25 de Setembro, 2018
A música estourava em meus ouvidos.
O corredor de alunos estava lá, porém eu não conseguia enxergar, eu estava cega pelo coração partido.
Joguei tudo no meu armário, sem me importar com a bagunça.
Apoio a mão na porta da estrutura, senti que eu poderia quebrar a qualquer momento.
Tudo doía. Respirei fundo.
Está tudo bem. Você está bem!
Você não está machucada, não há sangue, não há ferimentos.
Fecho o armário.
Bem, pelo menos, não físicos.
—Hey, está ouvindo, boneco de posto?! - gritou Katherine, atrás de mim.
Me virei pra ela, com cara de poucos amigos.
Ela recuou. Isso sinta medo. Me tema. Pereça sob a minha presença.
—O que você quer? - pergunto ríspida.
Henry estava logo atrás, com Bree.
—Eu só quero dizer que, bem, o Henry é meu! E, por mim, ele devia ter deixado você naquele corredor para morrer logo de uma vez! - exclamou.
Levanto uma sobrancelha.
Dou uma risada sádica.
—Você acha que me afeta? - questiono, avançando em sua direção - Com seu deboche? Com seu sarcasmo? Sua falsidade? Ou sua estupidez?
Eu vi o medo em seus olhos.
—Você, realmente, acha isso? Quer o Henry? Fique! Não me importo! Só não mexa comigo, não gosto de brincar com lixos como você! Você não chega nem a ser o chão que eu piso, Katherine! - digo - Então, caia fora! Você é nada na minha vida! Apenas um ser insignificante!
Ela levantou a mão para me dar um tapa, segurei seu pulso.
—Não! Não faça isso, senão irá se arrepender!
Solto seu pulso e saio andando.
Isso só está me dando dor de cabeça.
Fui para a arquibancadas e fiquei lá. Não estava afim de ir nas aulas. Se eu continuar desse jeito, vou acabar repetindo!
O céu azul estava muito bonito.
Tive um lampejo do sorriso de Henry.
Merda, por que estou pensando nele?
A madeira estava gelada... As mãos de Henry são tão quentes.
Balanço a cabeça, afastando esses pensamentos da minha mente!
Droga!
Minha vista embaça.
Não é pra chorar!
Esfrego os olhos, limpando qualquer resquício de um futuro choro.
Me sentei e coloquei a cabeça entre as pernas.
—Por que eu estou querendo chorar? - me questiono - Não há motivo de lágrimas. Ninguém morreu.
Meus olhos voltaram a marejarem.
Você morreu...
Eu tinha morrido, meu coração estava partido.
Novamente.
Por que? Por que ninguém fica comigo?
Me levanto.
—Merda! - grito - Merda! Por que eu fui amar você, Henry?!
—Você poderia me dar a chance de explicar? - questiona o garoto.
Me viro, mesmo sabendo quem era.
—Henry... - sussurrei.
Ele me puxou para um abraço.
Tentei me soltar, mas ele era mais forte e maior que eu.
—Me perdoe - disse com a voz embargada.
Ele estava chorando.
Senti uma de suas lágrimas cair sobre minha bochecha.
—Me perdoe, eu fui atrás dela, admito! Precisava saber o que ela estava fazendo aqui, depois de tudo! - exclama, me apertando mais em seus braços - E o sobre o que você ouviu no corredor, você perdeu algo...
Ele afrouxa um pouco o aperto, levanto a cabeça e o encarei.
—Algo? - as lágrimas ainda caiam de seus olhos.
—Eu falei "Eu não sei onde você quer chegar, Katherine! Amo ela e não você!" - diz.
—Como posso ter a certeza? - questiono, querendo acreditar.
E se fosse mentira? O que eu faria?
—Mett, olha pra mim - ele me fez olhar em seus olhos - Eu mentiria pra você?
—Não... - sussurro.
—Eu não estou mentindo. Amo você.
Seu rosto se aproxima e sela nossos lábios.
Como é bom beijar ele.
—Senti falta de seu beijo... - arfou entre um beijo e outro.
Sua mão esquerda encontrou a minha direita.
A outra dele me puxou mais para, como se já não tivéssemos colados um no outro.
Havia necessidade e urgência nesse beijo?
Sim, há!
E continuamos nos beijando até tocar o sinal, parando algumas vezes apenas para recuperar o fôlego.
Não havia mais a vontade de chorar...27 de Setembro, 2018
Katherine havia ido embora.
Abri meu armário e duas rosas caíram.
Por que duas, Henry?
Peguei elas e li seus bilhetinhos.
O primeiro tinha a letra de Henry (obviamente)."Bom dia, Mett! Uma rosa para melhorar seu dia! Te amo! Me encontre no jardim.
Henry❤"O segundo tinha uma outra caligrafia. Eu tinha uma vaga lembrança sobre ela, mas não liguei à nada!
"Oi, bebê! Saudades de você! Quanto tempo! Me encontre na arquibancada!
L. Macquilyn"L. Macquilyn?
Não pode ser! Eu não acredito!
Peguei minhas coisas e fechei o armário.
Fui para quadra.
Lá estava ele, meu melhor amigo de infância!
Lucas!
Ele encarava o céu. Sorrio.
—Lucas! - chamei, me aproximando.
Ele se levantou. Seu sorriso se desmanchou.
Parei na frente dele.
—O que foi?
Ele desviou o olhar.
—Eu estava com saudades, Baka! - falou animado, me abraçando.
—Eu também, Inu! - e o abracei de volta.
Nos separamos.
Baka e Inu, apelidos muito antigos.
—Como tá a vida? - pergunta - Algum namorado?
Namorado... Henry! Tenho que encontrá-lo no jardim!
—Vem, vou te apresentar a uma pessoa! - vulgo, amor da minha vida.
O puxo até o jardim.
Henry estava sentado no canteiro, observando as formigas entrarem e saírem do formigueiro.
—Henry! - chamo me aproximando.
Ele se levanta.
—Mett! - fala e sorri.
—Oi! Esse aqui é o meu amigo de infância, Lucas. - eles trocaram olhares - Lucas, esse é Henry, meu... Meu...
Meu o quê?
—Namorado. Namorado dela - completa Henry.
Oi? O que? Como assim?!? Nunca nem tínhamos conversado sobre isso!
Lucas ficou emburrado com a resposta de Henry. Por que será?
—Quem diria que você iria arranjar um namorado, Merry!
Faz tempo que não me chamam assim.
O clima ficou meio pesado pela menção de uma apelido que eu não permitia Henry pronunciar.
O sinal tocou.
—Vamos pra sala, Vermelhinha? - perguntou, fingindo não estar irritado, assinto.
Henry estava com ciúmes? Quer dizer, ele mentiu sobre ser meu namorado, né?
—Até, Lucas! - falo, enquanto Henry pegava minha mão.
Entramos na sala, ele tinha ficado de mau humor.
Encarei ele por algum tempo.
Se virou pra mim.
—O que foi? - pergunta ele.
—Você estava com ciúmes? E está bravo por ele ter me chamado de Merry? - questiono.
—Eu não estava com ciúmes - pisquei os olhos pra ele, de forma fofa - Talvez, mas só estava sentindo muito ciúmes! Bravo, não. Um pouco irritado. Por que ele pode te chamar assim?
Sorrio e passo a mão pelos seus cabelos recém cortados.
—Ele conheceu uma parte minha que está morta há tempos, não se preocupe. Me chamar de Mett faz você ganhar muitos mais pontinhos comigo! - falo - E, aliás, por que sentiu ciúmes? Eu e ele somos só amigos!
Estávamos próximos demais.
—Esses pontinhos podem ser trocados em beijos, depois da aula, na minha casa? - pergunta baixinho - Nós também éramos só amigos, além disso, você é minha! E de mais ninguém!
—Bem, podem, sim! - respondo - Que bom que pensa assim, porque você também é só meu! Aí se a Katherine aparecer e tentar te pegar! - resmungo, antes do professor entrar.
—Bom dia, alunos!
E logo ele começou a passar um texto.
Apoiei o cotovelo na mesa e minha cabeça na mão, a caneta entre os dedos.
Eu estava pensando no que Henry disse para Lucas.
Quer dizer, não exatamente nisso.
Se Henry me pedisse em namoro, eu aceitaria?
Eu o amo, mas eu estaria preparada pra ser namorada dele? A gente briga quando a gente apenas fica, imagina quando namorarmos! Vamos poder expôr todos os ciúmes!
Eu iria ficar muito possessiva e isso seria egoísmo, né?
Suspiro, acho que eu não estou psicologicamente preparada pra isso.
—Está prestando atenção na aula, MettMerry? - questiono o professor, interrompendo meus devaneios.
—Ahn, sim, estou, sim! - respondi e comecei a copiar.
Suspiro novamente. Espero que o Henry espere meu tempo.
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I'm MettMerry
Fiksi RemajaNão faço cortes profundos no meu antebraço, nem observo os prédios mais altos para pular deles, mas minha mãe insiste que eu vá para um psicólogo. Isso tudo só porque eu não tenho amigos e pelo meu favoritismo pela cor vermelha. Como passar de algu...