14 de Outubro, 2018
Algo estava me incomodando. Pinicava meu nariz. O que é?
Levei a mão ao local e senti algo fino e gelado. Entreabri os olhos e vi um caninho de plástico.
Uma cânula? Estou no hospital, de novo?
Esfreguei os olhos e olhei pro lado. Henry dormia de mal jeito no sofázinho do quarto.
A claridade, que entrava pelas frestas da cortina, denunciavam que eu passei a noite aqui.
-Henry... - minha voz não saiu alta, parecia mais um sussurro - Henry!
Reviro os olhos e olho pro criado mudo, os óculos de Henry estavam lá.
Peguei-os e coloquei.
-Quase não tem grau - ouço o barulho do couro falso.
-Mett! - exclamou Henry, se levantando e vindo me abraçar.
Abracei ele, de volta.
Nos afastamos.
-Por que está usando meus óculos? - questiona, querendo rir.
-Queria ver como eu ficava - novamente, a frase saiu como um sussurro.
Esse era o efeito da minha alergia a frutos do mar.
Ele roubou os óculos de mim e o colocou, ajeitou eles brevemente e sorriu.
-Fiquei tão preocupado! - falou - E se você morresse por falta de ar! Ou sua cabeça explodisse pela pressão!
Passei a mão em seu cabelo e sorri.
-Tá tudo bem.
-É, agora, está!15 de Outubro, 2018
Espirro.
-Você está bem? - questiona Henry, interrompendo a aula pela quinta vez.
Eu estava constrangida pela preocupação em excesso, além disso, ninguém sabia que nós namorávamos.
-Henry, para fora da sala! - disse a professora.
-Mas, eu...
A mulher apontou pra fora, estressada.
-Pra fora!
Henry pegou seu material e saiu cabisbaixo.
Acompanhei ele com o olhar.
-Quer o acompanhar, MettMerry?
Nego com a cabeça e ela volta à sua explicação maçante sobre... Nem sei sobre o que era!-Espera, você está bravo porque eu não quis sair da sala?! - exclamo.
-É! - responde Henry, se apoiando na arquibancada superior.
-Henry, você que ficou interrompendo a aula o tempo todo! Eu não tenho culpa! Eu queria aprender alguma coisa!
Ele me olhou com uma cara assustadora.
-Sobre o quê ela estava falando?
Putz, não faço a mínima ideia.
-Ahn...
-Viu?! Nem estava prestando atenção! - reviro os olhos.
-Vai com raivinha? - questiono e ele assente - Beleza, tô saindo!
Desci das arquibancadas e fiquei embaixo de um Salgueiro, que tinha num canto afastado no terreno da escola.
Encostei minha cabeça no tronco meio retorcido e respirei fundo.
Parece que eu e Henry só brigamos, nos damos bem dez minutos e depois discutimos.
Massageio as têmporas e suspiro.
Desbloqueio meu celular e encaro meu papel de parede, era uma foto nossa, deitados no chão.
Abro um pequeno sorriso.
Guardo o celular e fico observando o tempo do intervalo passar.O vento quente vindo do secador aquecia minhas costas e me relaxava.
-Olá, MettMerry! - ouço.
Era a mãe de Bree.
-Oi, Sra. Manchester! - ela sorriu.
-Meghan, eu vou dar uma saída, tudo bem? Consegue cuidar de tudo? - Meghan assente e a Sra. Manchester se vai.
-Prontinho, Mett! - agradeço.
Pago à ela e vou pra casa.
Vou andando pelo meio-fio, fingindo estar numa corda bamba.
Alguém pega minha mão e me puxa.
Me segurou pela cintura com firmeza e me beijou.
-Me desculpa, fiquei com raiva por uma coisa idiota - admitiu Henry, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
Me soltei dele e me virei.
-Ahn, Mett...?
-A IceBerry é ali na frente! Vai me pegar um sorvete de flocos, chato! - digo, colocando as mãos no moletom.
Ele veio atrás e tirou minha mão esquerda do bolso do casaco e entrelaçou nossos dedos.Parecia que Henry falava alguma coisa, mas eu não conseguia ouvir.
Eu estava caindo de sono e eram 20h37min.
-Mett! - berrou.
-Ahn...?
Ele riu de forma anasalada.
-Vou te levar pro quarto.
Ele me pegou no colo, igual uma noiva.
Seu coração batia acelerado e conseguia sentir a movimentação de seu peito.
É tão quentinho.
Henry me pôs na cama e me cobriu com o cobertor vermelho de coração.
Ele começou a se afastar.
-Não! - resmunguei, segurando seu braço.
-Mett, eu vou estar dormindo lá embaixo. Não se preocupe - diz, pegando minha mão.
-Não, te quero aqui... - eu já estava sendo vencida pelo sono.
-Tá! - ele deitou ao meu lado, por cima do cobertor.
Me aconchego em seu peito e, finalmente, me deixou cair no sono.16 de Outubro, 2018
-Levanta! - ouço Matthew invadindo meu quarto - Henry está terminando de tomar banho, levanta logo, coisa chata!
Me sento na cama e ataco meu travesseiro nele.
-Coisa chata é a sua bunda! - gritei.
Ele fez cara de ofendido.
-Eu tenho mais bunda que tu, garota! - disse, empinando a bunda pra mim.
Começamos a rir.
Ele se aproxima e me dá um beijo na testa.
-Vai logo, tá? Hoje vai ter alguma pronunciamento na escola ou algo do tipo. A diretora quer todo mundo no pátio às 7h00min.
-Tá, tá. Tô indo.A quantidade de alunos era sufocante, alguns empurravam, outros reclamavam.
Eu e Matthew ficamos em cima de um banco, que tinha por lá e vimos a diretora subindo ao palco com o microfone.
-Bom dia, alunos! - exclama, todos respondem em uníssono - Como todos os anos, iremos para o Acampamento Senses!
Deu pra sentir a animação do pessoal.
Matthew e eu nos encaramos.
-Mas por que ela está falando sobre isso agora? - pergunto - A gente só vai nas Férias de Primavera!
Ele dá de ombros.
Sinto a presença de Henry ao meu lado, em cima do banco.
Ele prende nossos dedinhos, sorrio involuntariamente.
-Porém, nesse ano letivo, não iremos nas Férias de Primavera. Iremos passar o resto desse mês no acampamento.
Todos vibraram de felicidade.
-Com aulas extracurriculares, como arco e flecha e lutas de espadas!
É o que?!?!
Aí meu Deus! Quero muito fazer arco e flecha!
-Se acalmem, se acalmem! Peço perdão por fazerem vocês virem até aqui, agora cedo, mas vou pedir que voltem para casa e arrumem suas coisas. Os ônibus escolares iram passar em suas casas dentro de duas horas. Obrigada!
Ela desceu do palco e foi recebida por uma salva de palmas!Eu, literalmente, saltitava pelas ruas, enquanto voltava pra casa.
-Vermelhinha, você está bem? - questiona Henry.
-Perfeitamente bem, amor, perfeitamente bem! - eu estava muito feliz.
O acampamento Senses é a melhor viagem que a escola conduz! É o melhor acampamento de toda Santa Mônica!
Eu poderia cantar de alegria!
Paro de pular e olho pra trás.
Henry me encara sorrindo, pulo em seus braços e afundo a cabeça em seu pescoço.
Seus braços me envolvem, me apertando contra si.
Seu perfume era tão viciante.
-O que foi isso? - questiona quando me afasto.
-Matthew estava certo! - respondo sorrindo.
Henry ficou com cara de confuso, mas Matthew entendeu perfeitamente o que eu quis dizer.
Henry estava me mudando aos poucos e eu estava gostando mudança!
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I'm MettMerry
Teen FictionNão faço cortes profundos no meu antebraço, nem observo os prédios mais altos para pular deles, mas minha mãe insiste que eu vá para um psicólogo. Isso tudo só porque eu não tenho amigos e pelo meu favoritismo pela cor vermelha. Como passar de algu...