Lyght, a princesa da Luz Noturna

Niah ~ 12

-Niah...- fala uma voz doce no meu ouvido.
Não. Eu não quero acordar.
-Niah... acorde, querido- fala a voz novamente.
-Sai daqui- eu murmuro, e giro para o lado, deitado na... espera, desde quando a minha cama é tão dura e gelada?
E desde quando tem tanta luz nessa merda?
Abro os olhos e me levanto muito rapidamente. Olho ao redor. Eu estou no telhado da minha casa, e tem uma maluca rindo que nem uma... sei lá o que ela parece.
-Que porra é essa, Aurora?!
Ela está ocupada demais rindo. Essa idiota, babaca e...
-Pela Mãe, você devia ter visto a sua cara!- Mais risos- Eu imagino o quanto você deve ter bebido na noite passada pra dormir no telhado e ainda por cima querer continuar dormindo.
-Cala a boca- respondo, apenas.
-Tinha que ser você, não é, Niah? Só um tapado que nem você faz uma coisa dessas!- Ela só continua rindo. Que insuportável!
Atravesso para dentro de casa, mais precisamente na cozinha.
-Bom dia, Nuala.- Falo, ao vê-la concentrada em alguma coisa no balcão- Que torta bonitinha. É de quê?
-Bom dia para você também, senhor Niah.- Ela fala, com aquela voz suave e tranquila que só as espectros tinham- É só uma torta de maçã, para Aurora. Soube que ela vinha...- Diz, mas eu a interrompo. Ela não vai piorar o meu dia falando dessa idiota infantil da Aurora. A mulher tinha uns 200 anos de idade e era mais infantil que eu, parecia. Não sei como uma desequilibrada dessas podia ajudar a governar a Corte Diurna.
-Ah, eu percebi. Mas guarda isso, por favor. As suas tortas são tão boas que ela nunca irá querer ir embora, o que atrapalha todos os meus planos de paz e felicidade.
-Por que você a odeia tanto? Aurora é...- E Nuala é interrompida novamente, só que dessa vez foi por causa desse demônio denominado Aurora.
-Ah, que fofo, Niah, saber que você já está falando para todo mundo o quanto você está feliz em me ver.
-Não faz ideia do quanto...- sussurro, com os olhos semicerrados para ela.
-Aurora!- Dessa vez é a minha mãe.

O pior é que a minha família inteira gosta dela. Quer dizer, apesar de eu gostar de Helion, isso não significa que eu sou obrigado a gostar de sua prima.
Eles sempre vieram aqui, desde quando consigo me lembrar. Sei que a Corte Noturna não tem laços muito antigos com a Diurna (começou apenas com a linda amizade de Helion com meu pai), mas as coisas evoluíram bem desde a famosa guerra de Hybern, quando meus pais se conheceram, eu acho. Todos sabem que a confiança das Cortes Solares tende a ser maior entre elas, mas que eu saiba nós nunca fomos muito unidos (nem as Sazonais, mas tudo bem), mas até que as coisas andam bem entre os quatro Grão-Senhores.

-Feyre! Como vai a minha Grã-Senhora favorita?- Ela diz, com bom humor.
-Estou bem. Porém, mais esperançosa do que nunca, na verdade.
-Ah, então os rumores são verdadeiros. Soube que está chegando perto de encontrar sua filha, mas quis confirmar a informação.
Minha mãe assente, finalmente radiante pela primeira vez desde 15 anos atrás, quando anunciou a chegada da minha irmã.
-Rhys seguiu as pistas, e ele tudo levava à uma garota humana. O mais inacreditável é que ela vem de um... outro mundo.
-Como assim?!- sua boca se escancarou.

E então as duas começam uma conversa animada sobre como meu pai chegara à Aaliyah.
Resolvo sair da cozinha, pois já estou sobrando nesse cômodo. Nuala faz a torta concentrada; elas conversam e eu jogo um pedaço de pão com geleia na boca e vou ao meu quarto.

O problema é que, no caminho, encontro Cassian.
-Onde dormiu na noite passada?- Essa era a pior pergunta que ele podia fazer para mim nesse momento. Era muito mais fácil dizer que passei a noite com uma fêmea do que ter que explicar que adormeci no telhado.
-Ah... por aí.
-Por aí? E esse por aí seria uma boate para beber?
-É... talvez.
-Sabe, não vale a pena você sair por aí e cair de bêbado por causa de alguém como Tamlin. Apenas não vale a dor de cabeça que você terá no dia seguinte, pelo simples fato de que ele é idiota, e é só a natureza dele- Ele ri- Ficar bravo com ele por ser quem é seria a mesma coisa do que ficar com raiva do sol nascer depois da noite acabar. Não tem sentido algum.