Capítulo 1: A Garota Vermelha

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03 de Setembro, 2018

A luz invade meu quarto assim que o sol nasce, fiquei observando os raios iluminarem cada vez mais as paredes vermelhas do quarto.
Alguém abre a porta e se joga em cima de mim.
—Bom dia, Mett! - gritou Matthew - Levanta, temos que ir pra escola!
—Bom dia, nada! Me deixa dormir! - reclamei, como se fosse conseguir dormir novamente.
—Você teve três meses pra dormir! - ele se levanta, me viro na cama e o encaro - Tem vinte minutos!
E saiu! Argh, odeio quando me apressam!
Levanto, me espreguiço, pego algumas roupas e vou pro banho.

Prendo o cabelo em um rabo de cavalo, mesmo não gostando de deixá-lo preso, perde todo seu glamour para uma entrada triunfal!
Passo o perfume, fecho o zíper da mochila e desço.
O cheiro de torradas invade meus pulmões.
Entro na cozinha e deixo a mochila no chão.
Tudo parecia um tanto embaçado.
—Você esqueceu as lentes - comentou mamãe, enquanto colocava o prato com algumas torradas na mesa.
Subo novamente e ponho as lentes coloridas. E, antes que venha me dizer que eu uso essas lentes por causa do meu favoritismo pelo vermelho, eu tenho um pouco de míopia .
Volto pra cozinha e tomo meu café tranquilamente.

—Vamos logo, MettMerry Anystrey! - gritou Matthew.
—Já vou, merda! - vociferei, enquanto dava um beijo na mamãe e no papai.
E fomos embora.
O céu estava claro, era um belo fim de verão!
Olho pro meu irmão, ele era um ano mais velho que eu, mas como ele repetiu o sétimo ano, estávamos na mesma turma, desde então.
Tenho 15 anos e ele, 16.
—Devia tentar usar menos vermelho - fala, enquanto olhava pro céu, com as mãos nos bolsos.
Suspiro. Matthew é o único que eu trato como sempre. Com gentileza e doçura. Por que o resto... Até meus pais, eu não trato com tanto amor quanto ele.
—Já sou monocromática há dois anos e meio, não é agora que eu vou voltar a ser colorida!
Ele riu.
—Sua cor favorita era o arco-íris! - lembrou.
Sim, até 2015 acontecer!
Reviro os olhos.
Entramos na escola, ela estava lotada!
O caminho foi aberto, dando passagem à mim e ao meu irmão.
Todos estavam com medo de mim. A garota vermelha.
—Admito, você ser desse jeito tem suas vantagens! - sussurrou.
Abro um pequeno sorriso.
Nós fomos até o quadro das turmas e dos horários, encostei na parede, enquanto Matthew olhava os papéis.
Fiquei mexendo nas pontas vermelhas do meu cabelo. Eu tinha que pintar de novo, a cor já estava desbotando e voltando ao castanho claro.
—Estamos no 9º2.
—Qual é a primeira aula? - perguntei, guardando o celular na cintura.
—Geografia. Será que pegamos aquele cara de novo?
—Tomara que não. - reviro os olhos - Vou deixar meu material no armário, você vem?
Ele olhou pra trás e viu seus amigos. Comprimi os lábios, às vezes eu o monopolizava.
—Vai lá! Nos vemos na sala!
—Tem certeza?
—Claro! - me virei e acenei - Até! Não vire babaca!
—Até! Não vire patricinha!
Cheguei no meu armário, que era uma das únicas coisas que faziam esse colégio valer a pena. Adivinha o por quê! Porque todos os armários são vermelhos! Sim! Isso até me faz ter vontade sorrir! Mas me contenho.
Arrumo os livros lá dentro, cuidadosamente, deixando apenas os livros e os cadernos das três primeiras aulas. Odeio ter que vir no armário várias vezes.
Fecho a porta e respiro fundo.
—Olha só! É um novato! - exclama Chuck para Adam.
—Está perdido! - fala Adam, de forma debochada - Vamos te mostrar onde fica a privada e o lixo!
Argh, duas coisas que eu odeio: Idiotas e bullying.
Me aproximo e os encaro até que prestem atenção em mim.
—M-MettMerry! - exclama Chuck.
—Deixem o novato em paz! - eles já tremiam - Caiam fora!
Saíram correndo. Gente, eu quero saber como eles tem medo de mim!  Mentira, eu já sei! Haha!
Estendo a mão para o garoto.
Seus olhos vão da minha mão até meus olhos.
Acho que meu coração perdeu uma batida.
Ele aceitou minha ajuda e se levantou.
Deu uma limpada básica na calça.
Seus olhos eram verdes e com uma pele clara. E tinha jeito que tinha um sorriso perfeito.
—O-obrigado! - falou.
Por favor, não esteja com medo de mim!
—De nada! - me viro e começo a andar.
—Espera! - ele segura meu pulso.
Sinto uma corrente elétrica percorrer meu corpo, o que é isso?
Me viro pra ele, o garoto solta meu pulso.
—Eu... E-eu sou Henry! Henry Walker! - disse meio nervoso.
Meu olhar parecia desinteressado, talvez, por isso ele tenha ficado nervoso.
—MettMerry Anystrey! - digo e vou embora, antes que eu vomite arco-íris pela doçura dessa cena.
Aliás, daria uma ótima cena de livro ou um filme!
Não! MettMerry, isso seria um filme ou livro romântico! Lembre-se: Necessita-se, somente, de vermelho para ser feliz!
O sinal tocou e eu fui pra sala.
Sentei na fileira da janela. As fileiras eram em duplas, ou seja, duas pessoas, uma do lado da outra! Argh, que horror!
Matthew sentou dou meu lado e encostou a cabeça no meu ombro.
—O que você quer? - pergunto.
—Você poderia ser mais sensível com o Chuck e o Adam - fala, brincando com os meus dedos.
—Ata, não, obrigada! Não depois do que eles fizeram!
Ele levantou a cabeça e me encarou.
—Bicha rancorosa! - acusou.
—Hahaha!
—Que risada forçada, em!
—Não foi forçada!
—Claro que foi!
—Essa foi a risada mais autêntica e histérica que eu já dei na minha vida! - falei.
—Anystrey's! - chama o professor - Já pararam de dialogar?
Argh, é aquele professor chato!
—Já, sim! Pode começar sua aula, por favor, professor! - digo uma pouco debochada.
—Já quer sair da sala, MettMerry?
—Tentador, mas não!
Abri meu caderno e ele começou a dar a aula.
Fiquei encarando o teto, enquanto o professor passava uma texto chato sobre a ONU. Meus olhos recaíram sob um olhar fixo em mim. Henry! O que? Ele é da minha turma?!
Ele movimentou os lábios, dizendo um "oi" silencioso.
Respondi da mesma forma.
Ficamos nos encarando por alguns segundos até Matthew notar.
—A menos que você esteja ameaçando alguém, você deveria fazer lição, srta. MettMerry! - sussurra ele.
Reviro os olhos e começo a copiar.

I'm MettMerryOnde histórias criam vida. Descubra agora