primeira vez. Tento não pensar nessa história durante todo o tempo, mas foi, tipo, a coisa mais interessante e fora do comum que já aconteceu na minha vida, então não é uma coisa tão fácil assim de esquecer.

Hoje está um pouco mais frio do que ontem, mas mesmo assim fico aqui fora. Olho para o céu. O céu que eu amava e me sentia tão confortável e segura ao vê-lo, mas era apenas porque Rhysand mandava as imagens justamente para me acalmar.

Encaro a tatuagem das três estrelas no meu pulso, que mesmo com as minhas tentativas (frustradas) de apagá-las, permaneciam da mesma maneira: aparentemente recém-feitas e brilhantes. Apesar de tentar desesperadamente retirá-las dali, elas eram a única coisa que provavam que eu não imaginara tudo aquilo ontem à noite.

Depois de um tempo pensando sobre o quão louca e estranha era aquela história, minha mãe me manda entrar em casa porque está muito frio (é claro que não está, mas sabe como são as mães).
-O que estava fazendo lá fora?- pergunta, deitada no sofá e lendo uma revista. Sem blusa. Reviro os olhos.
-Nada. Só... olhando.-Respondo, simplesmente. Não sei porque ela ainda me pergunta isso. Eu sempre fico lá fora olhando para o nada.
-Olhando o quê?- Caramba.
-O céu, mãe, o céu...- Respondo, indo para o meu quarto.
Fecho a porta. As janelas já estão fechadas, tiro os sapatos, e acendo a luz.

Lyght, a princesa da Luz NoturnaOnde histórias criam vida. Descubra agora