17 de Janeiro, 2019
Acordei sentindo uma angústia, um aperto no peito.
Ignorei isso e me levantei.—Henry, você está bem? - pergunta Caitlin.
Balanço a cabeça.
—Ahn, sim, estou.
Eu estava preocupado com ela.
Ela não tinha vindo.
Matthew não ia me responder e eu estava cogitando ir perguntar à Bree.
Suspiro.
Essa era minha angústia, eu estava angustiado com ela.
Caitlin pôs a mão no bolso da minha calça e tirou algo de lá.
—O que é isso, Henry? - disse, mostrando o colar da MettMerry.
—Não é nada! - pego de sua mão e levanto.
—Henry, o que foi? Você está muito estranho!
—Eu estou bem. Já volto.
Vou a procura da Bree.
Vejo ela no jardim.
Entro lá.
Ela parecia nervosa.
—Bree...?
Ela me olha e sorri aliviada.
—Henry?! - vem e me abraça.
—O que foi, Bree?
Ela se afasta e começa a ofegar.
—É a Mett-Senpai! - disse.
Arregalo os olhos.
—O que houve? - ela ficou calada - Bree, o que houve?!
Ela apenas me mostrou a tela do celular."-Bree, eu sinto muito. Não me despedi direito de você. Na vdd, eu não me despedi de ninguém, eu acho.
Talvez seja melhor assim. Adeus, melhor amiga!" - Mett-Senpai 😘.—Quando ela mandou isso? - questiono.
—Faz dois minutos!
—Valeu, Bree! Eu te ligo, qualquer coisa, ok? E, qualquer coisa, chame Matthew!
Sai correndo.—MettMerry! - grito, entrando em seu quarto.
Eu ainda tinha a cópia da chave da casa Anystrey.
O quarto estava vazio.
A cama perfeitamente arrumada e os livros no lugar.
Seu perfume estava impregnado no local, obviamente.
Caminho sobre o carpete.
Eu estava sentindo como se estivesse num filme de terror.
Tinha um papel na escrivaninha, preso com o livro preferido dela.
Peguei a folha e li."Novamente, disseram que era uma fase. Novamente, disseram que ía passar, que eu ía superar.
Eu não vou.
Há meses, eu poderia dizer: 'Não faço cortes profundos no meu antebraço, nem observo os prédios mais altos para pular deles'.
Mas, agora, não posso dizer mais isso.
Os cortes não cicatrizados no meu antebraço iriam me contradizer e o histórico de pesquisa do Google, também.
Peço desculpas (ou melhor, perdão) a todos, por não ter passado por essa fase, como todos esperavam.
E, por fim, digo Adeus a esse mundo.
Deixarei que a escuridão, finalmente, me engula.
Amo vocês,
MettMerry."Mantenha a calma, Henry.
Disquei o número de Bree.
—Qual é o prédio mais alto de Santa Mônica?! - pergunto assim que a garota atende.
—Ahn, Station Security! Por que?
—Chame os bombeiros, os paramédicos. Se precisar, até o Exército!
—O que tá acontecendo, Henry? - era a voz de Matthew.
—MettMerry está tentando se matar! Ligue logo para os bombeiros! E vá pra lá!
—Tá - sua voz já demonstrava desespero.
Desliguei o celular e sai correndo.
Droga, MettMerry!
Se você morrer antes de eu chegar aí, eu te mato, garota!
Station Security é atrás de uma das praias de Santa Mônica.Cheguei à praia.
Olhei pro alto do prédio, que se sobressaia dos pequenos estabelecimento à beira mar.
Vi um corpo lá em cima. O cabelo, apenas com as pontas vermelhas, dançavam com o vento.
MettMerry!
Entro no prédio, peguei o elevador e subi até o 48º andar.
Subi um lance de escadas, que dava pro telhado.
Tudo pareceu funcionar em câmera lenta.
Enquanto eu corria até ela, Mett se deixava cair do parapeito.
—Não! - agarrei seu pulso com uma mão e me segurei com a outra no parapeito.
Ela olhou pra mim, atônica.
Seus olhos estavam na cor normal e pareciam brilhar com as lágrimas que brotavam.
—Você está louca?! - gritei, sentindo meus olhos marejarem - Como você acha que eu viveria sem você?!
—Simplesmente, viveria! Você já estava vivendo! - acusou.
Alguns das minhas lágrimas caíram em seu rosto.
—Que merda, MettMerry! Eu amo você! - gritei contra o vento - Então, por favor, me dê sua outra mão!
—Me solta, Henry! - fala, tentando se soltar.
E ela conseguiu.
Soltei a outra mão do parapeito e a agarrei novamente.
—Me solta, seu idiota! Você vai cair junto!
—Eu não me importo! Olha, eu sinto muito, ok? Eu admito, fiquei com ciúmes e inveja do Luke. Parece que todos conheceram o seu outro lado e eu, não! - falo - Não me parecia justo!
—Henry, você conheceu meu outro lado! - falou - Eu era a garota perdida no parque!
No parque...?
—Mett, por favor, volta aqui! - digo - Amo muito você e não quero mais passar nenhum segundo a mais sem você.
Meu abdômen doía. A quina do parapeito parecia o cortar.
Meu tênis escorregou e sou "puxado" pela MettMerry.
E lá estávamos nós, caindo de 48 andares, sentindo bater contra nossos rostos.
—Henry! - gritou ela - Eu te amo!
Puxei ela e a abracei.
—Você leu o poema? - questiono.
—Li.
—Então, nos veremos na outra vida, Pequena!
Acariciei seu cabelo.
Pelo menos, nos vimos uma última vez.
Pelo menos, nos amamos uma última vez.
Pelo menos, nos beijamos uma última vez.
Pelo menos, respiramos uma última vez.
Pelo menos, nossos corações aceleraram uma última vez.
Antes de pararem de bater.
Senti o impacto.
Era frio e agonizante.
É assim que é morrer...?Pi... Pi... Piiiiiiiiii...
—Matthew Anystrey, desliga essa TV agora! - gritou Miranda.
—Vocês foram estupidamente irresponsáveis! - exclama minha mãe.
Ouvir cerca 3 horas e meia de sermão não é legal!
Estávamos bem."Abri os olhos brevemente e vi ela, respirando e intacta.
Tínhamos caído num colchão, enchido pelos bombeiros.
Eu ouvia os murmúrios, choros desesperados e gritos.
—Pe... Quena...? - chamei.
Ela fez uma careta e abriu os olhos.
—Hen... Ry...?
—Você... Está bem...? - questionou.
—Sim e você?
Assinto.
—Que bom!
—Henry! Merry! - era Matthew e Bree.
Acariciei seu rosto e sorri pra ela.
—Está tudo bem, agora, Pequena!"—Vamos pensar em "punição" pra vocês!
—Não, Sasha! - intervêem Miranda - É minha culpa! Eu fiquei dizendo que a Mett estava passando por uma fase e não a ajudei.
Miranda abraçou a filha.
—Me perdoe!
—Tá tudo bem, mamãe! - disse a garota.
—Eu só fui salvar ela! - tentei me salvar.
Minha mãe me olhou com uma cara e depois a suavizou.
—Fiquei com tanto medo de perdê-lo, Henry! - minha mãe disse.
—Relaxa, mãe!18 de Janeiro, 2019
MettMerry levantou a manga do casaco e revelou o antebraço enfaixado.
Ela pendurou o bebedouro de pássaro em um galho da cerejeira do jardim da escola.
Ri. Ela era tão baixinha, estava na ponta dos pés.
Ela deu uma desequilibrada.
Avancei por reflexo, mas alguém foi mais rápido.
—Valeu, Alex! - agradeceu.
—Eu ainda não acredito que você quase morreu, sua maluca! - Alex a abraçou.
Cerrei o punho.
—Henry! - ouço.
Era Caitlin.
Ela me abraçou por trás e beijou minha bochecha.
Olhei por sobre o ombro.
Senti meu rosto queimado pelo o olhar de alguém.
Olhei de canto. MettMerry fuzilava ela com o olhar.
Que medo!
Sorri internamente.
Me soltei dos braços de Caitlin e a abracei a garota.
—Que bom que você está bem, Henry! - nos virei um pouco e encarei minha Pequena - Foi muito louco e corajoso você ter salvado ela.
Afundei o rosto em seu cabelo.
—É, com certeza, foi!
—Alex - ouvi - O convite pro cinema ainda está de pé?
Estaco.
Não, isso foi pesado, Mett.
—Ahn, claro! Passo na sua casa às 14? - ela assente.
Me solto da Caitlin e saio do jardim.
—Henry, o que houve? - veio Caitlin.
—Nada, só estou com sede. Pode voltar pra lá.
Entrei no pátio e fui beber água.
Isso vai ser uma competição interessante!
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I'm MettMerry
Fiksi RemajaNão faço cortes profundos no meu antebraço, nem observo os prédios mais altos para pular deles, mas minha mãe insiste que eu vá para um psicólogo. Isso tudo só porque eu não tenho amigos e pelo meu favoritismo pela cor vermelha. Como passar de algu...