Capítulo 16: Ciúmes

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25 de Setembro, 2018

A música estourava em meus ouvidos.
O corredor de alunos estava lá, porém eu não conseguia enxergar, eu estava cega pelo coração partido.
Joguei tudo no meu armário, sem me importar com a bagunça.
Apoio a mão na porta da estrutura, senti que eu poderia quebrar a qualquer momento.
Tudo doía. Respirei fundo.
Está tudo bem. Você está bem!
Você não está machucada, não há sangue, não há ferimentos.
Fecho o armário.
Bem, pelo menos, não físicos.
—Hey, está ouvindo, boneco de posto?! - gritou Katherine, atrás de mim.
Me virei pra ela, com cara de poucos amigos.
Ela recuou. Isso sinta medo. Me tema.  Pereça sob a minha presença.
—O que você quer? - pergunto ríspida.
Henry estava logo atrás, com Bree.
—Eu só quero dizer que, bem, o Henry é meu! E, por mim, ele devia ter deixado você naquele corredor para morrer logo de uma vez! - exclamou.
Levanto uma sobrancelha.
Dou uma risada sádica.
—Você acha que me afeta? - questiono, avançando em sua direção - Com seu deboche? Com seu sarcasmo? Sua falsidade? Ou sua estupidez?
Eu vi o medo em seus olhos.
—Você, realmente, acha isso? Quer o Henry? Fique! Não me importo! Só não mexa comigo, não gosto de brincar com lixos como você! Você não chega nem a ser o chão que eu piso, Katherine! - digo - Então, caia fora! Você é nada na minha vida! Apenas um ser insignificante!
Ela levantou a mão para me dar um tapa, segurei seu pulso.
—Não! Não faça isso, senão irá se arrepender!
Solto seu pulso e saio andando.
Isso só está me dando dor de cabeça.
Fui para a arquibancadas e fiquei lá. Não estava afim de ir nas aulas. Se eu continuar desse jeito, vou acabar repetindo!
O céu azul estava muito bonito.
Tive um lampejo do sorriso de Henry.
Merda, por que estou pensando nele?
A madeira estava gelada... As mãos de Henry são tão quentes.
Balanço a cabeça, afastando esses pensamentos da minha mente!
Droga!
Minha vista embaça.
Não é pra chorar!
Esfrego os olhos, limpando qualquer resquício de um futuro choro.
Me sentei e coloquei a cabeça entre as pernas.
—Por que eu estou querendo chorar? - me questiono - Não há motivo de lágrimas. Ninguém morreu.
Meus olhos voltaram a marejarem.
Você morreu...
Eu tinha morrido, meu coração estava partido.
Novamente.
Por que? Por que ninguém fica comigo?
Me levanto.
—Merda! - grito - Merda! Por que eu fui amar você, Henry?!
—Você poderia me dar a chance de explicar? - questiona o garoto.
Me viro, mesmo sabendo quem era.
—Henry... - sussurrei.
Ele me puxou para um abraço.
Tentei me soltar, mas ele era mais forte e maior que eu.
—Me perdoe - disse com a voz embargada.
Ele estava chorando.
Senti uma de suas lágrimas cair sobre minha bochecha.
—Me perdoe, eu fui atrás dela, admito! Precisava saber o que ela estava fazendo aqui, depois de tudo! - exclama, me apertando mais em seus braços - E o sobre o que você ouviu no corredor, você perdeu algo...
Ele afrouxa um pouco o aperto, levanto a cabeça e o encarei.
—Algo? - as lágrimas ainda caiam de seus olhos.
—Eu falei "Eu não sei onde você quer chegar, Katherine! Amo ela e não você!" - diz.
—Como posso ter a certeza? - questiono, querendo acreditar.
E se fosse mentira? O que eu faria?
—Mett, olha pra mim - ele me fez olhar em seus olhos - Eu mentiria pra você?
—Não... - sussurro.
—Eu não estou mentindo. Amo você.
Seu rosto se aproxima e sela nossos lábios.
Como é bom beijar ele.
—Senti falta de seu beijo... - arfou entre um beijo e outro.
Sua mão esquerda encontrou a minha direita.
A outra dele me puxou mais para, como se já não tivéssemos colados um no outro.
Havia necessidade e urgência nesse beijo?
Sim, há!
E continuamos nos beijando até tocar o sinal, parando algumas vezes apenas para recuperar o fôlego.
Não havia mais a vontade de chorar...

27 de Setembro, 2018

Katherine havia ido embora.
Abri meu armário e duas rosas caíram.
Por que duas, Henry?
Peguei elas e li seus bilhetinhos.
O primeiro tinha a letra de Henry (obviamente).

"Bom dia, Mett! Uma rosa para melhorar seu dia! Te amo! Me encontre no jardim.
                                    Henry❤"

O segundo tinha uma outra caligrafia. Eu tinha uma vaga lembrança sobre ela, mas não liguei à nada!

"Oi, bebê! Saudades de você! Quanto tempo! Me encontre na arquibancada!
                                        L. Macquilyn"

L. Macquilyn?
Não pode ser! Eu não acredito!
Peguei minhas coisas e fechei o armário.
Fui para quadra.
Lá estava ele, meu melhor amigo de infância!
Lucas!
Ele encarava o céu. Sorrio.
—Lucas! - chamei, me aproximando.
Ele se levantou. Seu sorriso se desmanchou.
Parei na frente dele.
—O que foi?
Ele desviou o olhar.
—Eu estava com saudades, Baka! - falou animado, me abraçando.
—Eu também, Inu! - e o abracei de volta.
Nos separamos.
Baka e Inu, apelidos muito antigos.
—Como tá a vida? - pergunta - Algum namorado?
Namorado... Henry! Tenho que encontrá-lo no jardim!
—Vem, vou te apresentar a uma pessoa! - vulgo, amor da minha vida.
O puxo até o jardim.
Henry estava sentado no canteiro, observando as formigas entrarem e saírem do formigueiro.
—Henry! - chamo me aproximando.
Ele se levanta.
—Mett! - fala e sorri.
—Oi! Esse aqui é o meu amigo de infância, Lucas. - eles trocaram olhares - Lucas, esse é Henry, meu... Meu...
Meu o quê?
—Namorado. Namorado dela - completa Henry.
Oi? O que? Como assim?!? Nunca nem tínhamos conversado sobre isso!
Lucas ficou emburrado com a resposta de Henry. Por que será?
—Quem diria que você iria arranjar um namorado, Merry!
Faz tempo que não me chamam assim.
O clima ficou meio pesado pela menção de uma apelido que eu não permitia Henry pronunciar.
O sinal tocou.
—Vamos pra sala, Vermelhinha? - perguntou, fingindo não estar irritado, assinto.
Henry estava com ciúmes? Quer dizer, ele mentiu sobre ser meu namorado, né?
—Até, Lucas! - falo, enquanto Henry pegava minha mão.
Entramos na sala, ele tinha ficado de mau humor.
Encarei ele por algum tempo.
Se virou pra mim.
—O que foi? - pergunta ele.
—Você estava com ciúmes? E está bravo por ele ter me chamado de Merry? - questiono.
—Eu não estava com ciúmes - pisquei os olhos pra ele, de forma fofa - Talvez, mas só estava sentindo muito ciúmes! Bravo, não. Um pouco irritado. Por que ele pode te chamar assim?
Sorrio e passo a mão pelos seus cabelos recém cortados.
—Ele conheceu uma parte minha que está morta há tempos, não se preocupe. Me chamar de Mett faz você ganhar muitos mais pontinhos comigo! - falo - E, aliás, por que sentiu ciúmes? Eu e ele somos só amigos!
Estávamos próximos demais.
—Esses pontinhos podem ser trocados em beijos, depois da aula, na minha casa? - pergunta baixinho - Nós também éramos só amigos, além disso, você é minha! E de mais ninguém!
—Bem, podem, sim! - respondo - Que bom que pensa assim, porque você também é só meu! Aí se a Katherine aparecer e tentar te pegar! - resmungo, antes do professor entrar.
—Bom dia, alunos!
E logo ele começou a passar um texto.
Apoiei o cotovelo na mesa e minha cabeça na mão, a caneta entre os dedos.
Eu estava pensando no que Henry disse para Lucas.
Quer dizer, não exatamente nisso.
Se Henry me pedisse em namoro, eu aceitaria?
Eu o amo, mas eu estaria preparada pra ser namorada dele? A gente briga quando a gente apenas fica, imagina quando namorarmos! Vamos poder expôr todos os ciúmes!
Eu iria ficar muito possessiva e isso seria egoísmo, né?
Suspiro, acho que eu não estou psicologicamente preparada pra isso.
—Está prestando atenção na aula, MettMerry? - questiono o professor, interrompendo meus devaneios.
—Ahn, sim, estou, sim! - respondi e comecei a copiar.
Suspiro novamente. Espero que o Henry espere meu tempo.

I'm MettMerryOnde histórias criam vida. Descubra agora