Capítulo 24: Acampamento Senses

20 5 1
                                    

14 de Outubro, 2018

Algo estava me incomodando. Pinicava meu nariz. O que é?
Levei a mão ao local e senti algo fino e gelado. Entreabri os olhos e vi um caninho de plástico.
Uma cânula? Estou no hospital, de novo?
Esfreguei os olhos e olhei pro lado. Henry dormia de mal jeito no sofázinho do quarto.
A claridade, que entrava pelas frestas da cortina, denunciavam que eu passei a noite aqui.
-Henry... - minha voz não saiu alta, parecia mais um sussurro - Henry!
Reviro os olhos e olho pro criado mudo, os óculos de Henry estavam lá.
Peguei-os e coloquei.
-Quase não tem grau - ouço o barulho do couro falso.
-Mett! - exclamou Henry, se levantando e vindo me abraçar.
Abracei ele, de volta.
Nos afastamos.
-Por que está usando meus óculos? - questiona, querendo rir.
-Queria ver como eu ficava - novamente, a frase saiu como um sussurro.
Esse era o efeito da minha alergia a frutos do mar.
Ele roubou os óculos de mim e o colocou, ajeitou eles brevemente e sorriu.
-Fiquei tão preocupado! - falou - E se você morresse por falta de ar! Ou sua cabeça explodisse pela pressão!
Passei a mão em seu cabelo e sorri.
-Tá tudo bem.
-É, agora, está!

15 de Outubro, 2018

Espirro.
-Você está bem? - questiona Henry, interrompendo a aula pela quinta vez.
Eu estava constrangida pela preocupação em excesso, além disso, ninguém sabia que nós namorávamos.
-Henry, para fora da sala! - disse a professora.
-Mas, eu...
A mulher apontou pra fora, estressada.
-Pra fora!
Henry pegou seu material e saiu cabisbaixo.
Acompanhei ele com o olhar.
-Quer o acompanhar, MettMerry?
Nego com a cabeça e ela volta à sua explicação maçante sobre... Nem sei sobre o que era!

-Espera, você está bravo porque eu não quis sair da sala?! - exclamo.
-É! - responde Henry, se apoiando na arquibancada superior.
-Henry, você que ficou interrompendo a aula o tempo todo! Eu não tenho culpa! Eu queria aprender alguma coisa!
Ele me olhou com uma cara assustadora.
-Sobre o quê ela estava falando?
Putz, não faço a mínima ideia.
-Ahn...
-Viu?! Nem estava prestando atenção! - reviro os olhos.
-Vai com raivinha? - questiono e ele assente - Beleza, tô saindo!
Desci das arquibancadas e fiquei embaixo de um Salgueiro, que tinha num canto afastado no terreno da escola.
Encostei minha cabeça no tronco meio retorcido e respirei fundo.
Parece que eu e Henry só brigamos, nos damos bem dez minutos e depois discutimos.
Massageio as têmporas e suspiro.
Desbloqueio meu celular e encaro meu papel de parede, era uma foto nossa, deitados no chão.
Abro um pequeno sorriso.
Guardo o celular e fico observando o tempo do intervalo passar.

O vento quente vindo do secador aquecia minhas costas e me relaxava.
-Olá, MettMerry! - ouço.
Era a mãe de Bree.
-Oi, Sra. Manchester! - ela sorriu.
-Meghan, eu vou dar uma saída, tudo bem? Consegue cuidar de tudo? - Meghan assente e a Sra. Manchester se vai.
-Prontinho, Mett! - agradeço.
Pago à ela e vou pra casa.
Vou andando pelo meio-fio, fingindo estar numa corda bamba.
Alguém pega minha mão e me puxa.
Me segurou pela cintura com firmeza e me beijou.
-Me desculpa, fiquei com raiva por uma coisa idiota - admitiu Henry, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
Me soltei dele e me virei.
-Ahn, Mett...?
-A IceBerry é ali na frente! Vai me pegar um sorvete de flocos, chato! - digo, colocando as mãos no moletom.
Ele veio atrás e tirou minha mão esquerda do bolso do casaco e entrelaçou nossos dedos.

Parecia que Henry falava alguma coisa, mas eu não conseguia ouvir.
Eu estava caindo de sono e eram 20h37min.
-Mett! - berrou.
-Ahn...?
Ele riu de forma anasalada.
-Vou te levar pro quarto.
Ele me pegou no colo, igual uma noiva.
Seu coração batia acelerado e conseguia sentir a movimentação de seu peito.
É tão quentinho.
Henry me pôs na cama e me cobriu com o cobertor vermelho de coração.
Ele começou a se afastar.
-Não! - resmunguei, segurando seu braço.
-Mett, eu vou estar dormindo lá embaixo. Não se preocupe - diz, pegando minha mão.
-Não, te quero aqui... - eu já estava sendo vencida pelo sono.
-Tá! - ele deitou ao meu lado, por cima do cobertor.
Me aconchego em seu peito e, finalmente, me deixou cair no sono.

16 de Outubro, 2018

-Levanta! - ouço Matthew invadindo meu quarto - Henry está terminando de tomar banho, levanta logo, coisa chata!
Me sento na cama e ataco meu travesseiro nele.
-Coisa chata é a sua bunda! - gritei.
Ele fez cara de ofendido.
-Eu tenho mais bunda que tu, garota! - disse, empinando a bunda pra mim.
Começamos a rir.
Ele se aproxima e me dá um beijo na testa.
-Vai logo, tá? Hoje vai ter alguma pronunciamento na escola ou algo do tipo. A diretora quer todo mundo no pátio às 7h00min.
-Tá, tá. Tô indo.

A quantidade de alunos era sufocante, alguns empurravam, outros reclamavam.
Eu e Matthew ficamos em cima de um banco, que tinha por lá e vimos a diretora subindo ao palco com o microfone.
-Bom dia, alunos! - exclama, todos respondem em uníssono - Como todos os anos, iremos para o Acampamento Senses!
Deu pra sentir a animação do pessoal.
Matthew e eu nos encaramos.
-Mas por que ela está falando sobre isso agora? - pergunto - A gente só vai nas Férias de Primavera!
Ele dá de ombros.
Sinto a presença de Henry ao meu lado, em cima do banco.
Ele prende nossos dedinhos, sorrio involuntariamente.
-Porém, nesse ano letivo, não iremos nas Férias de Primavera. Iremos passar o resto desse mês no acampamento.
Todos vibraram de felicidade.
-Com aulas extracurriculares, como arco e flecha e lutas de espadas!
É o que?!?!
Aí meu Deus! Quero muito fazer arco e flecha!
-Se acalmem, se acalmem! Peço perdão por fazerem vocês virem até aqui, agora cedo, mas vou pedir que voltem para casa e arrumem suas coisas. Os ônibus escolares iram passar em suas casas dentro de duas horas. Obrigada!
Ela desceu do palco e foi recebida por uma salva de palmas!

Eu, literalmente, saltitava pelas ruas, enquanto voltava pra casa.
-Vermelhinha, você está bem? - questiona Henry.
-Perfeitamente bem, amor, perfeitamente bem! - eu estava muito feliz.
O acampamento Senses é a melhor viagem que a escola conduz! É o melhor acampamento de toda Santa Mônica!
Eu poderia cantar de alegria!
Paro de pular e olho pra trás.
Henry me encara sorrindo, pulo em seus braços e afundo a cabeça em seu pescoço.
Seus braços me envolvem, me apertando contra si.
Seu perfume era tão viciante.
-O que foi isso? - questiona quando me afasto.
-Matthew estava certo! - respondo sorrindo.
Henry ficou com cara de confuso, mas Matthew entendeu perfeitamente o que eu quis dizer.
Henry estava me mudando aos poucos e eu estava gostando mudança!

I'm MettMerryOnde histórias criam vida. Descubra agora